Saramago apoia dois candidatos à Presidência da República. Depois de Fernando Rosas ter anunciado que Louçã «encabeçaria a lista (sic) do BE às presidenciais», e do camarada Jerónimo de Sousa ter dito que «os camaradas do comité central escolheram para candidato do partido comunista às presidenciais o camarada Jerónimo de Sousa», já nada me espanta. Um pouco por todo o lado tenta-se descobrir razões para este duplo (e impossível) apoio de Saramago. Ora eu avanço, reparem a subtileza, também com duas explicações, ambas baseadas (e shame on you, comentadores, por não darem a devida importância ao percurso literário do nobel) na obra do escritor. Ora cá vai a explicação número um: #1: Saramago é o homem duplicado, logo, tem direito a dois votos. Explicação número dois (esta parece-me mais verosímil): #2: Depois de, nas últimas eleições, Saramago ter apelado ao voto em branco, o bom José ter-se-á arrependido (ou levado uma reprimenda do comité) o que o leva a querer compensar nas próximas presidenciais. Vai daí, toma lá dois apoios, uma para agora e outro pela outra que já lá vai. Quem pode, pode.
Fazem-me sinais que Saramago, depois da última sondagem que dá uma vantagem expressiva a Cavaco, terá afirmado que, para derrotar a direita, extenderá o seu apoio a Francisco Louçã, àquela senhora do POUS, Carmelinda qualquer coisa, a Garcia Pereira, e a qualquer outro candidato que na sua declaração de candidatura use a palavra «Abril», «capitalismo», «camarada», ou «Bush».