segunda-feira, 30 de abril de 2007

Pacheco Pereira «a viajar»

Novas formas de sociabilidade: encontros de blogues (em alta), amizades de blogues (em baixa), amiguismo nos blogues (em alta quanto aos livros), sedução nos blogues (em alta, mas sempre muito corny), rupturas nos blogues (em alta), casamentos e divórcios nos blogues (não é estatisticamente relevante porque já não se usa), filhos nos blogues (em alta), mortes nos blogues (poucas, mas lá chegará o tempo). (...)

in Abrupto

Extra time

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Uma boa notícia

Planos municipais deixam de ser ratificados pelo Governo.

New Kids on the Block

Assim de repente parece uma coisa que se leva demasiado a sério, a que, devido à heterogeneidade dos seus autores, falta um objectivo puro e duro à vista, algo essencial num bom blogue colectivo (essa coisa da «defesa da nossa própria liberdade» não diz nada, pá). Ainda assim, cum caraças, é uma espécie de dream team, é sim senhora. Tem, por exemplo, Miguel Poiares Maduro, Jorge Buesco, Diogo Vaz Guedes, João Luís Ferreira (atenção, anotar nos blocos, um arquitecto liberal), e o homem que conseguiu essa proeza de ser elogiado por Pulido Valente (hoje mesmo, vão conferir), Paulo C. Rangel (adoro o «C.»). Se todos começarem a escrever regularmente, o Geração de 60 tornar-se-á, por estas bandas, leitura obrigatória.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Pois é



Como disse Miterrand quando perguntado sobre o que era hoje o socialismo: " É a justiça. É a cidade". Pois é.

Que a cidade é o «socialismo» é uma «verdade» em que qualquer urbanista e arquitecto que se preze acredita (os excluídos desta afirmação cabem todos na sala do meu T1). Mas é uma crença como qualquer outra, cheia de fé. E como sabe bem um bom socialista, a pode trazer consequências muito nefastas à sociedade. Que se quer laica.

Na foto: o socialista Le Corbusier mira uma maquete da bem socialista Ville Radieuse.

Side effect

Regressávamos a casa, eu com um saco pela mão, a minha mulher com um cravo. Eu tentava apressar o passo dela. De repente, enquanto atravessávamos uma rua, ela disse: «estavam ali duas betas a gozar comigo.» Naquele instante, passei a olhar o cravo com outros olhos. Deixei de lhe tentar apressar o passo.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O grande capital

Pensando bem, ir à Suíça no 25 de Abril parece-me um pouco fascista.

PM PL JPC

Não foi só o blogue da Atlântico que mudou: com esta nova cara, vale a pena reler (mais uma vez) a Coluna Infame.

Fusão comemorativa

Ela diz que devemos comemorar o fim da ditadura e o facto de não sermos comunistas. Bem visto.

I married a communist

Fomos à Suíça comprar bolos. No palco do Rossio, três trovadores d'Abril cantavam «a luta continua!». A minha mulher comprou um cravo.

Da série Aprende-se mais arquitectura a limpar uma cozinha do que em 5 anos a estudar

Aqueles arquitectos que não desenham rodapés nunca aspiraram uma casa.

25 de Abril de 1974

O 25 de Abril não me desperta nenhuma comoção. Esclareço: reconheço que pertenço a uma geração «sem memória», historicamente niilista, essas coisas todas. Esta minha indiferença baseia-se naquilo que vejo à nossa volta. Fica-se com a sensação que a democracia era inevitável (como o prova o desenrolar da revolução). Esta sensação de inevitabilidade fragiliza a mitologia da «manhã da Abril», inserida na história de um modo muito pacífico e pouco sangrento. Sei que devo esta minha indiferença ao 25 de Novembro, sei que «isto» só é uma democracia porque Soares percebeu e agiu a tempo. O 25 de Abril é uma data bonita, é uma data simpática, mas muito pouco histórica. Gostamos de pensar nela de um modo romântico, sob as palavras de Sophia, com flores e tudo. Mas não tenho especial vontade em partilhar esse romantismo. E não sinto o peso do politicamente correcto a obrigar-me a escrever alguma coisa com a palavra «Liberdade» lá inserida. O 25 de Abril foi importante, Soares foi importante, a CEE foi decisiva. O velho caiu da cadeira, o povo saiu à rua. Por eles, por aqueles que esperaram esse dia, paro um segundo. E sei que o 25 de Abril é deles, não meu. Reconheço a minha ingratidão, sei que eles o fizeram por mim e todos os ainda não nascidos. Foi um dia bonito. Não choveu.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Mexia no Público

