quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Os Beatles eram, afinal, de direita
Há vários sites dedicados à interpretação de letras de músicas. Percorri alguns à procura de pistas sobre isto. Vietname, não Vietname, comunismo, não comunismo, fiquei na mesma. Ninguém me explicou. Mantenho a opinião de há muito, ou seja, de há 15 minutos atrás, quando decidi prestar atenção ao iPod: esta é uma letra que podia ter saído do Largo do Caldas.
You say you want a revolution
Well you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know you can count me out
Don't you know it's gonna be alright
Alright, alright
You say you got a real solution
Well you know
We don't love to see the plan
You ask me for a contribution
Well you know
We're doing what we can
But if you want money for people with minds that hate
All I can tell you is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be alright
Alright, alright, al...
You say you'll change the constitution
Well you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well you know
You better free your mind instead
But if you go carrying pictures of Chairman Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow
Don't you know know it's gonna be alright
Alright, alright
Alright, alright
Alright, alright
Alright, alright
Alright, alright
Pois
Os pormenores. Deus e os pormenores. Ou o Diabo. Acabo de saber, junto da EMEL, que para renovar o dístico de residente - que tem um período de validade anual - tenho de apresentar uma série de documentos - carta, título, análise ao sangue, urina, estrutura de ADN, vacinas, registo criminal, cartão de eleitor, de militante, de sócio, Medeia card, cópia de habilitações profissionais, duas cartas de recomendação, o costume - e entre eles, brilhante, o próprio do dístico. Ora, eu preciso de um dístico para que o meu carro fique à porta de casa sem que ninguém mo leve dali para fora (o que no entanto acabou por acontecer já por duas vezes, vejam lá bem). Se eu preciso de levar o dístico caducado para que me dêem um novo, então isso significa que eu vou ser, certamente, multado. Ou isso, ou então tenho de trazer, para além da lista acima, o próprio do carro e mais dois vizinhos para mo segurarem na rua - deve ser uma anedota achar que terei lugar na Pinheiro Chagas. Disse isto tudo à menina do telefone. Rematei com a pergunta: «isto não faz muito sentido, pois não?» «Pois», disse ela, sem um pingo de humanidade no sangue.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Vida de prenha - uma série com tendência para a imortalização
Eu tinha duas opções (o tempo, o tempo, ai o cabrão do tempo): ou lia este texto do Miguel Poiares Maduro sobre as eleições americanas ou este da Rititi sobre a respectiva prenhez. Não me arrependi (apesar de ter a absoluta certeza de que o texto do Poiares Maduro é brilhante):
(...) Não há quem se resista a dar uma opiniãozinha baseada em princípios fundamentais como o empinanço da barriga, a qualidade da pele do cu, o crescimento das unhas, a posição da Lua e dos satélites de Marte em relação à folhagem do Passeio do Prado ou o resultado de uma equação que mete o número do sapato, as quartas-feiras do ano e a idade da bisavó quando engendrou o décimo filho. A ciência é fodida, mas todos sabem mais que o meu ginecologista, coitado do home, nem sei porque insisto em pagar-lhe. E não importa a relação, a intimidade, o grau de parentesco que os outros tenham comigo, sempre há alguma coisita a dizer, mais uma sentença a cagar, em voz alta, com público e à procura de outros peritos na gravidez alheia que confirmem tamanhas certezas. Se a minha barriga é redonda, é menina, e se é bicuda também, porque o importante são os tornozelos, os pulsos e o branco dos olhos, e quanto pesas já, porque estás gorda, é melhor andares muito, mas não nades que ainda tens alergias e se és alérgica ao presunto o melhor é congelar, mas pouco, ou muito, porque depende, mas as meias que sejam de grávida por causa das varizes, e as calças que não te apertem e tem cuidado com as estrias, posso tocar, e senão também toco, e não podes fazer madeixas, nem depilar-te a cera quente, nem vás ao ginásio, nem à sauna, e não comas sushi, nem ostras, e as saladas lava-as com lixívia, e vê lá se usas creme para a barriga, e que marca, e como o espalhas, que não seja o mesmo das mamas, porque as mamas, estás cá com umas mamas, ai Rititi, que grandes estão as tuas mamas, toquem toquem...
