sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Arte de Morrer Longe

«Era deste jaez (feliz palavra árabe, cada vez menos usada e cujo significado vem em todos os dicionários e bela expressão tão rafada em tempo de letras mais bojudas, que qualquer escritor, com uma única excepção, hesitaria em usá-la), era deste jaez, dizia (fórmula de repetição também recuperada do arsenal literário e que se destina a evitar que a atenção do leitor se distraia e comece a pensar noutras coisas, nanja no essencial), dizia (embora antes seja meu dever chamar a atenção para este magnífico "nanja", que não é de origem japonesa, mas sim de etimologia facilmente descortinável) e tendo-me eu esquecido da continuação da frase vou retomá-la, desde o início com vossa licença.»

A Arte de Morrer Longe, Mário de Carvalho


Basta ao mundo moderno desencantado ser narrado pelo narrador dos livros de Mário de Carvalho para que tudo lhe seja perdoado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O SLB

Henrique, o 4-1-3-2 já era. Ou muito me engano, ou irá ser assim:

Artur;
Capdevilla (até meio da época, depois entra o brasileiro que ainda consegue correr), Garay, Luisão e Maxi;
Javi Garcia e Witsel (de longe a melhor contratação do ano);
Nolito (vê-se que o miúdo quer agarrar a oportunidade de jogar num grande), Gaitán e Perez;
Cardozo.

Com o Aimar, o Saviola e o Jara à espreita, o Mora emprestado (o que é pena), o Rodrigo a suplente do Cardozo e o Gordo César recambiado para o Brasil no primeiro avião.

E ainda está a falar um central e um lateral direito.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Isto é um bom filme



A sério.

O código de vestuário da Católica

Estranho que quem se indigna contra o código de vestuário da Católica pareça estar convencido de que fala em nome da maioria das pessoas - sendo que, na sua maioria, são pessoas que nunca estudariam na Católica por uma questão de princípio. Sou contra, evidentemente (sou contra qualquer proibição do decote, seja em que circunstâncias for), mas não acho assim tão evidente que esta tenha sido uma má decisão da Católica (cá estaremos para o avaliar). É uma instituição privada que tomou uma decisão que só afecta quem lá estuda e trabalha. Com a liberdade vem a tolerância, ó libertinos.

(Bom, não é bem um código, é mais uma lista de recomendações.)

Pré-época

O ódio de Pinto da Costa ao Benfica levou-o a gastar 23 milhões de euros em laterais. Isto, para os jornais, é uma «vitória».

terça-feira, 19 de julho de 2011

Não acedia ao cinecartaz há 14 meses

Os filmes em cartaz no verão têm todos um algarismo no fim.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

SBSR



Apesar de toda a gente à minha volta repetir a ideia de que aquele não era um «público para Walkmen», o concerto foi, by far, o melhor do dia: depois de Hamilton Leithauser (semi-deus) tudo pareceu brincadeira de criança (e de certo modo foi: Zach Condon e Alex Turner nasceram em 1986). Na memória registo o som algo difuso dos Tame Impala (ainda à procura de concentração), um ou outro bom momento de Lykke Li (embora geralmente aborrecido), e um monumental bocejo que foi o concerto de Beirut, onde o trabalho técnico de som também não ajudou. Os Artic Monkeys deixei-os para os miúdos que circulavam com Bongos no farnel.



O indie é giro, mas fica-se com a sensação de que teria sido preferível estar na concentração motard de Faro para os Iron Maiden.

(P.S.: Cruzei-me no público com membros de muitas bandas portuguesas que teriam dado concertos bem melhores do aquilo que se viu ontem.)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Amanhã, 20:20, ali no Meco



(Vai ser impossível repetir o concerto do Coliseu, mas ainda assim é isto, é isto.)

terça-feira, 12 de julho de 2011

O resto são números

Tudo se resume a uma capacidade de organização: a Grécia não sabe organizar-se, Portugal não sabe organizar-se, e quem já foi a Itália sabe perfeitamente que os italianos não sabem organizar-se. O resto são números.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A música portuguesa a gostar dela própria



Vejam lá se aparecem que é à borla:

Sábado, 9, 19:30 - FNAC Alfragide;
Segunda-feira, 11, 21:30 - FNAC Colombo;

Quarta-feira, 20, 19:30 - FNAC Chiado;
Quinta-feira, 21, 22:00 - FNAC Vasco da Gama;

E amanhã, embora sem a minha presença, vamos estar no Miradouro de São Pedro de Alcântara entre as 19:00 e as 22:00 a pôr discos a tocar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto (1952-2011)

Uma notícia triste. Ficámos mais pobres.