No sábado mexia em público no Público de sábado e fui de encontro a Mexia.

(Não resisti.)

Mexia foi apresentado aos sócios neste fim-de-semana, primeiro em crítica literária, depois em crónica. Este espectador que vos escreve só teve oportunidade de assistir à exibição de sábado e é sobre ela que fará o relato.

A crónica é um palco onde Mexia se solta mais, onde joga menos preso às indicações do treinador e às imposições da conjuntura, quase numa posição free-role. Nesta primeira exibição Mexia entrou confiante, não acusando a adaptação à nova equipa, mostrando entrosamento e agilidade. Foi uma exibição de um jogador maduro que não sente a necessidade de mostrar os truques todos do livro. Para quem o vê jogar há algum tempo percebeu que Mexia se mostrou interessado a dar-se a conhecer, com elegância, pulverizando o texto de referências que já se tornaram a sua imagem de marca: jogou para os novos, para os outros, para quem, porventura, o visse jogar pela primeira vez nesse dia, adeptos da nova equipa que até aí não teriam dado por ele. Mexia convenceu sem deslumbrar, recorrendo a muito do reportório que o trouxe até aqui. A saber: (1) «(...) o beijinho uno ou duplo (...)» ; (2) «(...) como meter conversa com alguém do sexo oposto (...)» ; (3) «(...) sou licenciado em Direito (...) chumbei vilmente no exame da ordem (...)»; (4) «(...) E fui jogar snooker. (...)»; (5) (...) «pertença à classe média (...) assim como comprar o Expresso. (...)» No entanto, notou-se uma ligeira mudança de estilo. Mexia aparece agora mais interessado na actualidade (jogou muito à volta do tema delicado do momento, a licenciatura e os graus académicos), mais no mundo, ainda que essa actualidade não seja o objectivo em si. Há uma subtileza nas intenções de Mexia, ensaiando jogadas que iludem o espectador, fingindo que vai para um lado para se perceber que afinal foi para o outro. Quem segue este praticante desde os tempos em que era uma «promessa» ficou descansado. Mexia sentiu-se rapidamente em casa. E, como sabemos, é em casa que Mexia melhor joga.

Nota pastoral

O nome da banda surge como distracção da música: não há quem não nos pergunte «três por cento porquê»? Também não sabemos. Se alguém descobrir que nos avise por sms. Quando ao estilo, o melhor que conseguimos foi "rock para fazer amor", ficando ao critério de cada um averiguar a veracidade da asserção. Musicalmente falando, somos os quatro da praxe: o cantor guitarrista, o baixista, o guitarrista e o baterista, não necessariamente por esta ordem. Temos pudor em revelar as nossas "influências" pois temos medo que não se notem. Basicamente andamos nisto porque até agora ninguém nos impediu. A idade também não dizemos, pois acreditamos que o juízo vem com ela. Não queremos mudar o rock, não somos experimentais. Queremos ser amados e glorificados sem sermos crucificados. A música comercial é o nosso fado. Fazemos casamentos (há fotos) e eventos de empresa. Preços de saldo.

Daqui.