Ai, as mamas. Só o tema (e o tamanho) das mamas poderia alimentar o meu blogue (e metade do continente africano) até ao nascimento do Rititi-Boy. Mas atendendo ao que sempre foram, não entendo tamanha preocupação: era inevitável que atingissem esta dimensão de hipermercado lácteo. Meus queridos amigos/colegas/familiares em terceiro grau: não se ralem que eu não caio de boca. E até dizem que já inventaram os aparelhos chamados sutiãs que dão muito jeito nestes casos determinados. E aliás, a única pessoa interessada neste tema não só não se queixou como parece estar bastante satisfeito com a evolução da coisa.
(...) Não há quem se resista a dar uma opiniãozinha baseada em princípios fundamentais como o empinanço da barriga, a qualidade da pele do cu, o crescimento das unhas, a posição da Lua e dos satélites de Marte em relação à folhagem do Passeio do Prado ou o resultado de uma equação que mete o número do sapato, as quartas-feiras do ano e a idade da bisavó quando engendrou o décimo filho. A ciência é fodida, mas todos sabem mais que o meu ginecologista, coitado do home, nem sei porque insisto em pagar-lhe. E não importa a relação, a intimidade, o grau de parentesco que os outros tenham comigo, sempre há alguma coisita a dizer, mais uma sentença a cagar, em voz alta, com público e à procura de outros peritos na gravidez alheia que confirmem tamanhas certezas. Se a minha barriga é redonda, é menina, e se é bicuda também, porque o importante são os tornozelos, os pulsos e o branco dos olhos, e quanto pesas já, porque estás gorda, é melhor andares muito, mas não nades que ainda tens alergias e se és alérgica ao presunto o melhor é congelar, mas pouco, ou muito, porque depende, mas as meias que sejam de grávida por causa das varizes, e as calças que não te apertem e tem cuidado com as estrias, posso tocar, e senão também toco, e não podes fazer madeixas, nem depilar-te a cera quente, nem vás ao ginásio, nem à sauna, e não comas sushi, nem ostras, e as saladas lava-as com lixívia, e vê lá se usas creme para a barriga, e que marca, e como o espalhas, que não seja o mesmo das mamas, porque as mamas, estás cá com umas mamas, ai Rititi, que grandes estão as tuas mamas, toquem toquem...
Ai, as mamas. Só o tema (e o tamanho) das mamas poderia alimentar o meu blogue (e metade do continente africano) até ao nascimento do Rititi-Boy. Mas atendendo ao que sempre foram, não entendo tamanha preocupação: era inevitável que atingissem esta dimensão de hipermercado lácteo. Meus queridos amigos/colegas/familiares em terceiro grau: não se ralem que eu não caio de boca. E até dizem que já inventaram os aparelhos chamados sutiãs que dão muito jeito nestes casos determinados. E aliás, a única pessoa interessada neste tema não só não se queixou como parece estar bastante satisfeito com a evolução da coisa.
Expliquem-me
Há qualquer coisa neste sentido de eterna e consciente inferioridade que os sportinguistas têm em relação ao F. C. Porto, que os impede, por exemplo, de apreciar uma vitória e impele para uma constante submissão desportiva, que nem o aglutinador ódio ao Benfica explica inteiramente. Apesar de, como é makukulamente evidente, explicar em parte: qualquer conjunto de jogadores que reúna as condições necessárias para ganhar ao Benfica é nosso amigo, nosso cúmplice, nosso herói. Mas sinceramente, não percebo.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Os Pintos Ribeiros
O espantoso é que durante alguns minutos pensei que o novo ministro da cultura era António Pinto Ribeiro e não José António Pinto Ribeiro, o que faz toda a diferença.
