terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Deitar o menino fora para ficar com a água do banho
À nossa volta (falo por nós, leitor) as pessoas lamentam-se sobre a perda de significado do Natal; como a quadra já não é o que era; como tudo parece ser um grande aborrecimento; como até o «estar com a família» já não é o que era. As «famílias» também já não são o que eram, as pessoas divorciam-se, voltam a casar, emigram, uma chatice. Compreendo o lamento mas, se me permitem, avanço com a causa. O pecado capital. A raiz do mal. E como hoje vai chover e eu estou bem disposto disponho-me a partilhar convosco o segredo: o Natal é uma festa religiosa. Um feriado cristão, uma celebração que não é só deste mundo. O Natal é a festa que assinala o nascimento de Jesus Cristo, um judeu de Nazaré que se disse Filho de Deus e alguns acreditaram. Os descendentes desses e os descendentes destes foram perpetuando a tradição: dia 25 de Dezembro, a data que se escolheu, celebra-se o dia do nascimento do Salvador, que nasceu filho de Maria e de pai incógnito. Isto, meus amigos, é o Natal. Não tem nada a ver com sonhos, filhoses, prendas, pais natal e bacalhau. Nem tem, na essência, a ver com a «família». O que tem acontecido nos últimos tempos é uma purga do significado religioso do Natal, do significado religioso da nossa existência, valha-nos Hitchens. Uma preguiçosa atitude que deita fora o menino mas que quer ficar com a água do banho porque ela é quentinha. O resultado está à vista: o «esvaziamento» do Natal. Lamento, mas não há volta a dar. Ou se é cristão ou então o Natal é perfeitamente dispensável e apenas e só mais um aborrecimento. Uma despesa. Uns dias infernais, de centros comerciais e cartão de crédito. Se querem paz e sossego ignorem-no. É assim.