Ainda sobre a questão do casamento de pessoas do mesmo sexo (acabei de perder os últimos 3 leitores) há dois paradoxos naquilo que tem sido a posição da Igreja. O primeiro tem a ver com a ideia de que a instituição «casamento» é demasiado importante e estruturante da sociedade para que se possa alterá-la. O paradoxo está no facto de se estar a considerar o casamento demasiado forte e demasiado frágil ao mesmo tempo: se o «casamento» é um dos pilares centrais da «sociedade», ele não será ameaçado por esta alteração à lei; se se confirmar essa ameaça, então é porque não era «estruturante». O segundo paradoxo tem a ver directamente com a Igreja. A alteração à lei do casamento civil vai contribuir para o distanciamento entre as figuras de «casamento civil» e «casamento religioso» (entre o contrato e o matrimónio), o que parece dar força ao casamento religioso, e não o contrário.
Que fique bem claro que eu acredito na absoluta superioridade moral do matrimónio sobre o casamento civil, ou não fosse eu crente.