sábado, 30 de setembro de 2006

Plano de Revitalização da Baixa

Segundo li há dias, consta no recém entregue Projecto de Revitalização para a Baixa-Chiado a possibilidade de haver cotas para a classe média nas futuras habitações recuperadas. No site da CML cita-se Maria José Nogueira Pinto: «(...) [a política sectorial de habitação do projecto] vai permitir estabelecer uma cota para o segmento da classe média, que é no fundo a população que a Baixa sempre teve. Não queremos que aconteça o mesmo que no Chiado, cujo metro quadrado se ficou em valores muito altos. A Baixa tem de ser diferente. (...)» Este «tem de ser» arrepia-me. Mais me custa ouvir isto vindo de alguém que pertence a um partido que se diz liberal. Gostava de ter acesso a este Plano para o analisar com atenção, mas à partida esta ideia das cotas parece-me uma péssima ideia. Por uma razão de princípio, e por um rol de razões práticas. A existência de uma cota para a classe média pressupõe um custo para alguém, e esse alguém é o potencial investidor. Se eu, como investidor, vir limitado, por lei, o lucro que poderei obter, se calhar vou investir o meu dinheiro para outro lado. E a não ser assim, é a CML que vai suportar esse custo, através de subsídios a fundo perdido, directos ou indirectos, coisa para a qual não me parece haver condições. Enfim, fico desapontado. Como vou passar a morar brevemente na Baixa (não precisei de um Plano para me convencer) esta questão passa a afectar-me directamente. E a questão das cotas prejudica-me: acabo de comprar uma casa no mercado livre, espero poder vendê-la também no mercado livre. E ao querer, por lei, fazer baixar o preço por metro quadrado na Baixa, a CML está a baixar o preço por metro quadrado da minha casa (porque é que alguém há-de querer comprar a minha casa quando tem ao lado uma outra mais barata, subsidiada pelo Estado?). Quem me paga o prejuízo? Adiante. Vou para o Ikea.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Bolinhas

Ora aqui está a prova de que nem sempre duas pessoas munidas da mesma informação chegam às mesmas conclusões. Falo de A Senhora da Água (que ainda não vi), o mais recente filme de Shyamalan, e das bolinhas (salvo seja) de dois críticos que prezo no DN, João Lopes e Pedro Mexia. O João Lopes dá 5 bolinhas, o Pedro Mexia dá bolinha vermelha (é tipo não dar bolinhas). Em que ficamos, obra-prima ou uma merda? Vou ter de ir ver o filme? É a isso que me obrigam?

P.S.1: Eu sou um fã do Shyamalan (hã?). Gostei muito de todos os seus filmes anteriores: O Sexto Sentido, Sinais e A Vila. Em princípio estou disposto a gostar deste seu novo trabalho, mas vamos lá ver. O quê? O Protegido? Não comento.

P.S.2: Mais bolinhas. Gostava que o programa de hoje na :2 pudesse ter bolinha: o debate entre o anglófilo e a francófila ganharia muito com o palavrão. É só uma ideia.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Hans Rosling

Imperdível.

a paz de espírito só está ao alcance de um escasso número de pessoas inteligentes (e de uma multidão de estúpidos)

Os chineses têm aquela maldição insólita: «Que vivas em tempos interessantes», sabendo que os tempos desinteressantes são os únicos que permitem alguma paz de espírito. Não sei se isso é mesmo assim, porque todos os tempos são interessantes e desinteressantes (depende dos assuntos e dos gostos); e porque a paz de espírito só está ao alcance de um escasso número de pessoas inteligentes (e de uma multidão de estúpidos).

Eu vivi os meus «tempos interessantes» (os da maldição chinesa) entre 1993 (Agosto) e 2006 (Setembro). Entre o fim da adolescência e a entrada definitiva na idade «adulta» (imaginemos que), com uns grandes intervalos lúcidos pelo meio. Anos extraordinários mas extenuantes. Com muito delirium tremens, muita incerteza, muito telefonema tremendista, muita bolsa lacrimal e papila gustativa, muito descarrilamento, muita interpretação apressada, muita metáfora, muita valsa lenta e alegria breve e canções diante de uma porta fechada. (...)

Tempos Interessantes, Pedro Mexia, sugiro a leitura do texto na íntegra.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Boato

Estou plenamente convencido de que, tal como acontecia com O Meu Pipi, o Tiago Galvão é o Ricardo Araújo Pereira.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Flair

Os ingleses são de facto superiores. Vai ser preciso muito tempo para vermos por cá este nível exibicional.

