Interessante e pertinente a opinião de Nuno Lourenço sobre a Casa da Música, hoje, no Público (sem link):
(...) Nada me choca as paredes inclinadas, revestimentos de alumínio ou espaços obtusos, pois não se trata aqui do gosto visual ou do valor plástico, aspectos em que o edifício revela a sua força. Mas importa concluir que, pelo que acima foi dito, tudo se conjuga para que tenhamos a instituição ao serviço do edifício, em vez do edifício ao serviço da instituição. A cultura ao serviço da arquitectura, em vez da arquitectura ao serviço da cultura. A cidade ao serviço da música, em vez da música ao serviço da cidade.
O que não espanta. Rem Koolhaas é um cínico, um «crítico chique», como lhe chama Eisenman, alguém que defende a inexistência de algo como o lugar, que assume um discurso apocalíptico sobre a cidade contemporânea. A sua arquitectura é sempre um statement e, talvez paradoxalmente, hiper-formalista. Koolhaas desenha objectos e entrega a folha com o respectivo texto explicatório. Constrói as paredes e condiciona a reacção. Um panfletário, à boa moda Corbusiana. Alguém que fala muito, mas ouve pouco (ver post acima).