domingo, 6 de janeiro de 2008
Joana Carneiro
Joana Carneiro é irresistível. Ontem, na Gulbenkian, onde conduziu a Orquestra Gulbenkian primeiro com Artur Pizarro no Concerto para Piano nº4, de Beethoven, e depois O Pássaro de Fogo, de Stravinsky, Joana Carneiro não podia ter tido mais empatia com o público. O seu estilo é peculiar, vigoroso e enérgico, fisicamente muito exigente. Da primeira fila onde me encontrava pude assistir à pancada que o estrado sofreu ao longo das duas peças, com a pequena Joana Carneiro literalmente aos saltos, ofegante e batalhadora. Esta última característica é uma boa metáfora daquilo que imaginamos ter sido obrigada a maestrina a passar para poder ter chegado hoje, aos 30 anos, onde chegou. E a componente feminina revela-se também no seu modus operandi: Joana Carneiro está permanentemente em cima dos músicos como uma mãe de mão dada na rua com os filhos, numa aparente sobre-actuação destinada a precaver qualquer deslize. Não sei avaliar tecnicamente o que ouvi ontem, mas sei que o magnetismo desta pequena - e jovem - mulher é, como disse, irresistível, e nunca se fica com a sensação de estarmos perante um caso de «discriminação positiva». Estou rendido.