quarta-feira, 31 de agosto de 2005
Concordo com Vital Moreira
(...) O facto de os primeiros grandes nomes de apoiantes anunciados serem o empresário Belmiro de Azevedo, no caso de Cavaco Silva, e os cientistas Manuel Damásio e Sobrinho Simões, no caso de Mário Saores, não poderia ser mais expressivo dessa substancial diferença de perfil, e da própria imagem que os candidatos querem transmitir.
Avança manel! Dá kabo do soares e do kavaco! Estamos ctg
Manuel Alegre, na sua declaração de hoje, disse ter recebido muitos apoios por carta, telefonemas, e sms. Isso mesmo, sms.
Salgado em Chelas com o CDS
Manuel Salgado acompanhou hoje Maria José Nogueira Pinto numa visita a Chelas. Ambos apressaram-se a deixar claro que não se tratou de um «apoio político» mas apenas de um convite feito pela candidata do CDS a um especialista de urbanismo. Manuel Salgado foi mesmo mais longe ao dizer que está (ou «estaria») disponível para fazer visitas do mesmo género com «qualquer candidato». Estas declarações só se compreendem se se partir do princípio que Manuel Salgado tem uma ingenuidade política que lhe é difícil de reconhecer. Depois do episódio Carrilho, e sendo Manuel Salgado uma figura muito pública, uma aparição junto de um candidato terá sempre uma leitura política. A visita nada teve de inocente. Maria José Nogueira Pinto colhe dividendos duplos: por um lado vê o seu nome associado a um «especialista» conceituado no que diz respeito ao urbanismo de Lisboa; por outro ganha também pontos ao trazer para junto de si (ainda que apenas pontualmente) um nome pesado que já esteve envolvido numa candidatura do PS. O que ganha Manuel Salgado no meio disto tudo, já que a ingenuidade não é uma fatiota que lhe assenta bem? Leio este «passeio» por Chelas como mais uma oportunidade para se mostrar aos eleitores Lisboetas, mais um risco no seu esboço como possível candidato à autarquia no futuro. Wishful thinking?
terça-feira, 30 de agosto de 2005
Girl-friend
Em relação à amizade entre homens e mulheres claro que tudo seria muito mais trágico se a situação fosse a inversa, ou seja, todos acabássemos por ficar amigos das mulheres por quem nos sentimos atraídos.
Para não dizerem que ando só a ler o Krier
Jorge Figueira reuniu em livro os seus textos dos últimos anos. O livro chama-se AGORA QUE TUDO ESTÁ A MUDAR. Custa 10.40€ na FNAC. Não digam que não avisei.
Too sexy for my shirt
When Harry Met Sally. Tema: a amizade (impossível) entre um homem e uma mulher atraente. Todos parecem chegar a um consenso inesperado. Sim, é impossível. Tal como uma única mulher num círculo de amigos, uso como exemplo. «Sim», diz um comensal, «a dada altura um deles terá sempre um fraquinho por ela». «Não um», arrisco corrigir, «todos».
QE
Será o Homem um ser «racional»? Acho que não. Não puramente racional, pelo menos. É por aqui que me consigo distanciar dos assustadores modelos económicos de entendimento do comportamento humano. Realmente, se o ser humano utilizasse uma base estruturada e racional para tomar decisões, a análise económica (causa-efeito, custo-benefício, rendimento, rentabilização, optimização, etc) seria inatacável. Mas sempre que oiço alguém do campo a discursar, percebo que o «homem» é reduzido a uma particula racional, uma peça com um comportamento entendível. Felizmente todos temos as nossas obsessões, manias, preconceitos, caprichos. Felizmente somos todos muito irracionais. Só para dar uma corzinha à coisa.
