Estou muito desiludido com a quantidade de pessoas que continuam a validar a lobotomia colectiva que é a tradição do «primeiro de Abril» ao constantemente dar crédito e cobertura às chamadas «notícias falsas». Estou particularmente desiludido com qualquer referência à TimeOut desta semana, não pelo facto de todos - todos - os artigos serem - e isto cansa-me - «mentira», não pelo facto de ser sempre o mesmo casal a aparecer nas fotos dos artigos (não dar por isto só pode ser o resultado de uma lobotomia seguida de uma castração e da doação dos dois olhos à ciência), não pelo facto de na capa estar um eléctrico a voar, mas porque o artigo do Lourenço Viegas apresenta um estilo - o estilo!, senhores - que não tem absolutamente nada a ver com o que - vénia - Lourenço Viegas costuma escrever: achar verosímeis as semelhanças físicas entre o «candidato gay à câmara de Lisboa» e o «chefe duas estrelas michelin» do Parque Mayer, ou não achar estranho que a argumentista do filme português que num festival belga foi comparado a Magnolia é extremamente parecida com a autora de O Meu Pipi, ainda é como o outro, mas colocar em cima da mesa a hipótese de Lourenço Viegas deixar cair a metáfora, as comparações selvagens, a obsessão pelo pormenor, as extrapolações identitárias de uma nação a partir da consistência da côdea do pão para dar «credibilidade» a uma crítica gastronómica, é coisa para me chatear, é.
Entretanto, muito foi dito sobre a Playboy portuguesa e muito bem dito, mas a taça leva-a com toda a justiça o Ivan Nunes:
«Os artigos da Playboy, em geral, são bons. No entanto, achei o artigo moreno melhor do que o artigo loiro.»