quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Nada a festejar
Eu há uma coisa que não percebo (é mesmo só esta): a celebração do segundo aniversário do 11 de Fevereiro de 2007, a data do referendo à «despenalização da interrupção voluntária da gravidez». Não percebo que se ande por aí a comemorar a efeméride (com evocações mais ou menos patetas de «vidas inteiras de luta», com pessoas que se lembram perfeitamente onde estavam quando saiu a primeira sondagem à boca das urnas, e isso) sem que ninguém, ninguém, se preocupe com os números e tente saber porque razão é que nos últimos dois anos se fizeram 16 mil (ou lá o que é) abortos legais em Portugal. A vitória é só isto, poder fazer-se sem que ninguém chateie? E a luta pela prevenção, pela educação, pelo fim da vergonha que é este acto? Atenção que eu votei sim e voltaria a votar sim, mas pensei que estaríamos hoje, dois anos depois, a festejar o fim dos abortos clandestinos (alguém? há dados?) e a diminuição radical no número de abortos realizados no país. Sem a concretização deste cenário não há nada a festejar.