O albino João César volta ao sexo, seu assunto preferido. Desta vez está indignado com a imprensa, que considera parcial no que toca à homossexualidade, publicitando um estudo qualquer onde é divulgada a tese que defende a origem genética da coisa. César discorda, quer dizer, concorda, quer dizer, não sabe bem se concorda ou se discorda, porque isso não lhe interessa. O que interessa é a oportunidade de usar o seu truque predilecto, a comparação despropositada. Cá está o naco:
(...) Partamos por isso do princípio de que aquilo que os nossos jornais dizem é verdade. Vamos assumir, para efeitos argumentativos, que a homossexualidade é apenas um assunto genético, sem qualquer influência comportamental ou escolha própria. O que é que tal significaria para a sua avaliação?
Imagine que amanhã se descobria que existe um gene que determina o comportamento violento, preguiçoso ou racista de certas pessoas. Será que a sociedade iria passar a aceitar e recomendar essas práticas? O que aconteceria certamente é que elas seriam consideradas "doenças genéticas", como tantas outras consequências indesejadas que sabemos virem dos nossos cromossomas. Mas nenhum de nós alteraria a sua opinião (ou preconceito, como diz a imprensa) contra a violência ou o racismo por causa dessa descoberta. (...)
Cá está, a homossexualidade comparada com a «violência», a «preguiça», e o «racismo». Pergunta o leitor: a preguiça? Porquê a preguiça, qualidade tão cara aos portugueses, mais particularmente a este que aqui vos escreve? César não é parvo, mas faz-se passar por parvo: faz de conta que não sabe que a preguiça também já tem gene, para subtilmente tentar provar a sua tese, que é, como sabemos, a insinuação que todos os pecados estão a ser branqueados por esta sociedade hedonista e condenada, usando perversamente a «ciência» (com aspas). Ah, malandro.