quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Totalmente desprovida de sentido de humor
Não vou perder um minuto sequer a discutir qual é a melhor série de televisão de sempre, assunto que deixo resolvido com a imagem em cima. Perco, sim, os minutos que forem precisos a desmontar este insulto do Bruno Alves a toda a gente que já viu dois ou três filmes de acção, e dois ou três episódios de 24. O Vasco Barreto já aflorou o assunto mas, porque nunca viu nenhum episódio de 24, foi demasiado brando. Deixando o Matt Damon para outras aragens (o filme ainda não estreou por cá), passo a explicar. Eu não tenho Tv Cabo, tenho uma antena no prédio que me dá os 4 canais de sinal aberto que se captam na zona de Lisboa. Não me queixo. Foi uma escolha, ainda que muito dificilmente aceite por toda a gente que sabe do facto. Olham para nós como quem olha para um leproso, e eu não sei como é que se olha para um leproso. Dito isto, reconheço que lá por casa se dá muito uso ao leitor de DVD, e, como o orçamento não dá para tudo, familiares bem intencionados fizeram chegar uma caixa com a primeira série de 24. «Vê», disseram, «está toda a gente viciada nisso», dizendo «viciada» como se de uma coisa boa se tratasse. O Vasco centrou-se num aspecto da série, lançando dúvidas sobre a honestidade de alguma coisa cuja maior qualidade parece ser o seu carácter folhetinesco. Pois bem Vasco, pois bem Bruno: não sei se essa será a maior qualidade da série, mas sei que se isso for uma qualidade é a única. E digo se, porque não foi o fim abrupto de cada episódio que me levou a ver, penosamente, os primeiros (e únicos) 7 ou 8 espécimes da coisa. A verdade é que 24 é uma série escrita com os cotovelos, mal interpretada, ridiculamente filmada (com uma fotografia maniqueísta, abusando do contraste e dos tons azuis, talvez sugerindo, subtilmente - ah ah ah - frieza) e, pecado último e primeiro de qualquer série que se preze, totalmente desprovida de sentido de humor. E se eu vi 7 ou 8 episódios foi porque durante 7 ou 8 episódios esperei por aquilo que estava a viciar toda a gente, espera essa que se veio a confirmar infrutífera. Eu gostava de continuar a dissecar o conteúdo da série, mas não sei onde é que ele se foi enfiar. E começo a duvidar da sanidade mental de quem me rodeia. Talvez 24 seja como outro vício qualquer: algo que envergonha quem se deixou apanhar na teia, que prejudica a saúde e desvirtua comportamentos. Por isso, Bruno, eu percebo que se veja o 24 (não, não percebo, mas temos de ser tolerantes), aceito, sem conceder, que aquilo seja viciador, mas nunca mais repitas essa frase em público, e não caias na tentação de usar a palavra «Hollywood» com esse tom depreciativo: afinal, onde é que achas que eles foram desencantar o - mono dos monos - Kiefer Sutherland?
P.S: E Extras, meu amigo.