Remodele-se
Houve remodelação no governo: Mário Lino deixou de ser ministro das Obras Públicas, tendo entrado para o seu lugar Mário Lino.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Because you're gonna
Live life like you're gonna die
Because you're gonna
«You'll have time», William Shatner
Because you're gonna
«You'll have time», William Shatner
Força Benfica
Há um conjunto de razões que me levam a perder qualquer tipo de cautela intelectual e acreditar que o Benfica pode chegar ao final da época à frente do Porto e, portanto, ser campeão. Passo a enumerar esse conjunto de razões: Jesualdo. Ontem o Porto perdeu por 2-0 em Alvalade, com dois golos na primeira parte num intervalo de tempo (notem como eu não digo «espaço de tempo», isto é que é cuidado a escrever) de 2 minutos. O resto do jogo foi passado a ver os jogadores do Porto a tentar marcar um golo, perante um Sporting que não se mostrou incomodado em dar a iniciativa ao adversário. Um caso típico, até o Rui Santos conseguiria perceber que em nenhum momento a vitória do Sporting esteve em risco. No entanto, Jesualdo não conseguiu. Disse que era um resultado «mentiroso»; que o Porto só não ganhou porque o Sporting teve «sorte»; que «toda a gente viu» que o Porto foi «superior», «muito superior»; que este jogo deu ainda mais «confiança» à equipa; etc; etc. Há aqui uma demência patológica que se assume na forma de um autismo latente que é, de certo modo, triste e confrangedor (reparem, mais uma vez, no cuidado: «confrangedor» e não «constrangedor», um erro típico). Ali temos um homem que lidera, que vai à frente, mas que vive aterrado com a hipótese da derrocada, que está consciente das suas limitações e que vive permanentemente a convencer-se que elas não existem. Jesualdo adormece todas as noites atormentado com a hipótese de ser apanhado em falso, que lhe vejam a careca ou a breguilha (esta tive de ir ver ao dicionário) aberta. E acorda, inevitavelmente, a olhar para o espelho e repetir o mesmo mantra: «és o maior, és o maior, és o maior». Foi isso que se viu ontem no final do jogo: um homem sem calças, exposto, a dizer: «sou o maior, sou o maior, sou o maior e ai de quem diga o contrário.» Enfim, estamos a 8 pontos e somos o melhor ataque do campeonato, mesmo com o Nuno Gomes, que é uma espécie de avançado mas ao contrário.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Djokopova
Foi Djokovic, afinal. Ainda há ordem no universo: o tipo que vence Federer nas meias vence a final. Intelligent design é isto. Tudo acaba bem quando acaba bem.
Mas e ninguém fala no escândalo que é o preço do leite?
O Mimosa (meio-gordo) custava 55 cêntimos aqui no super-mercado ao lado de casa. Agora custa 78 cêntimos. E eu não vejo ninguém a falar disto. Vou escrever um e-mail ao Louçã.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
A primeira consequência evidente é esta: Sousa Tavares não teria escrito o «Equador»
Os exercícios de história virtual sempre me fascinaram, com excepção das 15933 versões do «E se Hitler tivesse ganho?» Este vem com o selo de Rui Ramos. Não há como enganar.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
A salvação do mundo
O Vasco acha que não devemos convidar D. José Policarpo para as nossas universidades porque não somos obrigados a ouvir coisas destas:
«Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
É uma escolha. Não somos obrigados. Isto, note-se, nas universidades, locais de conhecimento e debate. O que eu duvido é da coerência desta atitude na eventualidade de uma igreja ou instituição religiosa banir ou recusar-se a ouvir, por exemplo, Hitchens, porque este tem afirmações deste teor:
«Todas as expressões religiosas, todas as formas existenciais de afirmação e crença em Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
Julgo que a «tolerância democrática» não duraria nem dois minutos. D. José Policarpo não é um analista. É um homem de fé. E para um homem de fé não há força mais destrutiva do que a negação de Deus. Não há volta a dar. A chave, Vasco, a fonte das tuas inquitações, está no conceito «Deus». O ateu não se encontra com o crente porque não falam da mesma coisa. Se falassem, o mundo estaria salvo.
P.S.: Outro motivo para o desencontro é este ânimo sobre todos os pecados dos crentes, numa tentativa de provar - empiricamente e sem margem para refutação - a falta de autoridade moral dos moralistas, que se revela no episódio do bom samaritano que ilustra o post. A religião - o cristianismo - não é um programa da Oprah. Somos pecadores e só um lunático o tentaria esconder. O argumento moral não necessita de um exército de praticantes para se fazer valer. É um autoridade em si mesmo.
«Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
É uma escolha. Não somos obrigados. Isto, note-se, nas universidades, locais de conhecimento e debate. O que eu duvido é da coerência desta atitude na eventualidade de uma igreja ou instituição religiosa banir ou recusar-se a ouvir, por exemplo, Hitchens, porque este tem afirmações deste teor:
«Todas as expressões religiosas, todas as formas existenciais de afirmação e crença em Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
Julgo que a «tolerância democrática» não duraria nem dois minutos. D. José Policarpo não é um analista. É um homem de fé. E para um homem de fé não há força mais destrutiva do que a negação de Deus. Não há volta a dar. A chave, Vasco, a fonte das tuas inquitações, está no conceito «Deus». O ateu não se encontra com o crente porque não falam da mesma coisa. Se falassem, o mundo estaria salvo.
