quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Funeral

Antes que o maradona se lembre de fazer aquilo que frequentemente faz:

Até porque apenas estamos prestes a eliminar uma equipa que até hoje só practicamente conseguiu eliminar o Benfica...
.... não há razão alguma para amanhã de manhã aparecerem jornais a dar "crédito" a quem nunca o mereceu. Já lá dizia o outro, com inolvidável agileza (?): "não tem crédito quem elimina quem já eliminou o Benfica: tem crédito quem elimina qualquer outro clube", o que não é manifestamente o caso, excepto quando é razão para uma humilhação maior, como perder a final da Taça UEFA no próprio estádio.

Posted by maradona

Acreditem que é verdade (jamais me lembraria de uma tirada destas se não fosse verdade): vi, por mera coincidência, a última parte do jogo enquanto o álbum dos Arcade Fire rodava no sistema sonoro que, e Peseiro deve ter as orelhas a arder, tem como título a palavra que apadrinha este post.

Lugares de encanto



A laje do primeiro piso, maciça; a feliz homogeneidade cromática em obra dada pela inexistência de tijolo no mercado açoriano; o volume de cima, mais pesado, que, aliado à laje maciça e lisa, carrega de dramatismo os vazios resultantes da geometria do piso térreo; os buracos, três, em cima, escavados ordeira e regularmente; o apoio lá ao fundo que, sabiamente, é uma secção de parede e não apenas um pilar; os balanços, aparentemente difíceis, aparentemente simples; a sensação de massa e espessura, reforçando o volume em vez do plano; o céu azul improvável do grupo central.

«Vou para casa»

Agora, disjuntiva; num horizonte não muito longínquo, conjuntiva.

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Confesso que até é nessas que a minha angústia é maior

Até em situações muitíssimo castas um tipo sente a angústia da performance.

Pedro Mexia

Protocolo

(...) Se Bush se recusasse a assinar, sei lá, um tratado que diminuisse as emissões de metano pelo peido, cá veríamos com toda a certeza uma quantidade inestimável de boas consciências a apontar-lhe o dedo, ai aquele peida-se, ai aquele não se peida, e medidas drásticas seriam pedidas para a redução da flatulência mundial (o que implicaria mandar calar o Manuel Monteiro, que neste momento range uma frases na RTP). (...)

maradona

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Sex is a risky game, because if you're not careful, it will cut you wide open

Confesso que vi o Kinsey estabelecendo paralelismos constantes com alguma realidade católica em Portugal (não conheço outra, aceito que seja semelhante). A brutalidade de um acto que pode ser tratado como puramente animal, fisiológico, anatómico (mas que corre sérios perigos se levado à letra, como mostra o filme), face à inadequação das regras sociais herdadas silenciosamente que confortavelmente vão servindo para artificializar a relação entre o público e o privado. O filme explora a fragilidade da chamada normalidade no que ao sexo diz respeito, expondo certos comportamentos sociais como absurdos e patéticos (então como agora), mas também o perigo que se corre quando se tenta tornar o sexo um mero acto entre mamíferos. Provavelmente a virtude estará algures entre o salão paroquial e a gay parade, entre a contenção daquilo que é permitido na esfera pública e a perversão inevitável do íntimo. Para um católico que vive na era Ratzinger (chiça que eu não consigo escrever um post sobre o assunto sem cair na tentação de invocar o santo nome) e que percebe que um dos grandes equívocos do Vaticano é essa tentativa de uniformizar comportamentos à luz de uma moral pública, o filme é, acima de tudo, divertido e esclarecedor. Mas fica sempre a sensação que é claramente benéfico para todos que muitas coisas não saiam do campo do privado. Só é preciso é saber dosear essa relação com muito bom-senso e, concomitantemente (só deus sabe o quanto desejava escrever um post com esta palavra), manter a cabecinha muito arejada.

domingo, 25 de setembro de 2005

O mundo é mesmo uma aldeia

E o Vital Moreira anda a gozar comigo.

Isto sim, não é altruísta

Sinto-me com vontade de andar com uma t-shirt com o número 9 estampado ostensivamente. E não tem nada a ver com futebol.

Tanzânia

A análise económica também explica o altruísmo. Não duvido. Mas acho que se este raciocínio é certo o conceito de altruísmo sofre algumas mutações. Ainda assim penso na abnegação implícita no puro pensamento altruísta. Mesmo nessa situação acho que a minha posição não se alteraria. Isto é, partindo do princípio que me poderia esquecer da minha própria existência, o melhor resultado disto tudo seria o mesmo. As justificações seriam outras, ou melhor, seriam apenas uma parte do que me faz estar relativamente convicto. Confesso que isto tudo me dá jeito, e penso se não me estou a trair, se não estou a condicionar as premissas de partida para meu próprio benefício. Mas sempre que aqui volto chego à mesma conclusão. Neste caso não há espaço para o meu egoísmo. É verdadeiramente inócuo. E isso é reconfortante.