Bancada Central

Diz-se, nomeadamente por aí, que o Benfica está a fazer, cito, «um mau início de época». Mas qual «início», pergunto eu, e qual «época»? Estamos a falar naquela competição organizada pelos senhores Loureiro e Madaíl? Ai é aí que «começa a época»? Só se for para a ralé. Para o Benfica, assim como para o Barcelona e clubes desses, a época começa com a primeira jornada da liga dos campeões. Isto até agora têm sido treinos à porta aberta. E a isto chama-se snobismo desportivo. E como compete a um bom snob, mesmo decadente não se deixa de empinar o nariz. Benfica-Man Utd, que ganhe o melhor. Ou então o Benfica.

Títulos

Devido à greve do Metro, caminhei esta manhã da Baixa até ao Campo Pequeno (estou bem, obrigado). De passagem por um quiosque vejo, quase sem me deter, um título de jornal que me sobressalta com a hipótese de estar a ver mais uma frente diplomática sensível aberta por Joseph Raztinger: BENTO APOSTA NA CONSISTÊNCIA EM MOSCOVO. No nano-instante seguinte as minhas preocupações esfriam-se: percebo que o jornal é o Record e que se fala do Sporting.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Vejam lá isso

Os muçulmanos são uns caras gozados, de facto. Mas a malta que organiza as manifs devia ter um bocadinho mais cuidado na escolha dos cartazes e dos cânticos. É uma questão de pormenor, admito, mas não será despropositado responder ao suposto insulto do Papa com cartazes dizendo «A resposta é conquistar Roma» enquanto cantam «O exército do Islão voltará»? À atenção lá do sindicato local.

A Memória Inventada, 2003-?

Até já, Vasco.

Religião e razão

Muito interessante a análise que Pacheco Pereira faz ao discurso de Ratisbona do Papa. O texto do discurso é importantíssimo, concordo, mas a minha posição mantém-se: não cabe a um Papa «criticar o Islão» como se de um mero intelectual se tratasse. Apesar de eu ser particularmente sensível a essa relação entre a religião e razão. De qualquer maneira, aqui fica o devido copy / paste da segunda metade do artigo:

(...) O que é que o texto papal diz? Que a razão humana, o logos dos gregos, é um elemento indissociável da voz de Deus, e que todas as tentativas de separarem razão e fé, colocando uma contra a outra, são um erro. O Papa identifica essencialmente duas correntes que cometeram esse erro: uma a que afirma a transcendentalização absoluta de Deus; a outra a que resulta da separação iluminista entre fé e razão, que foi transportada para o cientismo contemporâneo.

Muito do que diz o Papa tem que ver com a percepção que tem Manuel II Paleológo de que a violência ao serviço da fé é "desrazoável" e "contrária à natureza de Deus". O próprio Papa diz que esta constatação é a "frase decisiva em toda a argumentação", e que o imperador, um erudito de cultura grega clássica, estava a enunciar um dado fundamental da tradição clássica grega, absolutamente idêntico ao que é a "fé em Deus fundada na Bíblia".

Ora, aqui o Papa critica o islão, não por causa da violência da espada de Maomé, mas sim porque "na doutrina muçulmana Deus é absolutamente transcendente", ou seja, dito em breve e em grosso, não há verdadeira interacção entre Deus e os homens, não há necessidade da razão, a fé é essencialmente aceitação e obediência. O Papa refere, "para ser honesto", que na tradição teológica cristã surgiram tendências do mesmo tipo, mas condena-as na mesma crítica que faz ao islão.

Porque é que o Papa diz isto tudo? Está lá no texto em todas as entrelinhas e nalgumas linhas: ao valorizar a fusão plena da tradição grega do logos com o cristianismo, o Papa está a enunciar a tradição cultural da Europa, da história tumultuosa do seu pensamento e dos fundamentos da sua identidade. Está a falar de religião e de política, de cultura e de pensamento, da União Europeia e da Turquia, do cristianismo e do islão. Isto sim é que devia ser discutido, isto é o que o Papa esperava que fosse discutido. E isto é que interpela o islão, se ele se deixar interpelar.

Lixo

José Diogo Quintela, mexendo no lixo que é o «jornalismo» desportivo português (com a preciosa ajuda de Leonor Pinhão).

