terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mesmo perdoando-lhe o gerúndio

Não há vento, porém a névoa parece mover-se em lentos turbilhões como se o próprio bóreas, em pessoa, a estivesse soprando desde o mais recôndito norte e dos gelos eternos. O que não está bem, confessemo-lo, é que, em situação tão delicada como esta, alguém se tenha posto aqui a puxar o lustro à prosa para sacar alguns reflexos poéticos sem pinta de originalidade. (...)

Isto é um grande início de romance. É tão bom que nem vou lê-lo sob pena de o resto não estar à altura destas duas frases.

E estas últimas frases? O que é isto? Não estou preparado para começar a gostar de Saramago:

(...) Fez plof e sumiu-se. Há onomatopeias providenciais. Imagine-se que tínhamos de descrever o processo de sumição do sujeito com todos os pormenores. Seriam precisas, pelo menos, dez páginas. Plof. (...)