O ateísmo decide tomar como provado um facto (a não existência de Deus) através da impossibilidade de se provar o seu contrário. Eu prefiro não excluir uma hipótese improvável, com todas as implicações que essa improbabilidade impõe (a separação entre o Estado e a Igreja, por exemplo). Ao querer impor um facto impossível de provar, o ateísmo comete a imprudência de se deixar entrar no campo da fé, e fica refém de todas as reservas que levanta sobre a religião. Talvez devesse olhar com mais atenção para a religião, e perceber que nestas coisas a dúvida tem um papel muito mais preponderante do que a certeza. Em vez disso, o ateísmo tem a pretensão de se apresentar como conclusão lógica de um dado conjunto de premissas incontestáveis.
Não há volta a dar: um ateu e um religioso estão condenados a discordar eternamente. Sob o olhar atento de Deus.