Non rational
Defendo os direitos dos homossexuais (na base da liberdade de comportamentos entre dois adultos) em jantar de amigos. Os argumentos são os de sempre. E, como sempre, não é preciso muito para que saia a primeira piada sobre a orientação sexual de quem prega. Apenas mais um exemplo de como, em qualquer assunto, o «nós» e o «eles» é muito mais importante do que o assunto propriamente dito. Tudo é uma competição, uma barricada, uma luta. Os pontos vão-se amealhando. Será uma questão de honra.
segunda-feira, 29 de agosto de 2005
Freddy vs. Jason 4
Krier, on the other hand, seems to promise everything that Eisenman lacks: a coherent urbanistic idea, a theory about the relationship between architecture and the city, and a practice that embraces architecture's ameliorative agency. Where Eisenman teases out discontinuity and memorializes loss, Krier wants to intervene as a planner and an architect to repair the wounds and make the body of the city whole again.
Stan Allen, «Figures, Fields, Fragmens», Eisenman Krier / Two Ideologies
Stan Allen, «Figures, Fields, Fragmens», Eisenman Krier / Two Ideologies
domingo, 28 de agosto de 2005
Call agent Mulder
Ainda estou espantado por, ontem, em jogo perigoso, ter conseguido mimicar «Charlie Brown».
Eu sabia que isto estava escrito em qualquer lado
Vencido do catolicismo, sem plural
que me conforte ou confronte,
sem o ombro gratuito, conveniente,
de uma geração que me console.
Vencido eu porque ele primeiro,
caduco para séculos sem tragédia
ou sem a dolorosa comédia
da sua teoria que nos rasga
por inteiro, débil, negociado,
luz lúdica de lâmpada de solário,
em trânsito para saberes provisórios
da mágoa o magma nomeado.
Vencido e convicto de vencido,
sem voto, mas no temor e tremor
compulsório perante este velho
móvel dos avós, o oratório.
Pedro Mexia, «Vencido do Catolicismo», Vida Oculta (2004)
que me conforte ou confronte,
sem o ombro gratuito, conveniente,
de uma geração que me console.
Vencido eu porque ele primeiro,
caduco para séculos sem tragédia
ou sem a dolorosa comédia
da sua teoria que nos rasga
por inteiro, débil, negociado,
luz lúdica de lâmpada de solário,
em trânsito para saberes provisórios
da mágoa o magma nomeado.
Vencido e convicto de vencido,
sem voto, mas no temor e tremor
compulsório perante este velho
móvel dos avós, o oratório.
Pedro Mexia, «Vencido do Catolicismo», Vida Oculta (2004)
Coisas para gostar em França (mantra)
O queijo. Sophie Marceau. O croissant. Paris. O vinho (se bem que o nosso não seja nada mau, passava muito bem sem o vinho francês, mas vá lá). Sophie Marceau. O Tour. As esplanadas. A invenção da FNAC. Jean Nouvel, Dominique Perrault e o atelier do Renzo Piano (se bem que podia ser deslocalizado para qualquer outro sítio, risquem este último então). Ok, ok, o impressionismo e o pós-impressionismo na Paris de novecentos. Zinedine Zidane. Sophie Marceau. A língua. Nãa, estava a gozar. É tudo.
Olhós ali na estante
Acabaram o Fora do Mundo e o Aviz. Mas hoje saí da FNAC com o Longe de Manaus e o Vida Oculta debaixo do braço. You can run but you can´t hide.
Chuta para a frente
Parece que o sacana do Ivan sempre vai conseguir ganhar a aposta. As frases têm sido despejadas a um ritmo alucinante. São boas? Não sei. Ando ostensivamente a ignorar a série BnO. Acho que em papel ler-se-ão bastante melhor. É só uma opinião.
