domingo, 22 de março de 2009

Almoço

Há uma correlação evidente entre os períodos em que a minha mulher se ausenta de casa e o consumo de atum e de água tónica no seio do meu agregado familiar. Se o atum se deve à feliz coincidência entre um apurado gosto gastronómico e uma omnipresente preguiça crónica, a água tónica deve-se a uma decisão de perseguir uma «vida saudável» que, como toda a gente sabe, é uma coisa que só faz sentido a dois. Hoje não é excepção, e sendo cinco da tarde tratei de criar as condições para que o «almoço» acontecesse, ou seja, fui buscar o atum à despensa e a maionese ao frigorífico no intuito de criar aquilo a que nos meios gastronómicos mais sofisticados se convencionou chamar de «pasta de atum» - a pasta de atum é uma entidade que já me resolveu muitos problemas na vida; aliás, acho que qualquer problema do Homem que não seja resolúvel com recurso à pasta de atum não merece ser resolvido. Como eu não sou um selvagem, costumo acompanhar a pasta de atum com elementos vegetais, como o tomate e a alface, devidamente lavados, por causa daquelas coisas. Hoje não havia alface cá em casa e tive de recorrer a um substituto, um improviso, vá lá, próprio de quem trata a culinária como uma arte à solta, um acontecimento «do momento», uma criação refém da brisa da inspiração. Ora, serve este post para pedir aos senhores leitores que ninguém se vá chibar à minha mulher que eu estive quase - quase - a confundir rúcula com espinafre.