40 anos

Através do PostHabitat noto que se anda a celebrar os 40 anos do Complexity and Contradiction in Architecture, de Robert Venturi. Como se nota pelo título deste blogue, é uma data que também não quero deixar passar em branco. Li-o a primeira vez quando era aluno do Manuel Vicente, talvez o mais venturiano dos arquitectos portugueses, e na altura foi uma enorme lufada de ar fresco no meu embrionário pensamento arquitectónico: quer o professor Manuel Vicente, quer o Complexity and Contradiction in Architecture. Ambos passaram e foram ficando para trás, mas frequentemente me apercebo que as poucas coisas que sei sobre arquitectura muito devem a essa dupla. Pelo humanismo, o humor, a vontade de olhar para as coisas com outros olhos, o espírito independente e algo marginal. Sobretudo pela ideia cimeira de que a arquitectura é uma coisa lúdica por natureza, e que o divertimento («divertido» era o adjectivo mais usado pelo Manuel Vicente) e a surpresa são essenciais na arquitectura. Como se nota, era e é um discurso bastante oposto àquele veiculado pelo Movimento Moderno e que ainda vai dominando o debate e a construção em Portugal. Curiosamente, quer do Robert Venturi quer do Manuel Vicente sempre gostei mais do que diziam (e dizem) do que aquilo que faziam (e fazem). O que é a combinação pedagógica perfeita, afastando os eventuais mimetismos e tiques sem sentido. Um brinde.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Habetis Papam

Este post da Helena, no tristes tópicos. Está dito.

Bento XVI no DN

(...) É por isso que Ratzinger terá, em alguma medida, de sacrificar o seu fascínio pela História das Ideias (oportunamente recordado nestas páginas por José Medeiros Ferreira) à sabedoria milenar herdada pelas vestes de Bento XVI. (...)

O ultra-moderado Mário Bettencourt Resendes faz um bom resumo da situação, cuja essência (para quem não quer dar-se ao trabalho de ler o artigo) se exprime neste parágrafo. Apesar de concordar com algumas coisas que Luciano Amaral diz hoje também no DN, não consigo ter essa posição de vitimização do Papa. E não ficava nada mal ao Vaticano começar a ter uma melhor relação com a comunicação social, em vez das constantes queixas (ainda que fundadas) sobre «as más interpretações».

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Boas maneiras suecas

Ouvido, no IKEA, ontem:

(ele, carregando uma embalagem grande que parecia pesada aos ombros, para ela): Tu cala-te, senão levas com isto nas costas.

Grandes questões

Pondo de lado por uns momentos o creacionismo, queria interpelar o Tiago Cavaco numa talvez mais essencial questão: a distorção. Agora que se aproxima a fama em palco, senti a necessidade de possuir aquilo a que se convencionou chamar uma pedaleira. Não gosto particularmente de efeitos, só preciso de dois ou três para lhe dar gás de vez em quando. Gosto de me manter relativamente iletrado no que toca à tecnologia: acho que se não vier da alma, não vale a pena vir de todo. Ainda assim, já encomendei o objecto. É robusto, metálico, um tanque, e é roxo. Posso dar-lhe patadas que, garantem-me, a coisa fica no sítio. Está limitada no número de cenas que faz ao som, o que me convém dados os 13 minutos diários que tenho para dedicar ao solos (a malta da minha banda rir-se-à com estes «13 minutos»). Como é óbvio, já todos perceberam que falo da Zoom GFX1, à venda nos locais habituais por pouco mais de 100 euros. Tiago, estou a desencaminhar-me? Um abraço.



O meu braço direito se a minha guitarra não é tal e qual esta.

Ordem

Um bom texto de Joaquim Manuel Magalhães, citado pelo Eduardo Pitta, que lembra que a questão do casamento homossexual não é apenas uma bandeira política do BE e da JS, mas é sobretudo uma questão de pessoas que se vêem casadas sem reconhecimento social e político, ou seja, marginalizadas sem razão aparente. É um texto sereno que dá voz àqueles que querem ver a situação resolvida mas que se incomodam com os Louçãs e as Jamilas desta vida. A ler.

Efeméride

Um ano de Estado Civil.

(A menos de um mês das comemorações do 4º aniversário da «blogosfera».)

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Ainda o Papa

Uma das razões pela qual se percebe que nos está a escapar qualquer coisa é o facto da generalidade da esquerda ter desaprovado as declarações do Papa, e da generalidade da direita as ter defendido. Apesar de se tratar de um tema político, o que está em causa (na minha opinião) é saber se pode deixar-se um Papa cometer uma gaffe assim. Qual foi essa gaffe? A pouca sensibilidade que teve ao abordar, independentemente do contexto em que o fez, um tema são delicado. Ratzinger arriscou, sentiu-se à vontade para elaborar sobre o tema e escolheu uma citação que mereceria um maior cuidado. Se deveria pedir desculpa? Não, porque não há nada para desculpar. Ou melhor, a pedir desculpa seria sempre pela falta de tacto, pelas más interpretações a que deu aso, e nunca pelo conteúdo daquilo que disse. Ou seja, penso que é um assunto que diz respeito sobretudo aos católicos (e marginalmente aos muçulmanos, que atribuem com esta sua reacção um poder político ao Papa que ele não tem). É uma questão de estilo: haverá católicos que se sentem bem representados, outros que não tanto. Esta não é uma questão política, muito menos ideológica. Bento XVI não insinuou que o Ocidente era superior ao Islão; não ofendeu os muçulmanos, apenas analisou a relação entre uma religião e os poderes políticos que ao longo da história dela se usaram, análise que não fica bem a um Papa. O facto de nos termos todos aproveitado politicamente deste incidente (aposto que há por aí textos com a palavra «Bush») é sinal de que estamos todos mal preparados para o ouvir. Quem gosta de imputar a este Papa uma política conservadora e intolerante, logo viu aqui uma oportunidade de ouro (aqui cabe quase a imprensa toda); quem não gosta de perder uma ocasião para amaldiçoar os árabes, esticou o peito às balas dirigidas ao Papa. Tudo isto é triste e evitável.

