Um dos argumentos centrais na tese ateísta de Hitchens (e não só, Saramago, por exemplo) é este: Deus, ou deus, é «man-made», ou seja, criado pelo Homem. Não chega a ser um argumento, na realidade, é apenas um facto que se impõe a qualquer ateu. Ora, o curioso é que eu, sendo crente, estou disposto a concordar com essa premissa. No que eu divirjo dos ateístas é no facto de não excluir a existência de facto de Deus, apesar de estar disposto a aceitar que a nossa ideia de Deus foi criada por nós, e por isso sujeita a mutações impostas pela conjuntura histórica.
Decidi comprar God is Not Great, pois acho que já lhe percebi o tom. Vou ter coisas para dizer. Sem querer pôr o carro à frente dos bois, acho que Hitchens está a confundir coisas que não deve confundir. Ou seja, Hitchens não está disposto a separar a «Religião» das manifetações políticas daqueles que dizem agir em seu nome. Mas esperaremos calmamente a volta do correio.