sexta-feira, 22 de setembro de 2006

40 anos

Através do PostHabitat noto que se anda a celebrar os 40 anos do Complexity and Contradiction in Architecture, de Robert Venturi. Como se nota pelo título deste blogue, é uma data que também não quero deixar passar em branco. Li-o a primeira vez quando era aluno do Manuel Vicente, talvez o mais venturiano dos arquitectos portugueses, e na altura foi uma enorme lufada de ar fresco no meu embrionário pensamento arquitectónico: quer o professor Manuel Vicente, quer o Complexity and Contradiction in Architecture. Ambos passaram e foram ficando para trás, mas frequentemente me apercebo que as poucas coisas que sei sobre arquitectura muito devem a essa dupla. Pelo humanismo, o humor, a vontade de olhar para as coisas com outros olhos, o espírito independente e algo marginal. Sobretudo pela ideia cimeira de que a arquitectura é uma coisa lúdica por natureza, e que o divertimento («divertido» era o adjectivo mais usado pelo Manuel Vicente) e a surpresa são essenciais na arquitectura. Como se nota, era e é um discurso bastante oposto àquele veiculado pelo Movimento Moderno e que ainda vai dominando o debate e a construção em Portugal. Curiosamente, quer do Robert Venturi quer do Manuel Vicente sempre gostei mais do que diziam (e dizem) do que aquilo que faziam (e fazem). O que é a combinação pedagógica perfeita, afastando os eventuais mimetismos e tiques sem sentido. Um brinde.