P.S.: Outro motivo para o desencontro é este ânimo sobre todos os pecados dos crentes, numa tentativa de provar - empiricamente e sem margem para refutação - a falta de autoridade moral dos moralistas, que se revela no episódio do bom samaritano que ilustra o post. A religião - o cristianismo - não é um programa da Oprah. Somos pecadores e só um lunático o tentaria esconder. O argumento moral não necessita de um exército de praticantes para se fazer valer. É um autoridade em si mesmo.
Sou um previligiado
A Economist é uma revista sobre a Economia e o Mundo, vá lá, feita por ingleses. Ou seja, tem mais sentido de humor por número do que toda a produção anual das Produções Fictícias. Por exemplo, neste número que como já devem ter reparado seguro nas mãos, vem um artigo sobre o BCP intitulado «Millennium Bug» e um outro sobre um estudo de um tipo chamado Antonio Rangel que mostra como nós não só dizemos que preferimos um vinho caro a um barato, como de facto gostamos mais de um vinho se nos disserem que é caro (scans ao cérebro, e assim). Isto tudo entre o Terreiro do Paço e o Campo Pequeno.
Have you seen our public toilets?
«Are you happy?», he asks the locals of Iceland, Thailand, India and The Netherlands. «Have you seen our public toilets?» replies a man in Switzerland, one of the happiest countries. «They are very clean.»
No mesmíssimo artigo citado no post abaixo, que se revelou ser um manancial.
No mesmíssimo artigo citado no post abaixo, que se revelou ser um manancial.
Be happy
The World Database of Happiness, in Rotterdam, collects all the available information about what makes people happy and why. According to the research, married, extroverted optimists are happier than single, pessimistic introverts, and Republicans are happier than Democrats. Nurses enjoy life more than bankers, and it helps to be religious, sexually active and a college graduate with a short commute to work. The wealthy experience more mirth than the poor, but not much. Most people say they are happy, but perhaps that is because they are expected to be.
«It's in Iceland», The Economist January 19th-25th 2008
Para o Tiago Cavaco, que me parece ser uma pessoa feliz (a mim e à Economist).
«It's in Iceland», The Economist January 19th-25th 2008
Para o Tiago Cavaco, que me parece ser uma pessoa feliz (a mim e à Economist).
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Boston illegal
«Rhona Mitra», a mulher que detém o record mundial para o maior diferencial estético entre a aparência física e respectiva toponímia.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Tenho um amigo que
As conversas sobre as alegadas preferências sexuais dos famosos são, feliz ou infelizmente, muito frequentes entre amigos. De tempos a tempos lá aparece alguém que nos jura «a pés juntos» que A ou B são gays, ou lésbicas, e que o são «há anos» e que «toda a gente sabe». É sempre muito difícil de dar algum crédito a este tipo de «confidências»: o rumor da homossexualidade masculina vem quase sempre associado a uma antipatia pela pessoa alvo do rumor, antipatia essa que a «homossexualidade» só vem legitimar (basta ver, por exemplo, que políticos são «acusados» pela direita de serem gays e vice-versa) enquanto que acreditar que A (e que A!, meus amigos) ou B (e que B!, meus amigos) são lésbicas ou - e esta é uma atenuante que sempre aparece - «bis», é, lamento, bom demais para ser verdade. Para a próxima, meus dedicados informadores, ou há fotos ou nada feito.
Boston Legal
Para além do já referido Júlio Isidro, seria injusto não destacar a óptima prestação de André Gonçalves Pereira (ao centro).
Porquê
Sobre a baixa do IVA para os ginásios (que teve como única consequência - e expectável para qualquer não-socialista - a subida do preço das mensalidades), vale a pena ler o Luís Serpa:
Não estou muito de acordo com esta coisa de se baixar o IVA para o ginásio e não se baixar para as actividades náuticas. Afinal, 2 horas no mar são muito melhores para o corpo e a mente que duas horas num ginásio - isto é um dado objectivo, quantificável, confirmado por toda a gente, mesmo por quem nunca navegou.
E já agora acho que se devia baixar o IVA das bicicletas, também, sobretudo as de corrida - e nas de cidade também, pensando bem. E nos patins, nos halteres, nas sapatilhas. E nos automóveis que nos levam para os ginásios ou para os centros comerciais comprar essas coisas tão boas. E nos CDs que ouvimos enquanto fazemos exercício.
E em muitas outras coisas - quase tudo, pensando bem. Por que raio de carga de água é que só baixou o IVA para os ginásios?
