terça-feira, 18 de janeiro de 2005

A bola

«O modo como o angolano, depois de uma eternidade sem jogar, corre com a bola que o Simão lhe passou, sentindo a pressão do defesa, pobre coitado de camisola aos quadradinhos, mas mostrando uma soberana indiferença, apenas interessado na baliza; o modo como levanta os olhos fixando o alvo; e o modo como, por fim, numa espécie de contra-tempo que apanha todos desprevenidos, jogadores, treinadores, adeptos no estádio, telespectadores, ouvintes da rádio, e remata cruzado, rente à relva, quase com gentileza, golo, golo, goooolo!, é acontecimento de sim e sim sem igual. (Para citar os poetas, não há palavras.)»

Jacinto Lucas Pires, in A Capital