Sobre o catolicismo
Ratzinger eleito. Grande desilusão. Geral. Minutos passam. Entranha-se. Afinal Ratzinger não é assim tão mau. Bento XVI é o homem certo na altura certa. Já passou. Ratzinger apagou-se da memória. Tudo são rosas mais uma vez. Bento XVI recebido na terra natal por «milhares de jovens». Os jovens estão com Ratzinger. Ratzinger abençoado pela juventude, em massa, delirante. Mas eu não me consigo juntar ao coro. Não consigo dizer bento dezasseis. Soa-me mal. Ratzinger ainda é Ratzinger. Aliás, Ratzinger é para mim, hoje, mais Ratzinger do que nunca. Isto quer dizer alguma coisa.
Nocturno
Eu sei que deveria estar a dormir. Não é propriamente um dever, como uma obrigação, mas é algo que faria sentido. Quando te disse até amanhã indiquei que me preparava para adormecer. Mas se te lembrares, antes disso já tinha desconfiado que não iria dormir bem esta noite. Uma sensação de desconforto físico (talvez seja alguma coisa no meu estômago, a mesma coisa que te pôs mal disposta a seguir ao jantar) que anunciou um sono difícil. Podia estar a ler, sem dúvida, em vez de estar aqui a olhar para este ecrã estúpido. Não sei o que é, escrever assim à noite, fingindo que são estranhos que me lêem, mas distrai-me mais do que qualquer outra coisa. Lisboa em Agosto já não é o que era. Oiço os carros lá fora mais frequentes do que seria de esperar (são três e cinquenta da manhã, as rádios já dizem bom dia em vez de boa noite). Para mim é de noite, de madrugada, e sei porquê. Dormes. E quando dormes há uma parte das coisas que adormece também. Elas não deixam de existir. Estão lá como de dia, mas sem a luz. Hoje estavas bonita.
A vida sexual de Pedro M
Raparigas abraçadas ao Código Civil,
serve para alguma coisa,
o Código Civil, nunca imaginei,
que bom ser Código Civil.
Pedro Mexia, Código Civil», Vida Oculta (2004)
serve para alguma coisa,
o Código Civil, nunca imaginei,
que bom ser Código Civil.
Pedro Mexia, Código Civil», Vida Oculta (2004)
sábado, 27 de agosto de 2005
A informação acima de tudo
Chegou ao balcão e pediu para ser informado sobre os métodos anti-contraceptivos.
Sabedoria milenar
Academics in the UK claim their research shows that men are more intelligent than women.
«Isso é suposto ser notícia?», reagiu prontamente em comunicado o Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
«Isso é suposto ser notícia?», reagiu prontamente em comunicado o Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
Dopping de Lance Armstrong?
(...) Do we not hear the noise of the grave-diggers who are burying God? Do we not smell the divine putrefaction? - for even Gods putrify! God is dead! God remains dead! And we have killed him! (...)
Friedrich Nietzsche, The Gay Science (1882)
Friedrich Nietzsche, The Gay Science (1882)
quinta-feira, 25 de agosto de 2005
Freddy vs. Jason 3
If the only alternative to traditional urbanism were avant-gard experimentalism, Krier would win hands down.
Stan Allen, Eisenman Krier / Two Ideologies
Stan Allen, Eisenman Krier / Two Ideologies
Freddy vs. Jason 2
Eisenman: I think a beautiful building is a modern building.
Krier: That is a contradiction in terms.
Eisenman: Who is to judge?
Krier: You!
Eisenman: Then there are no judges?
Krier: One must be one's own judge because other judges are unreliable.
Eisenman: But you once one said that people who design modern buildings will probably burn in hell. You then become their judge.
Krier: Yes. Rather, they force others to live in their hell.
Eisenman: How can you know that? Who puts you in touch with those facts?
Krier: I just observe how and where architects live; they rarely live in their own buildings or in new towns. That is only a fine point.
Eisenman Krier / Two Ideologies
Krier: That is a contradiction in terms.
Eisenman: Who is to judge?
Krier: You!
Eisenman: Then there are no judges?
Krier: One must be one's own judge because other judges are unreliable.
Eisenman: But you once one said that people who design modern buildings will probably burn in hell. You then become their judge.
