quarta-feira, 11 de março de 2009
Martim Moniz no Marquês de Pombal
Hoje puxei do telemóvel e accionei o cronómetro: 3:05 minutos foi o tempo que separou as duas composições do metro. Eu sei isto; as pessoas sabem isto, é sempre assim, todos os dias, no mesmo sítio, à mesma hora. E todos os dias, no mesmo sítio, à mesma hora, sempre que cá em cima se ouve a carruagem a chegar, o cenário é o mesmo: a manada desata a correr escada abaixo, acotovelando, pisando e empurrando tudo que com ela se atravesse, deixando para trás um cenário de destruição total, culminando com o grande final composto por voos picados e sincronizados em direcção às portas automáticas, verdadeiras cunhas humanas, todos descendentes de Martim Moniz, o mártir. Três minutos e cinco segundos, não há assim tantos empregos em Lisboa que são postos em causa por três minutos e cinco segundos. A crise, isto tudo, é também o espelho da nossa espantosa incapacidade para aprender.