Faz de conta que a paridade existe.
(Há merdas em que eu sou, para simplificar, «de esquerda» (lagarto, lagarto, lagarto). Aquela merda dos charros e dos gays, e esta merda das mulheres. Se bem que esta questão não pode correr o risco de ser comparada àqueloutras. A despenalização do consumo de drogas leves só afecta quem quer consumir drogas leves em restaurantes e locais de trabalho (nos outros sítios já está tacitamente despenalizado há muito) e o casamento dos gays é uma questão demasiado exdrúxula para me comover - mas sim, tragam lá o papelinho que eu voto sim. Agora a discriminação das mulheres no local de trabalho é revelador do medo que os homens têm das mulheres, e eu, sendo homem, não gosto dessa imagem. Tenho ouvido vários homens defenderem que «não é a mesma coisa», que trabalhar com mulheres é «o pior que há», que «se querem ter filhos, têm de perceber que isso é um opção», etc., etc., etc., e juro que não estou a inventar nada disto, foi-me dito por gente que estudou e que é quadro e desempoeirada e acha tudo normal, assobia para o lado que as únicas gajas que se podem aturar são as boas e mesmo assim caladas. E depois há o absurdo de vermos que grande parte das mulheres que «vão longe na vida» tendem a mimetizar os piores defeitos dos machos alfa, são más para outras mulheres e usam calças e são secas e toda a gente murmura que são infelizes. Mas isto não é uma questão de carácter, do carácter de uns quantos: esta é uma questão de civismo e de sanidade mental. Porque, meus amigos, com isto estamos a criar um monstro: mulheres que não querem, melhor, que querem mas têm medo de ter filhos. A isto chama-se barbárie.)