Não estou muito de acordo com esta coisa de se baixar o IVA para o ginásio e não se baixar para as actividades náuticas. Afinal, 2 horas no mar são muito melhores para o corpo e a mente que duas horas num ginásio - isto é um dado objectivo, quantificável, confirmado por toda a gente, mesmo por quem nunca navegou.
E já agora acho que se devia baixar o IVA das bicicletas, também, sobretudo as de corrida - e nas de cidade também, pensando bem. E nos patins, nos halteres, nas sapatilhas. E nos automóveis que nos levam para os ginásios ou para os centros comerciais comprar essas coisas tão boas. E nos CDs que ouvimos enquanto fazemos exercício.
E em muitas outras coisas - quase tudo, pensando bem. Por que raio de carga de água é que só baixou o IVA para os ginásios?
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Macacos me mordam
Acabo de ver João César das Neves a prestar declarações à RTP numa peça sobre as taxas de juro. Em fundo, uma estante atulhada de livros e dossiers e papéis. Só duas lombadas eram legíveis no meu enorme LCD da sala (uma catrefada de centímetros): uma dizia «HISTÓRIA», outra, mais acima, «SALAZAR».
Pirlo
Das duas uma: ou não lhe chamem «playmaker» ou tenham vergonha e corrijam a posição de Andrea Pirlo nessa listinha aí.
Falha
Tanto alarido à volta de Boston Legal e até agora ninguém me tinha dito que a série contava com Júlio Isidro no elenco.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Ter um filho, escrever um livro
Percebermos que acabámos de acrescentar um item na (curta) lista de tarefas a realizar antes da nossa morte é um momento de rara satisfação.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Da «burguesia» portuguesa
(...) Mas por que carga de água estes proprietários optaram por interditar o fumo nos seus estabelecimentos? Terá sido para poupar os cerca de 900 euros que custa a instalação de extractores de fumo? Enquanto a nossa iniciativa privada for isto (e o imbróglio do Millennium BCP prova que a rebaldaria vai da base ao topo), não nos podemos queixar do braço longo do Estado.
Eduardo Pitta
De resto, a sua quase completa ausência de identidade própria levou os hipotéticos «burgueses» de Portugal a sentir os distúrbios sociais de 1808 como um ataque contra si mesmos. O seu pânico foi o pânico da ordem estabelecida. E, por isso, em vez de, como em Espanha, aproveitarem o levantamento do «povo», a que só faltavam chefes e objectivos, para captar a direcção política do país, fizeram a escolha oposta: uniram-se aos «grandes» para submeter os «pequenos».
Ir Pró Maneta, Vasco Pulido Valente
Eduardo Pitta
De resto, a sua quase completa ausência de identidade própria levou os hipotéticos «burgueses» de Portugal a sentir os distúrbios sociais de 1808 como um ataque contra si mesmos. O seu pânico foi o pânico da ordem estabelecida. E, por isso, em vez de, como em Espanha, aproveitarem o levantamento do «povo», a que só faltavam chefes e objectivos, para captar a direcção política do país, fizeram a escolha oposta: uniram-se aos «grandes» para submeter os «pequenos».
Ir Pró Maneta, Vasco Pulido Valente
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Autorização
Domingo, numa FNAC Chiado deliciosamente vazia (era domingo, lembremo-nos, à tarde) desço as escadas rolantes e reparo em dois jovens engravatados, muito jovens e muito engravatados, à conversa, no meio das estantes, ligeiramente desenquadrados da envolvente. Uns minutos mais tarde vejo o mais velho dos dois (17, 18 anos) a dirigir-se ao balcão de apoio junto da estante das religiões e perguntar sobre o estado do stock da loja no que dizia respeito a livros sobre «Josemaría Escrivá». O funcionário não detectou o nome na sua biblioteca mental e pediu para repetir. «Josemaría Escrivá», disse o rapaz, desta vez mais devagar, apenas para ficar a saber que não havia nada. Resignado, voltou costas e saiu. O que ele queria mesmo era «livros» sobre «Josemaría Escrivá». Não tinha, provavelmente, autorização para mais.
Charlie Wilson's War
Há duas óptimas razões e duas boas razões para se prestar atenção a este Charlie Wilson's War.