Krier: Yes. Rather, they force others to live in their hell.
Eisenman: How can you know that? Who puts you in touch with those facts?
Krier: I just observe how and where architects live; they rarely live in their own buildings or in new towns. That is only a fine point.
Eisenman Krier / Two Ideologies
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
Prenup 2
Ainda sobre a casa do casal Aniston-Pitt em Sintra. À mesa de jantar discutia-se o caso. Quem teria ficado com o imóvel? Todos manifestámos o nosso desejo. Homens e mulheres, em uníssono, gritámos pelo miúdo do Telma and Louise.
Prenup
Parece que a Jennifer Aniston e o Brad Pitt tinham uma casa em Sintra. Sintra, curiosamente, a terra por onde flano por estes dias. Alguém que me informe: qual dos dois ficou com a propriedade? É que a remota possibilidade de me cruzar com a menina Jolie é o suficiente para alongar as férias por período indeterminado.
Rubrica Cita o maradona, pá
Pequena autobiografia política: Quando tinha dezoito anos votei no PSR, agora sou de direita, gosto mais do Presidente Bush que do Clinton mas menos que do Reagan ou da Thatcher, acho que as pessoas devem poder ser facilmente despedidas dos seus empregos, defendo o capitalismo selvagem, gostava que o Estado transferisse a sua função social da prestação de serviços gratuítos para o fornecimento directo de dinheiro às pessoas que precisam, sou a favor da abolição de toda e qualquer barreira à circulação de produtos (que terá ser sempre prévia à de pessoas) e da legalização da produção, venda e consumo de todo o tipo de drogas, leves duras ou assim assim, acho que os paneleiros deveriam poder adoptar as crianças que quisessem ainda que se conceda que seria melhor para qualquer miudo ser criado por duas pessoas com um mínimo de bom gosto (acusações de homofobia para: acausafoimodificada@hotmail.com), gostaria que o meu país concedesse direito de voto aos emigrantes ilegais (leram bem: ilegais), declaro que nunca assisti a uma unica carga policial injustificada ou desproporcionada em toda a minha vida, e, finalmente, considero que se devia poder bater impunemente com um taco de beisebol em todo e qualquer artista de rua com que nos cruzemos.
maradona
maradona
segunda-feira, 15 de agosto de 2005
domingo, 14 de agosto de 2005
Algures fora daqui (por enquanto)
O bloguista contactou telefonicamente com o este blogue por mais de duas vezes, e por mais de duas vezes este blogue disse ao bloguista que não era necessário interromper as férias.
segunda-feira, 8 de agosto de 2005
Enfiar a cabeça na água a ver se passa
Um post que não é entendido por ninguém. Que gera mal estar. Que revela uma situação com pouco sentido. Que dá relevância a uma fraca piada. Que é, talvez, apenas parvo. Algo que foi escrito de um modo inocente e que, por ter sido (mal) (d)escrito, ganhou autonomia, virando-se contra o feiticeiro. Quem brinca com o fogo queima-se. Quem anda à chuva molha-se. Ainda bem que vai tudo para férias. Senão o blogue acabava hoje. Não gostaste. Deito fora. Vou ali guardar as andas de escritor antes que caia. Como disse, pode ser que a distância das férias resolva o enguiço. Certo é que durante estes dias não vou guardar saudades deste endereço.
domingo, 7 de agosto de 2005
Patrulha
Estou sempre de livro na mão* quando estou na praia. Não vá a Clara Ferreira Alves estar à espreita.
*Afirmação, obviamente, não verdadeira.
