segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Problemas

Portugal tem problemas. Um deles é a diferença de tom de voz e de atitude que Fátima Campos Ferreira apresenta quando fala com o senhor ministro da Segurança Social ou com o senhor presidente da Câmara de Murça. Eu vi, de dedo apontado, a criatura dizer a um autarca que conseguiu a enorme proeza de inverter a lógica de desertificação do chamado interior do país que este «tinha de mudar isso», sendo «isso» um subsídio que a autarquia dá aos casamentos, porque «isso» prejudica as mães solteiras. Não é só a incomensurável estupidez desta asserção que me lançou ao post, foi sobretudo a evidência de que Fátima Campos Ferreira julgava estar a representar uma espécie de comportamento bem pensante cosmopolita face a um labrego do interior que lá por acaso foi eleito presidente de câmara, buscando com o seu sorriso irónico afinidades com a plateia de Lisboa, provavelmente integralmente constituída por pessoas que votaram sim no aborto, que são a favor de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que acham que uma união de facto é equiparável a um casamento, que são ateias, que falam inglês, que têm tv cabo, que, que, que. Este problema é como a santíssima trindade, tem três realidades distintas: (1) é um problema em si mesmo o facto de Fátima Campos Ferreira existir; (2) é um problema alguém ter tido a ideia de lhe oferecer um prime-time; (3) é um problema eu estar aqui a dar atenção a isto, sendo que esta última dimensão é a que me afecta mais.