As duas óptimas razões são:
1. Aaron Sorkin (saudades de West Wing, os diálogos são primorosos)
2. Philip Seymor Hoffman (o maior compositor de personagens da actualidade)
E as duas boas razões:
1. Tom Hanks (arrisco dizer que Tom Hanks é único actor vivo que nunca fez um mau filme - aquelas xaropadas com a Meg Ryan são o pior que se arranja, ainda que Sleepless in Seattle seja, lá está, um bom filme, caramba - que até irrita)
2. A cena em que Julia Roberts, 40 anos, sai da piscina em bikini.
Bom senso
O Rogério Casanova anunciou a interrupção do Pastoral Portuguesa até que uma nova vitória do Sporting se verifique. Obviamente, já contornou a situação e não nos podemos deixar de comover com o optimismo aí presente: o Rogério acha que o Sporting vai bater o Lagoa.
O Benfica não é para aqui chamado.
O Benfica não é para aqui chamado.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
A ler
Thiago Bradell visto por João Amaro Correia.
Não quero acrescentar nada, apenas dizer que «Thiago Bradell» só tem que agradecer o facto de a «crítica» o ignorar. Mas talvez não o devesse fazer, até porque este debate ainda é - e aí está a tragédia - urgente em Portugal e está longe de ser uma mera curiosidade. Botton explica bem no The Architecture of Happiness como toda a arquitectura é linguagem e - portanto - significado, e como nós procuramos a representação da nossa sociedade idealizada nos edifícios. Queremos que as nossas casas nos lembrem, diariamente, o mundo em que queremos viver e, consequentemente, que mostrem aos nossos convidados o modo como nós olhamos à nossa volta. Antes de mais nada, um casa de Thiago Bradell diz muito de quem a encomendou. Mas o mesmo se poderia dizer de uma casa de Souto de Moura. Ou de João Pedro Falcão de Campos. A questão é: como queremos que o mundo seja?
Não quero acrescentar nada, apenas dizer que «Thiago Bradell» só tem que agradecer o facto de a «crítica» o ignorar. Mas talvez não o devesse fazer, até porque este debate ainda é - e aí está a tragédia - urgente em Portugal e está longe de ser uma mera curiosidade. Botton explica bem no The Architecture of Happiness como toda a arquitectura é linguagem e - portanto - significado, e como nós procuramos a representação da nossa sociedade idealizada nos edifícios. Queremos que as nossas casas nos lembrem, diariamente, o mundo em que queremos viver e, consequentemente, que mostrem aos nossos convidados o modo como nós olhamos à nossa volta. Antes de mais nada, um casa de Thiago Bradell diz muito de quem a encomendou. Mas o mesmo se poderia dizer de uma casa de Souto de Moura. Ou de João Pedro Falcão de Campos. A questão é: como queremos que o mundo seja?
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
A quem interessar
O número 3 do artigo 84º do Regulamento do PDM do Montijo contém um gralha de carácter numérico. Que não se veja nisto um preconceito meu contra a capacidade aritmética dos juristas.
Espantoso
Já passaram 5 horas desde que o governo anunciou o aeroporto no deserto e Mário Lino ainda é ministro.
Cilício posto
Este senhor chama-se Paul Finch e é o 8º director da The* Architectural Review em mais de 110 anos de existência. O seu editorial de Novembro (A Sense Of Surface), que versa sobre o ornamento na arquitectura contemporânea, é muito bom. Só para avisar. Não tenho tempo para transcrever e o Google não se mo descobriu, o cabrão.
* No post de ontem esqueci-me do «The» no título da revista. Estou já em jejum e com o cilício posto.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
O bom do William Jefferson
Entretanto Hillary ganhou o New Hampshire. Ou seja, Obama durou quatro dias. Ou muito me engano ou a partir daqui será all downhill para Hillary. Obama e a sua entourage podem começar a pensar em 2016. Não minto: prefiro Hillary a Obama. Se tiver de ser um Democrata, então que seja alguém sem a menor hipótese de ir para a cama com o bom do William Jefferson.
Davey
Acabo de receber o primeiro número da minha nova assinatura da Architectural Review (peço perdão aos deuses por tê-la interrompido) e deparo-me com uma agradável surpresa: Peter Davey, ex-director da revista, continua a escrever críticas. Desta vez é sobre um edifício de Peter Zumthor. Não li, mas é brilhante.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Vasco Metro Barreto
O Vasco M. Barreto deixou cair o 'M' para escrever para o Metro. Soube-o através do Tiago Galvão, o que é a todos os títulos lamentável, Vasco. Ah, e esse «Vivi em Nova Iorque entre 2001 e 2007» logo a abrir é o quê, medo que o texto não valha por si? Tentativa de esmagamento cosmopolita do leitor, o já chamado Complexo de Vasco Rato? Comigo resultou.