1+1=2

Isto não é uma simples conta de somar.

Tudo o que seja diferente disto, mesmo que não seja a Tanzânia, para mim será sempre a tanzânia.

E ao quarto blogue um template de jeito

Para quem tinha dúvidas que isto era o que parecia, aí está uma série de posts como prova irrefutável. É o que se chama uma entrada a pés juntos. Uma dose concentrada de mexianismo. Ou seja, uma boa notícia.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Choice or fate?

Hoje, logo hoje, vinte minutos depois, anunciam-me o que está na caixa do correio. O tema, o título, o timing: não há muitas coincidências como esta.

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Até já

Caros amigos,

Hesitei muito antes de escrever este texto. Se o escrevo é porque reconheço que a única maneira de fazer com que os malefícios que essa hesitação me traz desapareçam é, de uma vez por todas, dar o passo em frente. Comecei a escrever na blogosfera no longínquo mês de julho de 2003. Aliás, a blogosfera de hoje muito pouco tem a ver com essa blogosfera de então. Lembro-me do prazer que foi ver as primeiras linhas nascerem para a world wide web. As primeiras reacções, os primeiros links, os primeiros mails. Enfim, toda a adrenalida da primeira vez. Desde então, tenho escrito sobre muita coisa. A quantidade de lixo que se foi acumulando é boa prova disso. Muitas horas perdidas diante do ecrã, a debitar ideias com pouco mérito. Foi desgastante, mas recompensador em muitos momentos. Nos últimos tempos a balança tem-se desiquilibrado, e tem-me faltado energia e motivação para alimentar o tamagotchi. Sinto-me, de certo modo, gasto e vencido, com pouca coisa de nova para dar. Leio menos blogues do que então, e os que leio com maior prazer têm, nos últimos tempos, desaparecido aos poucos. Ainda assim, parece-me algo despropositado anunciar o fim de um blogue. Se a espontaneidade e o carácter informal sempre foram aclamados como virtudes da blogosfera, parece-me fazer pouco sentido decretar que o blogue chegou ao fim. Menos sentido faz que se queira acabar com um blogue. Há muitas maneiras de deixar de escrever na internet. Uma delas é deixar de escrever, simplesmente. Deixar de abrir a página do blogger, deixar de publicar. Que a coisa se arraste, como uma ruína que ninguém chegou a destruir, um vestígio de algo que já passou por melhores dias. Não quero com isto dizer que vou deixar de escrever. Aliás, nem garanto que passe a escrever menos. O que aqui faço é um acto de honestidade, um agradecimento a quem me lê, vá lá, regularmente. Não estranhem se a actividade por estes lados adquirir um ritmo esquizofrénico. Será um blogue menos coerente (se é que o foi algum dia), mais estranho. No entanto saibam que são todos bem-vindos, sempre que quiserem. Por isso, é sem dramatismos que declaro que este blogue não acaba aqui.

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

On location



- E tu, o que fazes?
- Construo um arranha-céus.

(Imagem da construção da nova sede do NY Times, de Renzo Piano.)

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Mau mau maria 2

No debate de ontem ficaram explícitas as «deficiências de carácter» mencionadas por Manuel Salgado. E vejo agora que «deficiências de carácter» é um polido eufemismo.

Mau mau maria

Parece que Carrilho fez uma triste figura ontem. Mas alguém se surpreendeu?

Notas da inauguração da Catalysts!

A ExperimentaDesign abriu ontem ao público, com uma exposição dedicada ao poder cultural do design de comunicação, Catalysts!. Evento ligeiramente (eufemisticamente) panfletário, monotemático e activista. O Iraque e Bush dominam a atenção mundial do «poder cultural do design de comunicação». E, claro, o mesmo de sempre: contra o capitalismo, contra a globalização, contra, contra, contra. É a previsibilidade da manifestação que lhe retira interesse. Não que, graficamente, os trabalhos não sejam sujestivos, mas o facto de parecerem fazer parte de uma campanha comum, com objectivos políticos banais e ocos, transforma o «poder cultural do design de comunição» num comício ilustrado do Bloco de Esquerda.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Agenda



Inaugura hoje a Experimenta Design 2005. No que respeita à arquitectura, destaca-se:

- 16 de Setembro, sexta-feira, a partir das 15:00, conferência com Renny Ramakers e Massimiliano Fuksas;
- A partir de 17 de Setembro, Sábado, a exposição Casa Portuguesa, Modelos Globais para Casas Locais;
- 17 de Setembro, Sábado, a partir das 15:00, conferência com Souto de Moura e Philippe Starck.

P.S: O site do Fuksas é um mimo.