P.S: A prova de como não é a religião que está aqui em causa, está no facto das comunidades islâmicas alemãs e britânicas terem vindo prontamente declarar que se sentem explicadas com os recentes esclarecimentos do Papa, enquanto que nos países muçulmanos os vários líderes religiosos continuam a insistir num suposto insulto (exceptuando, lá está, o caso do Egipto). Ou seja, não é fácil definir o que é o Islão, embora seja fácil perceber o que é o Irão. Isso faz toda a diferença.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

VPV e o Papa

O Papa e o islão
de Vasco Pulido Valente*

Não deve haver académico que, lá no fundo, não tenha um especial fraquinho pelo Papa Bento XVI. Afinal, ele faz parte da corporação e, mais, foi durante muito tempo um motivo de orgulho para a corporação. Fala o dialecto da seita, escreve no dialecto da seita e, se não pensa como a seita, pensa segundo as regras da seita. Só que é Papa e que, sendo Papa, de quando em quando, esquece o mundo cá de fora e reverte ao seu velho papel de universitário. O "escândalo" de Ratisbona não passa disto. Bento XVI, querendo explicar a irracionalidade da conversão pela violência, citou o imperador Manuel II Paleólogo. Num diálogo com um persa, Paleólogo dissera: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava". O mais preliminar assistente de Literatura, História, Filosofia ou Teologia percebe logo três coisas. Primeira, que o Papa não dá o imperador Paleólogo como um intérprete autorizado da religião muçulmana, mas como um como um opositor inteligente à perseguição religiosa. Segunda, que o Papa não esqueceu as perseguições da sua própria Igreja e que usou o imperador por conveniência ilustrativa da desordem moderna. E, terceiro, como o título e o resto da conferência comprovam, que Ratzinger não estava interessado em "atacar" ninguém, estava interessado na dualidade da fé e da razão. Infelizmente, a "rua" islâmica não é o público letrado da Universidade de Ratisbona e começou rapidamente a usual campanha de ódio contra o Bento XVI, que de toda a evidência o deixou estupefacto. O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona. Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus. Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto. Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristão um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele. A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada. A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo. Se o islão se ofendeu, pior para ele.

*Através da Bomba Inteligente

15 minutos

Há que dizê-lo com frontalidade: o Sol é uma merda. Ou seja, o Expresso está condenado.

Vernáculo

«O futebol, para mim, acabou. Não volto com a palavra atrás. Em seis meses, tive dez inspecções à minha fábrica, recebi ameaças anónimas, deram-me cabo do carro. (...) A pessoa que me fez o telefonema foi à PJ, fez queixa, e tem três testemunhas. Defendo os microfones nos árbitros, porque a maior parte são mal formados, sem o mínimo respeito pelos profissionais. No lugar do Pintassilgo, tinha-lhe dado um murro nos cornos, porque não admito a ninguém que me chame filho da puta.»

O inflamado João Sintra, presidente do Portimonense, ontem, depois do jogo com o Leixões. Ouvi estas declarações na rádio, e permito-me dizer que este texto é um polimento considerável das palavras de João Sintra.

domingo, 17 de setembro de 2006

O Papa não é um homem

Pois. CAA e João Miranda, no Blasfémias, passam ao lado de essencial:

(...) Então o Papa - ou qualquer outro cidadão numa sociedade europeia livre - não pode fazer uma interpretação histórico-filosófica acerca de factos com relevância, cultural, teológica e civilizacional? Ou sobre o que lhe apetecer? (...)

(...) Em nome desse acervo civilizacional já várias vezes me pronunciei contra atitudes deste Papa - pelas mesmas razões, agora sinto-me compelido a apoiar o seu direito e o da organização que dirige a poderem debater o que quiserem e como quiserem. (...)

