quinta-feira, 25 de maio de 2006
O ano da morte
O estilo de Saramago agrada-me sem me surpreender. Agora, imagino, quando a frase solta e corrida do discurso indirecto livre já não é novidade para ninguém, por vezes chega a parecer ingénuo, demasiado artificial, numa opção estilística que pode ser demasiado impositiva sem que daí se extraiam grandes resultados. Mas Saramago tem um dom para juntar palavras. E o modo como tudo se aglutina pela palavra, numa sopa mais ou menos morna e indiferenciada, deixa o leitor embalado numa lengalenga suave e harmoniosa. Não «estou a adorar», mas estou a apreciar.