sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Intellectual



Tenho um fascínio natural pela vida privada dos intelectuais, de que não me orgulho, não tanto por essa dimensão «intelectual» do conceito mas mais pela dimensão «vida privada». A publicação da tradução portuguesa de Intellectuals, de Paul Johnson, parecia ser o livro indicado para mim, mas as mixed reviews que recebeu deixaram-me céptico: de um lado está Rogério Casanova, que escreveu dois textos, um no blogue outro no Expresso, onde dizia que o livro era uma merda; do outro, estão aqueles, quase todos, que a consideraram «uma obra fundamental». O desiquilíbrio da distribuição do número de opiniões favoráveis e desvaforáveis traçou um caminho claro. Eu sou fraco e fico sempre do lado dos mais fortes: deixei o livro na estante da loja e fui à procura da felicidade para outro lado. Felizmente David Reiff veio em meu auxílio e decidiu-se a publicar os diários da mãe que, olha, foi uma das «maiores intelectuais» do século XX e, num pormenor que ajuda sempre as biografias e os diários, bissexual. Quebrando a regra de ouro que estabelece que os prognósticos só devem ser feitos no fim do jogo, confesso que a minha expectativa é grande: acho mesmo que isto ainda deve ser mais sumarento que o Bilhete de Identidade de Maria Filomena Mónica, até porque a rebeldia de Maria Filomena Mónica parou à porta da orientação sexual, o que é uma pena. Ou seja, ficarei extremamente desiludido se Susan Sontag também só mencionar muito de raspão o Vasco Pulido Valente.