Menino da mamã

(...) Creio que continuamos a não nos aperceber da importância de tomar partidos. A melhor coisa que a blogosfera me permitiu foi sentir que havia uma família ideológica à qual podia pertencer, sentir que haveria um pai para receber um filho pródigo como eu. As pessoas hoje desdenham dos lares, sejam eles ideológicos, religiosos ou meramente estéticos, porque gostam de se sentir órfãos. Gostam de cuspir na cara dos pais e estoirar a herança sem uma ponta de fidelidade genealógica. O que me agrada em outros, tão mais encantados pelo pathos de uma divisão que pelo abstracto universal de uma ética, é que nesses encontro a saudade de um colo parental. E um menino da mamã é sempre mais confiável que um cidadão do mundo.

Tiago Cavaco

segunda-feira, 23 de abril de 2007

'Tá tudo

Se quiserem saber o que andei a fazer no fim-de-semana, está aqui. Dois temas, uns arranjos improvisados, tudo empacotado num dia. Enfim.

O lolipop e o "chupa-chupa"

Andamos, falo por mim, a desvalorizar o Destak. Senão vejamos: chego ao local de trabalho, segunda-feira de manhã, ligo o computador, e enquanto espero que a coisa inicie, folheio um exemplar do dito jornal de sexta-feira, aqui esquecido durante o fim-de-semana. Penúltima página: a menina chama-se Ana Anes, e o título da crónica é «Sexo e as extensões». Leitura obrigatória, como se vê. E quando menos se espera, alta literatura:

(...) Ponto mais importante: Sexo oral: Eu não sei como fazem as vips, mas eu cá, tenho de fazer os impossíveis de modo a ter uma prestação mais do que excepcional, para que eles se esqueçam dos cabelos quando estamos no lolipop! E acreditem, não é nada fácil concentrarmo-nos numa coisa, enquanto pensamos noutra - neste caso evitar o típico mexer nos cabelos durante o "chupa-chupa". (...)

P.S: A Ana Anes (por favor confirmem-me que isto é um pseudónimo) tem um blogue, onde esta crónica se encontra. Quer dizer, uma versão desta crónica, já que a Ana Anes, certamente no calor da coisa, postou a crónica antes de compará-la com a versão revista e editada (sim, parece que eles no Destak afinal fazem isso) que saiu no jornal. Resultado: só neste parágrafo encontrei 6 alterações ao texto: 2 de pontuação, 2 acentos, 3 grafias de palavra (entre elas, cá está, o lolipop e o "chupa-chupa - respectivamente lollipop e Xupa-Xupa na versão da Ana Anes), e uma expressão substituída. Há talento na blogosfera.

domingo, 22 de abril de 2007

Ségolène? Sarkozy?

Os jornais abrem com Eusébio. Claro.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Looping Bloc Party

Este meu, além de ter a coragem de dar um concerto vestindo um pólo amarelo (ora aqui está o terceiro post seguido com referências ao CDS-PP), faz-me isto. Reparem, explico, como não há mais ninguém em palco. Apenas um homem, um violino, e muitos loops.

Obviamente

Estarei off-line durante os próximos dois dias. Como neste fim-de-semana acontece o congresso nacional do CDS-PP, queria deixar aqui a minha escolha para o decisivo escrutínio que será muito importante para a vida de milhões de portugueses: obviamente, Nicolas Sarkozy.

A extrema direita

Para um cidadão de direita, a chegada (ou breve aparição mediática, vamos ver) ao panorama político português de um partido como o PNR é uma boa notícia*.

(Pausa para o leitor se indignar, lançar impropérios ao autor deste blogue, então o cabrão é-me fascista, nunca me enganou, os cabrões multiplicam-se como cogumelos, é vê-los a sair das tocas, todos ao Campo Pequeno.)