A lixeira

Tenho, como a maioria dos portugueses, um empréstimo e uma hipoteca junto de um banco português onde tenho concentrados todos os meus os assuntos, vá, financeiros. Por motivos pessoais não relacionados com o espectacular desempenho financeiro das minhas aplicações a prazo, vou ser obrigado a relocalizá-las para outra instituição bancária. Não estou descontente com este banco e tenho pena de ter que fazer esta alteração. Como não conheço o sistema bancário, tenho perguntado a pessoas que o conhecem sobre o melhor destino a dar às minhas poupanças. A resposta tem sido sempre a mesma: põe num banco estrangeiro, põe no Deutshe, que agora até deixou de estar vinculado à lei portuguesa, põe no Santander, ou no Banco do Brasil, ou sei lá, não ponhas é num banco português. E tenho assistido a pessoas que têm feito exactamente isso: têm retirado o dinheiro que têm em bancos portugueses para o pôr em bancos estrangeiros. Ao mesmo tempo que fazemos isto, vamos acusando o governo e a senhora Merkel pela descida de rating da república. Ou seja, estamos a deitar o lixo todo no quintal e agora estamos espantados que aquilo se tenha tornado numa lixeira. Portugal definha porque deixou de ser amado pelos portugueses. Nisto, os livros de auto-ajuda têm razão: se tu não gostares de ti próprio, ninguém gostará.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A pré-época do Benfica

Tanto argentino e o melhor negócio de sempre é um puto das caxinas contratado por duzentos mil contos.

No pussy blues



Há várias coisas que me fascinam neste vídeo:

- o facto de eu não ser um fã de Nick Cave até ao fim-de-semana passado;
- Warren Ellis e o seu mandocaster;
- as barbas (e o bigode);
- a realização do Later que percebe na perfeição o artista que está a filmar;
- o tema.

Damn.

domingo, 3 de julho de 2011

An inexplicable sense of longing

The loss of my father, I found, created in my life a vacuum, a space in which my words began to float and collect and find their purpose. The great W.H. Auden said "The so-called traumatic experience is not an accident, but the opportunity for which the child has been patiently waiting – had it not occurred, it would have found another- in order that its life come a serious matter." The death of my father was the "traumatic experience" Auden talks about that left the hole for God to fill. How beautiful the notion that we create our own personal catastrophes and that it is the creative forces within us that are instrumental in doing this. We each have a need to create and sorrow is a creative act. The love song is a sad song, it is the sound of sorrow itself. We all experience within us what the Portuguese call Saudade, which translates as an inexplicable sense of longing, an unnamed and enigmatic yearning of the soul and it is this feeling that lives in the realms of imagination and inspiration and is the breeding ground for the sad song, for the Love song is the light of God, deep down, blasting through our wounds.

The Love Song Lecture, Nick Cave (1999)

sábado, 2 de julho de 2011

Aos dois dias do mês de Julho do ano de dois mil e onze

Um senhora que a RTP apresenta como «formadora de etiqueta e protocolo», convidada a comentar a cerimónia de casamento do CEO da offshore do Mónaco, acaba de usar, em directo, a expressão «missa domingueira».

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Esqueci-me da Agustina

Não sei como.

Estou há mais de um ano nesta casa e ainda não tenho uma estante em condições, por isso

O Luís Serpa enviou-me aquilo dos livros. Vou tentar responder com rigor, profundidade existencialista, e um subtil mas acertado humor.

1. Existe um livro que relerias várias vezes?

Releria? Qual é a condição subjacente ao tempo verbal? Não sabemos, isto começa bem. Se me perguntam qual o livro que eu acho que deveria ler várias vezes, digo a Bíblia Sagrada. Se me perguntam qual o livro que provavelmente mais vou reler ao longo da vida, então arrisco o O Livro de Pantagruel. O livro que eu li mais vezes até hoje foi a Aparição, do Virgílio Ferreira, mas não sei muito bem porquê (quatro vezes, devo ter passado por uma fase existencialista na adolescência, não vamos falar mais disto, por favor).

2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

Não. Quase todos os livros que começo não acabo, mas nunca insisto.

3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?

O Livro de Pantagruel. Mas no dia em que me aperceba desse conceito que é «o resto da minha vida» nunca mais leio nada.

4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?

Anna Karenina.

5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?

Fácil, fácil, fácil: The Comfort of Strangers, do Ian McEwan, perdão, Ian Macabre.

6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?

Tenho um historial de intestinos teimosos, portanto desde criança que a leitura assume um papel fundamental no meu bem estar fisiológico. Mas vamos lá, li a Agatha Christie toda, e o Conan Doyle (isto é, o Poirot e o Sherlock Holmes), e uma colecção para rapazes chamada The Hardy Boys. E Os Cinco, claro. O que eu não li nunca foi aquela colecção escrita pela ex-ministra da Educação, sempre achei aquilo muito apatetado.

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?

Vargas Llosa disse um dia que uma das coisas de que se arrependia de ter feito na sua juventude foi o de achar que tinha de ler os livros até ao fim. Eu achei isso muito bonito, e desde então nunca li nenhum livro chato até ao fim.

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

Não tenho livros preferidos, mas há alguns autores de que gosto sempre: Martin Amis, Mário de Carvalho, Michael Lewis, Somerset Maugham, David Lodge, Eça de Queiroz.

9. Que livro estás a ler?

Mao: The Unknown Story e Him With His Foot In His Mouth. E O Livro de Pantagruel.

10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.

Se o Rogério Casanova ainda tivesse um blogue gostava muito de assistir às suas respostas.