terça-feira, 4 de janeiro de 2005

A aberração

O que leva João Pereira Coutinho a afirmar que a Casa da Música é uma «aberração estética» e que o melhor era que «a demolissem para fazer jardins»? Obviamente considero esta opinião uma aberração ela própria, mas não quero demolir o JPC para fazer dele adubo para arbusto. Nota: eu gosto de JPC. Leio-o, frequentemente. Como acontece com aqueles que respeitamos é bom discordar dele. Interessa-me perceber de onde vem a sensibilidade estética que classifica a Casa da Música como uma aberração. Não é difícil perceber de onde vem. Vem exactamente do mesmo sítio de onde veio a motivação para o famoso Protest against the Tower of Monsieur Eiffel, onde vários intelectuais e artistas manifestavam o que lhes ia na alma:
We (...) protest with all our strength and wrath (...) against the erection (...) of the monstrous Eiffel Tower (...) This arrogant iron mongery [-- this] disgraceful skeleton ( ...) [E]ven commercial America wouldn't want it.
No entanto, não posso condenar estas vozes do Restelo. Quando não existem é que é mais preocupante. O nascimento vem sempre acompanhado por choro e gritos. É sinal de saúde.