E é uma boa notícia porquê? É uma boa notícia porque recentra o espectro ideológico. Para quem já votou CDS (não me orgulho, não me envergonha), o partido mais à direita do parlamento, sabe que não é fácil ouvir recorrentemente associações entre este partido e a «extrema-direita». Sem o PNR, ou sem a «extrema-direita» propriamente dita, os partidos de centro-direita em Portugal são empurrados para o fim do arco, o fim da linha. Sem o PNR não deixa de haver o conceito de «extrema-direita». Para quem não tem os mínimos olímpicos do conhecimento ideológico a «extrema-direita» passa então a ser o partido «mais à direita», o que leva a que haja quem pense que quem se identifica com a «extrema-direita» votará, naturalmente, nesse partido. Esta última consideração não é totalmente falsa (uma pequena parte dos cidadãos neo-fascistas votará, ou terá votado, no CDS, algo a que o CDS é alheio, obviamente), mas a primeira é apenas uma patetice. Assim, o PNR é uma espécie de pára-raios do ódio popular e, simultaneamente, uma chamada de atenção: o CDS é apenas um pequeno partido confuso e burguês (liberal, conservador, democrata-cristão). Para grande parte dos eleitores isso só se terá tornado óbvio pós-PNR. É isto que lhes devemos.

* É claro que isto pressupõe o cumprimento, por parte do PNR, enquanto partido, da lei. Não estou a falar das Frentes Nacionais, nem dos cabeças rapadas: estou a falar de um partido político minoritário a quem devemos permitir o direito de expressão, porque é essa expressão que, em última análise, os irá expôr. E o povo, gostamos de acreditar, não é estúpido.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Sobre a bondade humana

Aquilo que deve ser dito sobre o massacre de Virgina, pelo Eduardo Nogueira Pinto.

Linha amarela

Tirem-me os católicos de esquerda e juro que a minha vida perde a piada.

Tiago Cavaco, naquele blogue com um nome sublime

Eu, apesar de não ser de esquerda (nós preferimos este eufemismo), tal como o Tiago, sou católico, contrariamente ao Tiago, e portanto reformulo: tirem-me os católicos de direita e juro que a minha vida perde a piada.

Messi(as)

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Inglês técnico

Isso não é nada. Eu, no metro, estou a ler isto:



Não estou é a perceber um boi.

Aprendendo com Las Vegas

Essa do Robert Venturi teria sido uma óptima ideia. Que pena que não me lembrei disso a tempo. Fica para a próxima.

Pedro Brandão, uma voz (quase) liberal

Debrucei-me sobre o modo como o acesso às profissões do desenho foi, nos últimos vinte anos, objecto de uma explosão na procura, quando estas profissões se tornaram populares, mesmo perante a evidência da crise.
E considerei que aquela explosão trouxe uma constatação: a escassez do mercado (mesmo quando ele estava sobreaquecido). O que nos diz que não será o momento do licenciamento e do monopólio das "assinaturas" que evitará que a situação piore, em época menos frenética. Se o pleno emprego não virá por decreto, a substância de uma afirmação das profissões decorrerá de outros factores, que é preciso estudar, não tanto para constatar a nossa frustração, mas para entender as formas de relacionamento económico e social que contextualizam a nossa actividade. E como não haverá uma diferença na substância, só pela força de uma lei, teremos de construir um outro projecto colectivo, menos centrado na protecção legal, e mais atento ao que mudou.

(...)

Podemos gastar os próximos anos em arranjos internos, de pequenos poderes, surdos em relação ao que se passa no mundo real, indiferentes aos desafios emergentes, em busca daquela lei que verdadeiramente "salvará" as disciplinas do desenho, a cidade, os jovens profissionais e o resto. Mas a capacidade de construir um novo programa para a acção, com visão prospectiva, exige que abordemos, num clima de abertura, questões como a economia da profissão e a colaboração interprofissional.

Pedro Brandão, Ensaio sobre o hoje e a substância (parte 2), in Arquitectura e Vida, Abril 2007

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O peito às balas

Só há dias percebi que o nome do blogue Pastoral Portuguesa se deve a Philip Roth. E ainda há gente que me lê.

