domingo, 22 de março de 2009

Como crianças desoladas

«(...) É que, se há um monstro nesta história, há também uma figura extraordinária, a estóica e determinada Elizabeth. Quando Elisabeth, com 42 anos, saiu finalmente do bunker para acompanhar o tratamento de uma das suas filhas, os médicos desconfiaram do estado lastimável da adolescente. Elisabeth aproveitou e contou tudo. Contou todos os abusos e violências. Mas também contou que tinha cuidado de seis crianças, que as tinha alimentado, vestido, que lhes tinha dado banho, que tinha brincado com elas e visto televisão com elas, que lhes ensinou gramática e matemática, que as educou e lhes transmitiu a sua fé. Quando os miúdos ainda cativos foram trazidos à luz do dia, o rapaz mais novo apontou para o céu e perguntou aos polícias: "é ali que Deus vive?" E aqueles polícias, que já tinham visto e ouvido tudo, choraram como crianças desoladas.»

Pedro Mexia, no P2 de ontem