Sabonetes
Francisco Mendes da Silva, como sempre, oportuno. A verter água sobre ânimos esquentados por Obama e a lembrar que se Obama vier a ser presidente está já encontrado o substituto de Karl Kove:
Moedas de 10 cêntimos
(...) Suplico-lhe, porfavorporfavor, que tenha compaixão de mim, pois não passo de uma fútil rapariga a quem os ovários, as mamas e a obrigação de pôr máquinas a lavar negaram a profundidade para dissertar sobre temas verdadeiramente importantes e publicáveis. Graças a Deus existem homens que escrevem nas revistas, e nos blogues, e nos livros – sabe-se lá a rebaldaria de sentimentos que esta merda não seria. E graças a Deus que temos por cá mulheres como a estimada Ana, que nos lembra ao resto do gajedo que a futilidade não nos é permitida, que escrever (e ser paga por isso) sobre sapatos ou filhos é para donas de casa mentais, sopeiras que não ouvem músicas em francês, analfabrutas sem acesso aos cursos de mestrado na Universidade Nova e que só seremos respeitadas quando nos comportarmos como homens e aprendamos a mijar de pé e a escrever sobre grandes assuntos da Humanidade (quem sabe se crónicas sobre futebol e charutos não nos dignifiquem). (...)
Rititi
Rititi
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
M/F até 40 anos
Uma lição de humildade. A nossa mediocridade posta assim, cruelmente, diante dos nossos olhos. Um convite à mudança de métier. Faz mal ao nosso ego, põe em causa a existência do «nosso ego». Não vale a pena. Vamos fazer outra coisa qualquer. Fechamos portas e pedimos desculpa pelo incómodo. Anunciamos a causa: falta de talento. Ao menos saímos pela porta grande, de costas direitas.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Joana Carneiro
Joana Carneiro é irresistível. Ontem, na Gulbenkian, onde conduziu a Orquestra Gulbenkian primeiro com Artur Pizarro no Concerto para Piano nº4, de Beethoven, e depois O Pássaro de Fogo, de Stravinsky, Joana Carneiro não podia ter tido mais empatia com o público. O seu estilo é peculiar, vigoroso e enérgico, fisicamente muito exigente. Da primeira fila onde me encontrava pude assistir à pancada que o estrado sofreu ao longo das duas peças, com a pequena Joana Carneiro literalmente aos saltos, ofegante e batalhadora. Esta última característica é uma boa metáfora daquilo que imaginamos ter sido obrigada a maestrina a passar para poder ter chegado hoje, aos 30 anos, onde chegou. E a componente feminina revela-se também no seu modus operandi: Joana Carneiro está permanentemente em cima dos músicos como uma mãe de mão dada na rua com os filhos, numa aparente sobre-actuação destinada a precaver qualquer deslize. Não sei avaliar tecnicamente o que ouvi ontem, mas sei que o magnetismo desta pequena - e jovem - mulher é, como disse, irresistível, e nunca se fica com a sensação de estarmos perante um caso de «discriminação positiva». Estou rendido.
Rumo a uma demência discusiva pós-pós-inteligível
Vivemos hoje claramente sob uma nova ordem tecno-cultural cuja génese remete para a WWII e que surge denominada como Sociedade Digital ou Pós-Pós-Moderna. (...)
Rumo a uma Estética Arquitectónica Evolutiva, Gonçalo Furtado, arq./a nº53
Já há algum tempo que defendo a retirada do Blade Runner dos currículos dos cursos de arquitectura, mas ninguém me ouve.
Rumo a uma Estética Arquitectónica Evolutiva, Gonçalo Furtado, arq./a nº53
Já há algum tempo que defendo a retirada do Blade Runner dos currículos dos cursos de arquitectura, mas ninguém me ouve.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Discriminação positiva
Nestas eleições americanas muitos têm falado sobre a necessidade de pôr fim à era de sucessivos «homens brancos» no poder. Isto tudo motivado, claro, por Obama e Hillary. O maradona, com a sua já característica eloquência, resume bem este zeitgeist: Apesar disto, defeito por defeito, olhem, que se foda, venha o preto. Ou, extrapolando para o lado da senadora por Nova Iorque, defeito por defeito, olhem, que se foda, venha a gaja. Claro que isto só podia dar no que deu: os pretos já começaram a dizer que Obama não é «black enough» (mãe branca, infância burguesa, etc.) e as mulheres também acusam Hillary de ser demasiado masculina (entre outros rumores). Nenhuma das «minorias» (na política as mulheres são minoria) está propriamente satisfeita. O que se percebe. O sonho de ver um preto ou uma mulher na presidência foi um sonho durante tempo demais, e como é próprio dos sonhos a coisa fugiu um pouco à realidade. E a realidade é esta: é importante que um preto ou uma mulher cheguem à presidência dos Estados Unidos, isso não contesto, mas para isso é preciso que provem ser melhores do que a concorrência. Não se pode fazer «discriminação positiva» para o lugar mais alto da administração, isso é próprio de lugares mais anónimos da pirâmide. E, sem essa característica definidora, o que sobra a Obama e a Hillary? É isso que está em questão e que os eleitores - apesar de americanos e estúpidos, não é? - mais cedo ou mais tarde irão perceber.