Grandes temas

O Noddy explicado às crianças pela minha mulher:

(...) Expliquei ao João, pacientemente, que a opção do Orelhas assenta numa concepção deontológica da moral, constitutivista, que, embora cheia de valor filosófico, pode tornar pior a vida das pessoas e insurgir-se contra teorias mais liberais como as que são defendidas lá em casa. Que, de um ponto de vista consequencialista e utilitarista (no bom sentido, claro), o Orelhas teria feito uma opção claramente ineficiente, ao atribuir um benefício a quem não o valorizava, e que, como tal, dele não retirou qualquer utilidade, privando da mesma quem efectivamente valorizava ser o primeiro (todos os outros brinquedos). Por outras palavras, o Noddy ficou na mesma e pelo menos um brinquedo ficou pior do que poderia estar. O Orelhas não procedeu a um movimento de Pareto. Além de que se me escapar a moral deontológica da coisa. O Orelhas bem nos podia ensinar algo para além da sua moral paranoica de que é absolutamente errado e insensato querer ser o primeiro a liderar um cortejo de brinquedos.

«VL- Se não, você vai deixar pressionar, A, B, C, o primeiro-ministro, o caralho, tal.»

Através do Blasfémias, cheguei a estas transcrições do Correio da Manhã. Não faço ideia do que está esta gente toda a falar, mas lá que é divertido, é.

domingo, 15 de abril de 2007

O sobrinho de ano e meio da Mariana tem alma de blogger

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Defeso

Confirma-se que o Pedro Mexia foi convidado a sair do DN. Não se confirma, porém, que esse convite tenha partido de Marcelino: foi Fernandes quem o seduziu. À sexta e ao sábado, como antigamente, o Mexia estará agora no Público. É um reforço de peso (sem ironia).

sábado, 14 de abril de 2007

a.s*

A edição deste mês da arq./a* traz Célia Gomes e Pedro Machado Costa, os arquitectos do a.s*. A entrevista sintetiza o refrescante discurso da dupla formada na Escola do Porto que, ao contrário do que é habitual, se libertou do seu academismo reinante, muito por culpa, reconheça-se e glorifique-se, de Manuel Vicente. Depois de Manuel Graça Dias, Célia Gomes e Pedro Machado Costa dão uma nova expressão geracional ao discurso de Manuel Vicente (são os dois 20 anos mais novos que Graça Dias, que por sua vez é 20 anos mais novo que Manuel Vicente, o que estabelece uma cadência cronológica interessante), que se caracteriza por uma incessante procura lúdica de uma liberdade de projecto que foge como o diabo da cruz de qualquer referência ou etiqueta. No caso de Célia Gomes e Pedro Machado Costa, os fantasmas são a já referida Escola do Porto e a omnipresente Holanda, variante Delft, que os dois vão recusando, reinterpretando, subvertendo, esquecendo. O único ponto de referência que não é negado é Manuel Vicente, alguém cuja obra até «questionável», mas cujo processo é «consequente» (PMC). Fazendo a necessária comparação com Manuel Graça Dias, há que dizer que Célia Gomes e Machado Costa parecem ter uma solidez de intenções que Graça Dias nunca teve, nem nunca quis ter, imerso que sempre se deixou estar na infinitude de opções que o desenho lhe abre. Nesse sentido, Graça Dias é um produto directo do jeito Manuel Vicente: alguém cuja obra fica constantemente aquém do seu discurso falado e escrito (e é de influência que estamos a falar). O a.s* parece estar a conseguir dar o salto: conseguir que a obra construída (ainda escassíssima, o que não deixa de ser surpreendente) corporize «consequentemente» o estimulante discurso. Porque nos projectos do a.s*, apesar da aparente recusa de uma tradição implícita portuguesa, há uma adesão emocional, se quisermos, mais fácil e mais pacífica, talvez resultante de uma paleta de cores menos delirante e de uma abertura aos novos materiais que a Vicente e Graça Dias nunca seduziram (a herança de Kahn e o que quer ser um tijolo). Apesar dessa recusa do establishment, Célia Gomes e Pedro Machado Costa estão a intervir sem medo no panorama cultural contemporâneo, gerando influência e reconhecimento internacional, enquanto que Manuel Vicente se viu obrigado a emigrar para Macau (o que lhe valeu uma olímpica ignorância por parte das almas lusas) e Manuel Graça Dias se deixou encurralar numa romantizada versão de uma cultura contra-corrente, algo isolada. Desta «nova geração» são os meus preferidos.