CAA

(...) Onde é que param os do islão moderado? Umzinho que apareça a explicar que citar um imperador bizantino não é a mesma coisa que concordar com ele? Que para além do mais é uma coisa naturalíssima numa conferência para académicos. Umzino? Não há um único nos 1400 milhões que valorize a liberdade intelectual? (...)

João Miranda

Em primeiro lugar, não me interessa a reacção do Islão. Não é devido aos protestos dos muçulmanos na rua que as declarações do Papa me incomodaram. Em segundo lugar, ninguém (já excluí o mundo muçulmano) quer amordaçar o Papa, nem impedi-lo de dizer seja o que for. O que se trata aqui é de uma condenação das suas palavras, o que é muito diferente de dizer que o Papa não tinha o direito de as dizer. Tinha, mas isso não deixa de constituir um erro, precisamente porque o Papa é o Papa. E aqui chegamos ao terceiro ponto, e o mais essencial: contrariamente ao que o CAA pensa, o Papa não é «um cidadão numa sociedade europeia livre» qualquer, e muito menos é a Igreja «uma organização que [o Papa] dirige». E, para pegar no que diz o João Miranda, o Papa não pode deixar de ser Papa e voltar a ser um académico. É o preço a pagar por ser Papa. Quando Ratzinger fala, não fala por ele: aos Papas é negado o direito de ter opiniões pessoais (repare-se, é uma imposição de ordem religiosa, e não legal), sobretudo sobre assuntos como este. Um Papa não pode fazer um ensaio, uma exposição, uma palestra polémica apesar de intelectualmente estimulante. Sempre que o Papa fala em público, fala em nome de todos os católicos. E é assim que é visto pela opinião pública, e é assim que o é de facto. Por isso o Papa não pode fazer «interpretações [...] sobre o que lhe apetecer», e Ratzinger sabe-o. Confundir o direito à liberdade de expressão com a auto-legitimação de tudo o que um Papa diz, é algo que não faz sentido. A liberdade de expressão permite-o dizer o que disse, mas não me impede a mim, como católico, de desejar que ele não o tivesse dito. Sobretudo porque o que disse é um disparate com um forte alcance.

sábado, 16 de setembro de 2006

Erro

As declarações do Papa, ainda que eventualmente descontextualizadas, são indesculpáveis (ou se apela a uma estranha ingenuidade ou então tem de se explicar que a um Papa do séc. XXI se cobra tanto aquilo que «parece» como aquilo que «é», são as regras do jogo). Parece que Ratzinger ainda não percebeu que há uma diferença entre ser um teólogo respeitado e ser Papa. O que lhe terá passado pela cabeça para, em vésperas de uma visita à Turquia, se ter lembrado de centrar em Maomé e no Islão uma palestra (não sabia que os Papas davam «palestras») sobre a relação entre a religião e violência? E o que lhe terá passado pela cabeça para citar, como bem nota o Bruno, um imperador bizantino contemporâneo da Inquisição? A mim fica-me a estupefacção, e a sensação cada vez mais forte de que Joseph Ratzinger foi um enorme erro de casting.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Estratégias



É bonito o logotipo.

Luca

Metade da blogosfera que leio está a discutir o evolucionismo e o creacionismo. Não percebo nada do assunto. Não sou cientista. Nem pregador. Mas ainda assim sinto-me mais creacionista do que a outra cena. Corrijam-me se estou errado: segundo os evolucionistas, passámos disto



para isto



apenas devido à «evolução das espécies», não é? Sou o único a considerar que essa tese coloca, digamos, algumas interrogações?

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Modelo



O problema dos recibos verdes e da sua respectiva geração é um problema de estilo: só se podem preencher com uma esferográfica, o que determina logo aí o status da coisa. Há quem possa não dar importância a este pormenor, eu acho-o decisivo. Regularmente somos reduzidos à condição-Bic, se é que me endentem. Coincidência? Não creio. O recibo verde tem a fama que tem devido à impossibilidade de o preenchermos com a nossa Montblanc vintage (dá-se o acaso de eu não possuir nenhuma, mas se possuisse gostava de poder assinar os meus recibos com ela, iam a ver se não nos passavam a olhar doutra forma, é o que eu vos digo), e não por causa do regime instável de trabalho que representa. Oh, ingénuos, é a Bic que nos lixa.

O que explica muita coisa, mas não explica o golo do Caneira

Intimamente sei que
Sou um João César das Neves mas em fixe.

Tiago Cavaco

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Tira teimas

Fernando Santos, n'A Bola: «Temos o desejo de fazer um bom jogo e fundamentar a capacidade desta equipa, e, como disse a seguir ao jogo [com o Boavista], não tenho dúvidas da qualidade desta equipa e daquilo que é capaz de fazer». Estou com Fernando Santos. Também eu, depois do jogo com o Boavista, não tenho dúvidas da qualidade desta equipa e daquilo que é capaz de fazer.