P.S: Confesso no entanto o meu fraquinho por um ex-futuro candidato que reuniria o melhor de Hillary e Obama, alguém que ganharia com duas voltas de avanço o concurso do politicamente - ou melhor, mediaticamente - correcto. Sim, Condoleezza.
P.S: Confesso no entanto o meu fraquinho por um ex-futuro candidato que reuniria o melhor de Hillary e Obama, alguém que ganharia com duas voltas de avanço o concurso do politicamente - ou melhor, mediaticamente - correcto. Sim, Condoleezza.
My ticket
Começo com um pecado capital: se fosse americano não sei em quem votaria por defeito, se nos Democratas se nos Republicanos. Em Portugal toda a gente parece ter o seu partido, numa divisão equilibrada: 98,456% da população portuguesa votaria no partido de Bill Clinton, sendo que o resto da amostra se divide entre o «Outro» e o «NS/NR». Passado esta minha indefinição crónica o cenário não melhora. Para 2008 não gosto de nenhum candidato, quer de um lado quer do outro. Comecemos pelo partido do burro: não me entusiasmo com Obama, que me parece demasiado jovem e utópico para ser um bom presidente; antipatizo frontalmente com Hillary, porque penso que o cinismo não é virtude em nenhuma circunstância; e Edwards não parece ser feito de presidential material, parece mais um actor convidado para fazer o papel de presidente (ainda mais do que o próprio Fred Thompson). Do lado do GOP as coisas são igualmente desinteressantes: Huckabee até pode ser simpático e sincero, mas a última coisa que os Estados Unidos precisam neste momento é de um pastor à frente do rebanho; Romney é mormon, o que o desqualifica à partida para tudo menos para carteiro, actividade onde o skill de andar de porta em porta é apreciado; McCain parece não ter pontos fracos, é claramente um homem bem preparado, mas falta-lhe tusa, a idade não perdoa; e Giuliani tem tusa a mais, aptidão que lhe tem valido uns quandos desacatos públicos.
All things considered, escolheria Giuliani por ser o candidato mais fora do baralho, um depravado num partido Bible Belt, um católico pecador, um político cujos pecados estão no cabeçalho da candidatura. E que, provavelmente, é o candidato com mais capacidades para não dividir os Estados Unidos em dois depois do dia 4 de Novembro.
All things considered, escolheria Giuliani por ser o candidato mais fora do baralho, um depravado num partido Bible Belt, um católico pecador, um político cujos pecados estão no cabeçalho da candidatura. E que, provavelmente, é o candidato com mais capacidades para não dividir os Estados Unidos em dois depois do dia 4 de Novembro.
Um tipo na capa
Coisas boas da Atlântico: na edição de Janeiro de 2008 está um tipo na capa a fumar.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Superior interesse
Durante o debate que antecedeu a decisão sobre o Parque Mayer muito se falou, a propósito do novo Casino de Lisboa, da natureza maléfica do jogo. O jogo pervertia, desvirtuava, viciava, corroia. Era preciso, e ainda é, limitar o acesso à slot machine, controlar o acesso à slot machine, impedir o acesso à slot machine. O Estado, claro, que anda tantas vezes nas bocas da gente e não pelas melhores razões, devia interferir, dizer de si, lançar a mão sobre o jogo. Agora, com o triste episódio do director da ASAE, passámos a perceber que para além do jogo é preciso defender os frequentadores dos casinos do fumo. Jogar, afinal, já não é assim tão mau quando comparado com o - ainda pior - vício de fumar. Daqui a uns anos vamos recordar estes bárbaros tempos quando se jogava e fumava nos casinos, às claras, à frente de toda a gente, sem pudor. Demos graças à legislação e à civilização. Pelo superior interesse da criança, digo, cidadão.
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