A blogosfera é isto, meus amigos

Como todas as pessoas para quem a questão Ambiental (utilizemos a letra capital) é apenas um apetrecho mais na suas guerrinhas políticas (ai o Bush, ai o capitalismo predador), a doutora Joana Amaral Dias do Bicho Carpinteiro não utiliza a cabeça que eu uma vez já vi que ela possuía para falar deste tipo de assuntos. (...)

(maradona)

E segue, segue, segue...

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Fabrizio

terça-feira, 13 de setembro de 2005

first we take manhattan

A Susana reiniciou a sua escrita aqui.

Arquitecto, fotógrafo, pintor



Fascinante, o blogue das artes e dos ofícios do Gonçalo Afonso Dias.

Fica na memória

Parece que o assunto é sério, mesmo. O Vasco Barreto anunciou o fim d'A Memória Inventada. É um rude golpe. Conto ainda escrever qualquer coisa sobre o blogue, uma nota explicativa sobre o porquê do MI não poder nem dever acabar. Aquele abraço, companheiro Vasco (e vão três as vezes que usei este trocadilho, enfim, três vezes em dois anos e tal a escrever não é assim tão mau, mas espanta-me a minha falta de resistência a esta muleta, serei assim tão coxo?, já para não falar na falta de gosto que é o título deste post).

A construção de uma estante 1

Esta série, que já teve outro(s) nome(s), esteve apenas hibernada. Eu não o sabia, mas desconfiava. A verdade é que a partir do momento em que o anterior pretexto deixou de fazer sentido, este blogue, pelo menos parte importante, ficou meio órfão. Mas atento, à espera que surgisse um outro pretexto. Parece que é chegado o momento. Porquê uma estante? Bom, porque realmente foi mesmo uma estante que deu a ideia. Está lá, podem confirmar, é em pinho mas foi toda raspada e encerada com uma cor mais escura, ou seja, está com bom aspecto. A poeira ainda não saiu totalmente dos meus pulmões, mas o brilho já descansa e os livros descansam sobre ele. Digamos que se tratou de uma operação com um valor acrescentado bastante evidente. Aliás, diria que tudo isto trata de acrescentar valor, de um modo exponencial, de uma forma bastante indiscriminada. Posso não servir de muito para tocar piano a quatro mãos, mas pelo menos está confirmado que me dá prazer construir uma estante a quatro mãos. Esta série, que se constitui neste número um, é sobre isso: aquele tipo de coisas que só se fazem a quatro mãos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

A luta continua

Garcia Pereira já saltou para o barco.

Sms para Ronald Koeman

Moreira; Nélson, Anderson, Luisão, Léo; Petit, Manuel Fernandes; Karagounis, Simão; Miccoli, Nuno Gomes. Abraço.

Quando o lirismo ameaça ser produtivo

Manuel Alegre ainda é candidato a candidato.

Mickey Mouse no comité central

Abriu hoje ao público a Disneyland Hong Kong. É oficial: o capitalismo chegou à China.

6-3, 2-6, 7-6 (1), 6-1

domingo, 11 de setembro de 2005

9.11



Quatro anos, hoje.

Federer vs. Agassi

The guy plays great defense, plays great offense. He has a great hold game and he has a great break game. You play a bad match against Pete, you lose 6‑4, 7‑5. You play a good match against Pete, you lose 6‑4, 7‑5. You play a good match against Federer, you lose 6‑4, 7‑5. You play a bad match against Federer, you lose 1 and 1.

Andre Agassi, ontem, após ter garantido o lugar na final

Periculum in mora

Também não sei. Dá para perceber que é latim. Eu arriscaria a dizer que mora deve ter a ver com tempo. Já lhe perguntei, ela já me explicou, mas já me esqueci. O melhor é passar por lá e perguntar. Ah, é aqui.

sábado, 10 de setembro de 2005

Saramago e o boletim

Saramago apoia dois candidatos à Presidência da República. Depois de Fernando Rosas ter anunciado que Louçã «encabeçaria a lista (sic) do BE às presidenciais», e do camarada Jerónimo de Sousa ter dito que «os camaradas do comité central escolheram para candidato do partido comunista às presidenciais o camarada Jerónimo de Sousa», já nada me espanta. Um pouco por todo o lado tenta-se descobrir razões para este duplo (e impossível) apoio de Saramago. Ora eu avanço, reparem a subtileza, também com duas explicações, ambas baseadas (e shame on you, comentadores, por não darem a devida importância ao percurso literário do nobel) na obra do escritor. Ora cá vai a explicação número um: #1: Saramago é o homem duplicado, logo, tem direito a dois votos. Explicação número dois (esta parece-me mais verosímil): #2: Depois de, nas últimas eleições, Saramago ter apelado ao voto em branco, o bom José ter-se-á arrependido (ou levado uma reprimenda do comité) o que o leva a querer compensar nas próximas presidenciais. Vai daí, toma lá dois apoios, uma para agora e outro pela outra que já lá vai. Quem pode, pode.