Figo

O problema do Sporting é que é uma equipa simpática. Desde a saída do Sá Pinto e tirando Liedson, não há ali ninguém para odiar, o que torna os jogos ligeiramente aborrecidos para um benfiquista. Eu até gosto muito do Moutinho, do Nani, do Djaló (era assim no CM, será sempre assim) e daquele miúdo promissor que entrou na segunda parte, o Alecsandro. O Alecsandro, aliás, é um fenómeno que visto agora até seria previsível. O Alecsandro é, digamos, uma simbiose entre os dois grandes grupos imigratórios que se têm vindo a estabelecer em Portugal: os primos do Deco e a malta de leste. Reparem, não é Alessandro nem Alexandr: é Alecsandro. O que explica muita coisa. Mas não explica o golo do Caneira.

Só queria deixar uma nota, que se prende com a atitude de Patrik Vieira aquando da sua expulsão. Vieira, apesar de ainda ser neto de português, demonstrou uma dignidade invulgar. Foi mal expulso (aquilo era para amarelo, está bem que seria o segundo, mas nunca para vermelho directo, o que é razão suficiente para uma pessoa se indignar) e não protestou. Esperou uns segundos, tentando perceber se o adversário estava bem, e saiu. Repito: e o Vieira ainda é neto de português. Isto é ainda mais difícil de explicar do que o golo do Marco.

Muito mais

«Os terroristas têm muita culpa, mas as pessoas que combatem o terrorismo têm muito mais.»

Dr. Mário Soares, ontem, naquele programa da Fátima Campos Ferreira

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Enfim

Não, não. Eu acho que o Modernismo foi uma revolução, e que há, sem dúvida, um antes do Modernismo e depois do Modernismo. Talvez se sobrevalorize o papel intelectual dos arquitectos no meio disto tudo: o betão armado terá sido provavelmente o maior responsável pela mudança de paradigma. Mas que foi uma revolução, um modo novo de desenhar edifícios (o Frampton diz que não, enfim), lá isso foi. Escreveram-se coisas e fez-se muita propaganda. A malta juntou forças e organizou comícios. Os Ornamentos e Crimes, os CAMS, a fotografia. Nunca antes se tinha assistido assim a uma vontade tão concertada de mudar as coisas, de ensinar essas mesmas coisas (a Bauhaus). Aquela merda foi melhor organizada do que o PC Chinês. Depois, só mais tarde, é que vieram os regionalismos e essas coisas todas, quando os arquitectos começaram a perceber que a história estava a ir longe demais. De resto, tudo de acordo.

P.S: E ó João, isto não quer dizer que o Modernismo foi essecialmente de esquerda? «Provavelmente o erro modernista é ter abandonado o indivíduo, preterido pelo sonho colectivo.» Sonho colectivo? Mas então...

NY



Vincent Laforet

Dois homens fazem manutenção à antena do Empire State Building.

A face do terror

Ok. O João Pereira Coutinho é um menino. Uma criança, um corista de calções. JPC acusa Corbusier e a arquitectura moderna de serem ambos maus, frios, cinzentos, autoritários e arrogantes. Com isso vivemos nós bem. Não, não nos fiquemos por aí. O alcance do mal impregnado na arquitectura moderna vai muito além das paredes cinzentas. Quem a sabe toda é o João César das Neves, que percebeu direitinho o culpado do 11 de Setembro. Esqueçam Bin Laden, é esta a face do terror:



Minoru Yamasaki

(...) Assim, os protagonistas das acções destes últimos cinco anos estiveram ausentes do atentado que alegadamente lhes deu origem. Nem o Afeganistão, nem o Iraque, nem as armas de destruição maciça representaram qualquer papel naquela terrível manhã. Aliás, as famigeradas armas mantiveram-se teimosamente ausentes em todo o processo e só agora ameaçam aparecer, mas no Irão e na Coreia do Norte, que nada têm a ver com o assunto. Por outro lado o arrojo arrogante do arquitecto das Torres Gémeas nem sequer foi indiciado. (...)

in DN 11.09.06

domingo, 10 de setembro de 2006

Anselmo Borges

Ao Domingo, o melhor antídoto para o pastor de segunda-feira.

FARC

Tudo bem que Vital até pode ter publicado 10 posts no dia 8 de Setembro. Tudo bem. Mas a quantidade só serve para iludir os mais desatentos. Verdadeiramente digno de registo é o seu post solitário, e de uma linha apenas, de 10 de Setembro (espera lá, 10 de Setembro é hoje, fica aqui a
nota que Vital pode voltar atacar ainda durante o dia de hoje). Reza assim:

E queixam-se!
«Professores portugueses são terceiros mais bem pagos da OCDE.»