*Afirmação, obviamente, não verdadeira.
sábado, 6 de agosto de 2005
Outra, a mesma
«Levo namorada», disse, sabendo nós que a sua relação com C., que durara alguns anos, terminara há algum tempo. «Será uma gaja nova?», interrogaram-se os amigos, sem pudor, apelidando a misteriosa figura feminina de gaja como se de um objecto qualquer se tratasse. Todos sabiam, no entanto, que a namorada em questão era C. (por várias razões que não interessam agora), a mesma de sempre, que suscitava a simpatia de todos. Ainda assim, apesar de C. ser alguém (muito) querido ao grupo, ninguém escondia o desejo de o ver chegar com uma gaja nova. Porquê? Por nenhuma razão que possa fazer sentido. É nestas alturas que se tem de admitir que somos todos uns cabrões.
Aula prática
Há coisas que não se ensinam nas escolas de arquitectura. Por exemplo, a projectar uma cozinha. Isso mesmo, nem mais, uma cozinha. Felizmente é algo que se aprende facilmente: basta passar uma tarde a lavar e a arrumar uma.
sexta-feira, 5 de agosto de 2005
Serviços mínimos
Devido ao calor intenso que se faz sentir, este blogue não encontra condições para assegurar mais do que os serviços mínimos. Ou seja, e para uma definição de serviços mínimos, vai abusar-se da citação:
Há um argumento a favor dos fogos de Verão que ainda não vi discutido em Portugal. A coisa é algo animista e nunca chegará aos jornais, mas não é improvável que os incêndios resultem do desejo legítimo que o território nacional tem de emigrar. É um direito indiscutível que assiste os portugueses e que deve ser defendido também para o País. Sim, para a terra, as árvores e as pedras portuguesas. O mármore português ainda beneficia das exportações e deixa Portugal de forma legal. Mas imaginemos a agonia de um carvalho centenário, literalmente enraizado dentro de uma reserva natural. Que hipóteses tem esta respeitável árvore de sair legalmente de Portugal? Nenhuma. Não acham isto trágico? Eu acho. Depois admirem-se que ande por aí tanta árvore a imolar-se pelo fogo e a abandonar o país na forma de cinzas levadas pelo vento.
Tulius Detritus, n'A Memória Inventada
Há um argumento a favor dos fogos de Verão que ainda não vi discutido em Portugal. A coisa é algo animista e nunca chegará aos jornais, mas não é improvável que os incêndios resultem do desejo legítimo que o território nacional tem de emigrar. É um direito indiscutível que assiste os portugueses e que deve ser defendido também para o País. Sim, para a terra, as árvores e as pedras portuguesas. O mármore português ainda beneficia das exportações e deixa Portugal de forma legal. Mas imaginemos a agonia de um carvalho centenário, literalmente enraizado dentro de uma reserva natural. Que hipóteses tem esta respeitável árvore de sair legalmente de Portugal? Nenhuma. Não acham isto trágico? Eu acho. Depois admirem-se que ande por aí tanta árvore a imolar-se pelo fogo e a abandonar o país na forma de cinzas levadas pelo vento.
Tulius Detritus, n'A Memória Inventada
Ai é? Então cá vai
(Só para contrariar o Bruno)
Procura-se casa simpática na costa do Alentejo para semana de férias. Com ou sem internet.
Procura-se casa simpática na costa do Alentejo para semana de férias. Com ou sem internet.
Silly, de absurdo
Abrir a torneira na posição azul e receber de volta água quente, quente como raras vezes se digna a aparecer.
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
quarta-feira, 3 de agosto de 2005
Silly, oh yeah
João, esse texto do Manuel Salgado tem dois mil e nove escrito nas entre-linhas (assim espero).
P.S.: Da Risco é a autoria do Plano Pormenor do recinto da Expo, cingido a essa área específica e muito contida. Os restantes planos pormenor do Parque das Nações são assinados por outros nomes.
P.S.2: Quando ao Valsassina, espera aí que eu já te atendo (essa de dizeres que a obra dele é o grau 0 da prática tem muito que se lhe diga).
P.S.: Da Risco é a autoria do Plano Pormenor do recinto da Expo, cingido a essa área específica e muito contida. Os restantes planos pormenor do Parque das Nações são assinados por outros nomes.