* A revista passou a ser mensal e baixou o preço para metade. Editorialmente denota ligeiras melhorias. Era uma revista que tinha ambições intelectuais que nunca chegou a atingir, por isso esta versão que se quer mais acessível parece que lhe fica melhor, assenta-lhe melhor nos ombros.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Não tinha nada de importante para fazer nesse dia

Confesso que tive saudades dele. Fraquejei. Cedi. Desde a sua saída do Expresso que nunca mais lhe li nada. Até hoje. Fui dar um salto ao Sol, e daí passai para o Política a Sério, onde encontrei esta pérola (que me fez lembrar o quanto gosto deste Saraiva):

(...) 28 anos depois, na segunda visita de Isabel II a Portugal, voltaria a vê-la. Não o tinha planeado. Recebera um convite para uma recepção no iate real (que ainda era o Britannia) mas decidira não ir. É raríssimo ir a cerimónias deste género. Mas no dia da recepção um colega foi desafiar-me ao gabinete:
– Por que é que não vai? Vamos os dois. Sempre me faz companhia. E a Rainha de Inglaterra não vem todos os dias a Lisboa...
Não tinha nada de importante a fazer nesse fim de tarde e acabei por ir. (...)

Notícias das trevas

Contaram-me que uma pessoa conhecida me apelidou de «herege». Fiquei logo todo orgulhoso.

Uma excepção conhecida



(...) na verdade, tirando excepções conhecidas, alemãs bonitas é um conceito que não existe. (...)

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Público

Através do Paulo Pinto Mascarenhas fico a saber que o Pedro Mexia está de saída do DN. Não é algo que me surpreenda, já tinha imaginado essa hipótese. E vou ficando com a sensação de que todas as mudanças no DN são para pior, pelo menos para mim, apesar de não estar a seguir por perto o processo. O DN estará a correiodamanhãzar-se, a alterar por completo o perfil do seu leitor. Com a saída do Pedro Mexia transformar-me-ei num ex-comprador do DN (se esta saída se estender à 'NS, o que me parece lógico). Mas ainda bem que vivemos num sistema capitalista, e ofertas não faltarão ao Pedro Mexia, com certeza. Aguardemos.

Update

Dois blogues novos na coluna da direita: Trento na língua e De Rerum Natura.

Um filme político

Il Caimano é mesmo um filme de esquerda: a miúda gira é lésbica.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Se provado que assim foi

Obviamente que o caso da licenciatura de Sócrates é gravíssimo. E obviamente o Público, em total isolamento de outros media, fez (no seguimento de um blog, que não li) um excelente trabalho. José Manuel Fernandes está de parabéns. Ter de explicar porque é que é assim é ter de explicar o alfabeto elementar da democracia, entre outras coisas a distinção entre o público e o privado. A infidelidade conjugal, por exemplo, é uma matéria privada. A obtenção de uma licenciatura não. A presunção que ela foi obtida por favor político e em desprezo de todas as formalidades, é, tratando-se do Primeiro-Ministro, matéria que deve ser investigada até ao mais ínfimo detalhe. E, se provado que assim foi, conduzir directamente à demissão de José Sócrates. Porque, se provado que assim foi, não resta uma molécula de autoridade ao Primeiro-Ministro. Tão simples quanto isso. Simplex.

Paulo Tunhas, no blogue da Atlântico

Trade-off

Casados com separação de bens mas em comunhão de bibliotecas.

Miúdas giras

Há dias, um amigo, que não é frequentador de transportes públicos, apareceu visivelmente transtornado depois de uma viagem de metro. Segundo ele, naquele dia «o metro estava cheio de miúdas giras». Respondi-lhe dizendo que vejo miúdas giras no metro todos os dias, opinião que ele desprezou por achar manifestamente impossível. Na sua cabeça, tinha assistido a um milagre, um alinhamento cósmico favorável, um evento com a raridade de um Haley. E isso estava claramente a perturbá-lo. Na ordem natural das coisas, presumo, não é suposto haver miúdas giras nos transportes públicos. Na praia (o meu amigo é surfista), nos habituais roteiros nocturnos, no cinema (o meu amigo tem uma paixão verdadeira pela Amanda Peet). Não no metro. A simples presença de algumas miúdas giras na carruagem naquele dia tirou-o de órbita. Acho que nesse dia assisti a uma Mudança de Paradigma. Assim mesmo, com maiúscula.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Constatação