Pronto. Vital já rima há muito com «liberal». Pimba: cacetada nos professores e nos sindicatos. A este já não deixam passar pelos portões da Atalaia.

sábado, 9 de setembro de 2006

Os nossos valores*

Não é a primeira vez que João Pereira Coutinho se debruça sobre a arquitectura moderna. Também não é a primeira vez que usa os exemplos pioneiros da arquitectura moderna como pecados capitais de um grande mal orquestrado pelos «autoritários» arquitectos. De qualquer maneira, e porque sou sensível aos argumentos de JPC (ou seja, sei que ele não está a ser desonesto, está apenas mal informado), aqui fica um excerto da sua crónica no renovado (yeah, right) Expresso:

(...) O que nos diz Alain de Botton? O mesmo que Ruskin um século antes: a arquitectura não se limita à qualidade técnica que exibe; a arquitectura é uma arte humana e, como todas as artes humanas, lida essencialmente com a natureza dos homens em sociedade. Tradução: se um arquitecto acredita que o seu «métier» é semelhante ao de um poeta ou pintor, ele passa ao lado do essencial. A arquitectura tem pouco a ver com a originalidade solipsista de outras expressões artísticas. Pior: na busca da originalidade arquitectónica existe sempre uma pulsão autoritária - a necessidade de impor colectivamente o que apenas nos pertence individualmente. Não preciso dar exemplos, embora as experiências urbanísticas do nosso Siza fossem um bom exemplo: a avenida dos Aliados, no Porto, um espaço tradicionalmente de encontro e fruição, está hoje convertido num deserto de cimento por onde se passa mas não se fica.
Alain de Botton também oferece um caso: na década de 20, Henry Frugès, industrial francês, resolveu encomendar a Le Corbusier um conjunto de habitações para os seus operários. Le Corbusier correspondeu à encomenda com utilitário concentrado: habitações despojadas; janelas rigorosamente rectangulares; total ausência de "folclore decorativo", para usar as palavras do próprio. O resultado, do ponto de vista funcional, é perfeito. Mas perfeito na cabeça de Corbusier.
Na realidade, os operários que passavam 12 ou 14 horas a trabalhar numa fábrica desejavam mais do que 'função' e 'racionalidade' na altura de regressar a casa. Por isso começaram, com o passar do tempo, a rasgar janelas onde só havia cimento; a plantar pequenos jardins; a acrescentar portadas de madeira; e a desfigurar, para horror do arquitecto, o sonho abstracto que o animara. Ainda hoje é possível visitar Pessac, no sul de França, e contemplar o local do crime: o lugar dessa revolta humana contra os abusos do racionalismo modernista.
(...) Relembro apenas que os sítios que habitamos devem expressar a forma como vivemos. E nem sempre espaços perfeitos, estética ou funcionalidade, são uma promessa de felicidade. Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para as nossas próprias casas: espaços imperfeitos que se vão moldando ao nosso corpo, e ao corpo das nossas rotinas, como se fossem peças de vestuário que habitamos por dentro. E que não trocamos por nada.

Corbusier foi um homem perturbado com uma visão, e suficientemente hábil para a conseguir fazer avançar junto dos homens e no terreno. Fez muito de questionável e até de condenável (há quem não o ache, eu estou na primeira fila a atirar as pedras que forem precisas), mas tornou-se, por mérito próprio, num mentor de uma geração, ou de várias gerações. Como sempre acontece numa revolução (a a arquitectura moderna foi uma revolução), os excessos dos PRECs não são suficientes para condenar a coisa toda. Corbusier foi um mal necessário que ajudou a arquitecura a sair do buraco eclético e superficial onde se tinha enfiado. Com o seu racionalismo (lembrar que quando se falar de arquitectura moderna nem sempre se fala de racionalismo), Corbusier lembrou os valores intrínsecos da arquitectura. Falhou, falhou redondamente sobretudo nos seus projectos de habitação colectiva (eu não viveria lá nem à lei da bala). Mas abriu muitas portas. E usar esses exemplos como prova da incapacidade da arquitectura moderna, do seu ímpeto totalitário e desumano, é não querer discutir ou apreciar tudo o resto. Também não preciso dar exemplos, mas posso invocar um homem que deve muito a Corbusier: Fernando Távora. Muito mais haveria para discutir, mas acontece que vou almoçar.