P.S.2: Quando ao Valsassina, espera aí que eu já te atendo (essa de dizeres que a obra dele é o grau 0 da prática tem muito que se lhe diga).
Strongly recomended
(...) Meet Viriato (179-139 B.C.), a warrior chieftain of a tribe (the “Lusitanos”) from the western Iberian Peninsula, who held off the Roman invasion for several years. Viriato was so good at throwing stones from cliffs at the Roman Legions and in using guerrilla tactics that he had to be murdered in bed by three of his own people, who had been bribed by the local centurion. When Hollywood runs out of the most obvious epics, they will immortalize Viriato on the big screen. Portugal will then lobby to choose a star that is Portuguese enough. Mark Ruffalo or Danny De Vito? Tough choice. (...)
Tulius, em inglês
Tulius, em inglês
terça-feira, 2 de agosto de 2005
Lisboa em Agosto
Dizia-se que Lisboa era maravilhosa em Agosto. Menos de metade dos carros, das pessoas, do barulho, dos engarrafamentos. Que se atravessava a cidade muito rapidamente, que a noite caía tarde e quente sobre as ruas desertas, cheias de espaço para estacionar, que por dentro das janelas abertas havia ruídos familiares de refeições e toalhas de praia secando nas sacadas.
Que se ia ao cinema de um momento para o outro, sem pensar nos bilhetes, ou então a Cascais, pela marginal, procurar uma esplanada calma, abrigada do vento.
Que de manhã quem trabalhava em Lisboa não chegava mais tarde mas muito mais depressa e descontraído, que os almoços se prolongavam sem stress e que o tempo, como o sol, parecia duplicar-se e estar sempre presente.
Também ele ficara em Lisboa aquele Verão e pôde constatar isso e muito mais; que os telefones quase nuncam tocavam, por exemplo, aumentando-lhe a concentração nas tarefas que se propunha.
Podia dar-se ao luxo de escolher um lugar à sombra quando chegava ao escritório ou deslocar-se para o outro lado da cidade no tempo de dois cigarros. As poucas pessoas que sabia estarem em Lisboa encontrava-as no momento seguinte e lia jornais ao almoço, preguiçosamente prolongado até às três e meia.
Mas ele não confundia as coisas. Sabia que Lisboa (e talvez o Porto, segundo ouvira dizer) era assim, podia viver-se assim, naquele único mês do ano, apenas por ser a cidade grande, difícil e caótica que os outros meses revelavam.
Sabia que as coisas só adquirem força quando conhecemos bbem o seu contrário e que nenhuma cidade enorme, tão diversa e capaz de propôr alternativas, poderia sobreviver com a população que o auge do Verão deixara tranquila a guardá-la.
O homem que gostava de cidades, porque gostava de cidades, sabia que a quantidade de cinemas desocupados que Agosto lhe oferecia só podia existir porque justificada durante o resto do ano. Que uma cidade de grandes avenidas sem carros, não as teria se não tivesse necessidade delas nos outros momentos da vida. Que o prazer de se passear por uma variedade de lojas esquisitas só lhe era dado porque habitava uma verdadeira cidade momentaneamente vazia.
Ao contrário de alguns amigos, que também tinham ficado, e que comentavam, bebendo whisky com gelo, que adorariam que Lisboa fosse sempre assim, ele arrepiava-se e forçava-se por demonstrar que se Lisboa fosse sempre assim, não seria Lisboa; não era uma cidade, não era aquele conjunto de museus e restaurantes disponíveis, não seriam mesmo aqueles amigos particularmente escolhidos e com uma história tão própria, não era o território grande e deserto atravessado por algus figurantes, nunca seria o enorme mercado que em defeso se esforçava simpático por servir os únicos lisboetas, mas uma pequena cidade de província, talvez com charme, também, mas com outros valores, outras limitações, outras propostas radicalmente diferentes.