Sou um técnico. Nem sequer especializado.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

A propósito de títulos

profissionais: poderei apresentar-me como «arquitecto» sabendo que não possuo nenhuma camisa preta?

domingo, 8 de abril de 2007

Our man in Plymouth



O Rodrigo Vasconcelos é um fotógrafo de talento. Esta minha frase é desnecessária para quem conhece o seu trabalho. Digo-o por puro interesse materialista: a primeira venda do Rodrigo está na nossa sala, com dedicatória de quem no-la ofereceu, orgulhosamente exposta. Uma preciosidade, um bem, um investimento de alto rendimento que um dia valerá a nossa reforma. Isto a propósito da nova galeria do site do Rodrigo ("Soup"), a primeira que revela a cor. Fica o convite.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

É claro que há questões

É claro que há questões que têm de ser postas em relação ao cartaz. Quem é que o pagou? Foi a RTP? Ou foram os quatro? Ou um terceiro, anónimo? Parece-me inviável ter sido a RTP a fazê-lo, seria institucionalmente inaceitável. Uma coisa é produzir programas de televisão de humor (sem censuras), outra é passar directamente à rua. Deixa lá isso, é o PNR, todos pensarão. Mas precisamente por ser o PNR é que devemos questionar. Porque, para o bem e para o mal, pronto, mais para o mal, a RTP é do Estado, e o seu orçamento serve para fazer televisão. Mesmo sendo o PNR (que, lembremos, é um partido político tão legal como qualquer outro) temos de concordar que aquele cartaz não é só humor, é também uma expressão política. Digo isto por ser o PNR, por não correr o risco de estar ofendido com qualquer coisa que me é próxima, que me mova especialmente. Não quero estragar a festa a ninguém, sobretudo àqueles que trabalham com vista para o Marquês e de quem tenho inveja. Mas isto já não é apenas um sketch sobre o Marcelo. E não pode ter sido a RTP a pagar o cartaz. É só isso.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

O Cartaz



Acabámos de passar pelo Marquês de Pombal e, como passámos depressa, só deu para perceber umas frases do cartaz, nada de caras. Perguntei à Mariana quem é que teria posto ali aquele cartaz, já que ela trabalha perto, mas não me soube responder. Não pensei mais nisso até chegar ao Arrastão. Bem hajam os quatro.

Casei-me para poder dizer isto (2)

- Ontem a D. disse-me que ia borrifar para as dietas, que não ia deixar de comer o que lhe apetecia só por causa da linha.
- Admiro os solteiros que dizem isso.

Casei-me para poder dizer isto (1)

Não tenho a tua vida, pá.

«Não me tragam blogues»

terça-feira, 3 de abril de 2007

Que nem Daniel Craig

Desde que vi Casino Royale fiquei todo empolgado pra fazer exercício porque queria ficar que nem Daniel Craig saindo do mar, só que com a cara menos amassada.

Alexandre Soares Silva

Empatia

Bento XVI terá proferido declarações (contaram-me) onde mostrava distanciamento relativamente ao fenómeno «Fátima», esfriando os ânimos daqueles que lutam pela beatificação da irmã Lúcia. O teor dessas declarações terá sido o de um intelectual que encara um fenómeno «popular», menorizando a real importância teológica das aparições, às quais apelidou de «privadas». Estamos cá para isto: para bater quando não gostamos, e para aplaudir quando gostamos. Desta, gostei.

domingo, 1 de abril de 2007

São 611,25 indispensáveis quilojoules



E 17% da dose diária recomendada de cálcio. Ou seja, 6 destes e estamos arrumados de cálcio para o resto do dia. É um bom pretexto.