* A crónica de JPC chama-se «Arquitectura da felicidade».«Os nossos valores» é o título da crónica vizinha de página de Daniel Oliveira, que não li, e nem sei de que trata (reparo que começa com «Bush»), mas que se adequaria na perfeição a esta de JPC, com ênfase noo «nossos».

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Let's

Há que não deixar passar em claro que o Lauro António tem um blogue.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Só para ver se entendi

Está toda a gente surpreendida por haver uma organização terrorista sul-americana no Avante?

Siza, opus n



Pavilhão em Anyang, Coreia do Sul, com Carlos Castanheira e Jun Sung Kim

Depois queixem-se

Será que as pessoas (excluindo, para simplificar, todos aqueles que compraram o álbum da Floribela) sabem que os Strokes são a melhor banda do mundo? Há dias em que me fica a sensação que talvez não. Isso deixa-me inquieto.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

12 x 4g

Acabei de dar duzentos e quarenta paus por um pacote de sugus.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

«Gilberto Madaíl»



Em fotografia do Record.

domingo, 3 de setembro de 2006

Sei que sou o que sonhei

A discussão sobre a «regionalização» e a «descentralização» há muito que se arrasta em Portugal. É um daqueles temas onde parece que é bonito haver um grande concenso politicamente correcto: estamos todos a favor, só não sabemos como. Ora, a Igreja Católica em Portugal há muito que está à frente do seu tempo, e os referidos conceitos estão serenamente enraízados no seio da sua cultura. Basicamente, e tal como acontecerá com a descentralização, a Igreja Católica é politeísta, usando-se de um mui avançado politeísmo por delegação de competências. Essa hierarquia é bem visível nos meses de verão por esse país fora, mais especificamente, por esse país dentro. Há festa, há baile, há música em honra das variadíssimas lusas Nossas Senhoras (que são uma e uma só, para quem acha que a Santíssima Trindade é difícil de ententer). O ambiente é feudal: a aristocracia rural cruza os portões das suas quintas e junta-se ao povo na ginginha, no bagaço e no calo. Primas que no ano passado ainda não tinham maminhas, este ano já usam mini-saia. Um tio que no ano passado apanhou um pifo de caixão à cova, este ano está com um pifo de caixão à cova. Um amigo vem de Lisboa e traz a namorada que faz furor, o Zé das bifanas caiu para cima dela acidentalmente três vezes só durante o medley. Há uma grande sensação de classe, condições sociais fictícias que se tornam reais se todos nelas acreditam. A terra não é grande, e a consanguinidade ameaça. Só se vê primos, engates dos primos, e empregados dos primos. Tudo regado ao ar livre, a sessenta cêntimos a imperial. Pela noite dentro, pois não há ninguém para se queixar do barulho, e mesmo se o fizesse não teria grande sorte: o destacamento da zona da GNR está todo encostado ao balcão das ginginhas, amparando-se os agentes mutuamente. Foi precisamente numa dessas celebrações regionais que julgo ter assistido ontem, e penso não me enganar, a uma actuação, ao vivo, a cores, com caspa e tudo, para chegar finalmente ao propósito do post, do há muito esquecido e abandonado, injustamente, terá de se ressalvar, Serafim Saudade. O quê, ele não existe? Também a Nossa Senhora da Piedade Infinita do Monte dos Pobres também não, e não é por isso que se deixam de rebentar foguetes em sua honra.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Tabelas

Vital Moreira deixou uma questão interessante: comparar os salários mínimos e médios nos países da UE, para ver se também nessa comparação estamos na cauda da europa. A coisa interessou-me, e dei uma volta por aí. Encontrei esta tabela (Table 3) que faz precisamente essa comparação (deixa alguns estados de fora, incluindo o nosso). Por outro lado, neste relatório da Embaixada Americana aparece referido um valor do salário médio em Portugal, citando a CGTP como fonte. O salário médio ronda os 682€, segundo os comparsas da central sindical. Ou seja, podemos dizer que o salário mínimo em Portugal (374,40€) representa 54,8% do salário médio nacional. Voltemos à tabela inicial. Procuremos, então, algum país com uma percentagem superior a esta. Rapidamente se percebe que estamos à procura do inexistente. A tabela é limitada no seu alcance, pois deixa de fora os países sem salário mínimo (Austria, Alemanha, Itália, e os super-nórdicos todos), mas o facto de entre os páises que foram submetidos a esta análise nenhum apresentar uma relação entre salário mínimo e salário médio tão alta como Portugal, indica que o nosso salário mínimo é alto, e pode ser um factor de desiquilíbrio no mercado de trabalho. Ou significa que o salário médio é baixo. Ou seja, parece que «há um forte argumento para o crescimento do salário mínimo nacional» abaixo «da subida dos salários em geral». Mas eu não percebo nada de economia.