E era aí que residia finalmente o equívoco; não se trataria de valorizar tipos de vida, nem de criar falsos valores ou viciados desejos: Lisboa ou Porto eram cidades com durezas próprias, oportunidades próprias, força própria; mas Portalegre ou Covilhã ou Chaves deveriam ser entendidas no muito diferente que tinham e que a Lisboa e Porto já só era palidamente permitido a meio de Agosto.
«Dizia-se que Lisboa era maravilhosa em Agosto», O Homem que Gostava de Cidades, Manuel Graça Dias, ed. Relógio de Água, 2001
Que se ia ao cinema de um momento para o outro, sem pensar nos bilhetes, ou então a Cascais, pela marginal, procurar uma esplanada calma, abrigada do vento.
Que de manhã quem trabalhava em Lisboa não chegava mais tarde mas muito mais depressa e descontraído, que os almoços se prolongavam sem stress e que o tempo, como o sol, parecia duplicar-se e estar sempre presente.
Também ele ficara em Lisboa aquele Verão e pôde constatar isso e muito mais; que os telefones quase nuncam tocavam, por exemplo, aumentando-lhe a concentração nas tarefas que se propunha.
Podia dar-se ao luxo de escolher um lugar à sombra quando chegava ao escritório ou deslocar-se para o outro lado da cidade no tempo de dois cigarros. As poucas pessoas que sabia estarem em Lisboa encontrava-as no momento seguinte e lia jornais ao almoço, preguiçosamente prolongado até às três e meia.
Mas ele não confundia as coisas. Sabia que Lisboa (e talvez o Porto, segundo ouvira dizer) era assim, podia viver-se assim, naquele único mês do ano, apenas por ser a cidade grande, difícil e caótica que os outros meses revelavam.
Sabia que as coisas só adquirem força quando conhecemos bbem o seu contrário e que nenhuma cidade enorme, tão diversa e capaz de propôr alternativas, poderia sobreviver com a população que o auge do Verão deixara tranquila a guardá-la.
O homem que gostava de cidades, porque gostava de cidades, sabia que a quantidade de cinemas desocupados que Agosto lhe oferecia só podia existir porque justificada durante o resto do ano. Que uma cidade de grandes avenidas sem carros, não as teria se não tivesse necessidade delas nos outros momentos da vida. Que o prazer de se passear por uma variedade de lojas esquisitas só lhe era dado porque habitava uma verdadeira cidade momentaneamente vazia.
Ao contrário de alguns amigos, que também tinham ficado, e que comentavam, bebendo whisky com gelo, que adorariam que Lisboa fosse sempre assim, ele arrepiava-se e forçava-se por demonstrar que se Lisboa fosse sempre assim, não seria Lisboa; não era uma cidade, não era aquele conjunto de museus e restaurantes disponíveis, não seriam mesmo aqueles amigos particularmente escolhidos e com uma história tão própria, não era o território grande e deserto atravessado por algus figurantes, nunca seria o enorme mercado que em defeso se esforçava simpático por servir os únicos lisboetas, mas uma pequena cidade de província, talvez com charme, também, mas com outros valores, outras limitações, outras propostas radicalmente diferentes.
E era aí que residia finalmente o equívoco; não se trataria de valorizar tipos de vida, nem de criar falsos valores ou viciados desejos: Lisboa ou Porto eram cidades com durezas próprias, oportunidades próprias, força própria; mas Portalegre ou Covilhã ou Chaves deveriam ser entendidas no muito diferente que tinham e que a Lisboa e Porto já só era palidamente permitido a meio de Agosto.
«Dizia-se que Lisboa era maravilhosa em Agosto», O Homem que Gostava de Cidades, Manuel Graça Dias, ed. Relógio de Água, 2001
Post tardo-político
O anúncio da candidatura de Mário Soares à presidência dá toda uma nova dimensão à expressão silly season.
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