Fazem-me sinais que Saramago, depois da última sondagem que dá uma vantagem expressiva a Cavaco, terá afirmado que, para derrotar a direita, extenderá o seu apoio a Francisco Louçã, àquela senhora do POUS, Carmelinda qualquer coisa, a Garcia Pereira, e a qualquer outro candidato que na sua declaração de candidatura use a palavra «Abril», «capitalismo», «camarada», ou «Bush».

Resistance is useless

A Memória Inventada fez uns pequenos ajustes. Mete isto aqui, tira isto dali. Consequência: a Colecção Armando (ou seja, o arquivo que reunia os textos da bola do maradona) foi parar às urtigas. O Tulius ainda tentou disfarçar, aludindo a uma hipotética homenagem. Leio o sucedido de forma bem diferente. A verdade é que os textos do maradona, estejam eles onde estiverem, têm uma tendência suicida que não pode ser travada. Está-lhes no sangue. É a sua natureza. E, provavelmente, se esses textos alguma vez chegarem a ver a luz do dia em forma de papel, diria que esse volume fará as delícias dos pirómanos. Lembram-se do genérico do Mission Impossible?

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

A política que interessa



O governo da Ucrânia caiu. Yulia Tymoshenko foi afastada. Creio não ser exagero afirmar que ficamos todos a perder.

EPUL - Lista dos cabr... vencedores do concurso

O sorteio dos 305 apartamentos do empreendimento Epul Entrecampos aconteceu ontem. A mim não me calhou nada. Mas há por aí felizes contemplados que devem estar ainda à espera de saber que o são, já que o servidor do site parece que está meio entupido. Eu já saquei a lista dos vencedores. Quem é amigo, quem é?

Lista de Vencedores EPUL Entrecampos (pdf)

(É preferível fazer um save as com o botão direito do rato)

Eu gosto é do Inverno

Sinto-me mais em casa quando chove.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Vaticínio preliminar com base nuns quantos debates televisivos

Carmona Rodrigues vai ganhar a câmara de Lisboa. Folgadamente.

Este é um comentário baseado no binómio possível para líder da autarquia: Carmona / Carrilho. Acontece que Carrilho é, e isto surpreende-me, muito pior do que imaginava. Carrilho não se aguenta em campanha, não domina os assuntos de que fala, não sabe nada de nada. António Vitorino produziu, há dias (numa convenção qualquer do PS para as autárquicas, uma coisa ali debaixo da pala do Siza com a maioria dos lugares vazios) uma afirmação cujo alcance só agora verdadeiramente se tornou evidente (e passo a citar de memória): «Respeito muito quem consegue calcular a distância entre pilares de uma ponte, quem sabe calcular a profundidade de um túnel, mas o que Lisboa precisa é de alguém que saiba interpretar a alma da cidade (...)». Ou seja, e traduzindo, isto foi um atestado à incompetência do candidato-filósofo. Parece que já o estou a ver, em conferência de imprensa, a dizer que não faz ideia de quanto irá custar a nova ponte sobre o Tejo, mas que consegue perceber que a alma lisboeta está apreensiva.

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

n. 1987



Sharapova, por exemplo, é 31 (trinta e um) anos mais nova que Navratilova.

E ainda falam do dr. Soares



Martina Navratilova, 48 (quarenta e oito) anos (n. 1956), acaba de se qualificar para as meis-finais do US Open, na vertente de pares. A sua parceira (nos courts, nos courts), Anna-Lena Groenefeld, é 29 (vinte e nove) anos mais nova (n. 1985). Se isto não é uma história que merece ser contada, então não sei o que é.



Martina em Wimbledon, no ano de 1978 (mil novecentos e setenta e oito)

Objectivamente

Turner, o pintor mais amado do mundo.

A candidata

Ia dizer que se assumia como uma surpresa, mas isso seria ter memória fraca. O facto é que Maria José Nogueira Pinto tem feito uma óptima pré-campanha, tem-se revelado muito preparada, e tem ganho folgadamente os debates televisivos com os outros candidatos. Digam o que quiserem, mas esta vai ser das campanhas mais divertidas para a Câmara de Lisboa dos últimos tempos.

Ó tempo, volta pra trás

É costume dizer-se que os comunistas vivem noutro tempo, recusando-se a aceitar e a lidar com a modernidade. Agora chega a prova. Note-se na data indicada no site oficial do MRPP.

Presidenciais

No debate sobre as presidenciais, parece-me que todos andam a negligenciar a questão fundamental: Garcia Pereira, onde estás tu?

Soon

Para quem se tinha habituado a ler este blogue, não desesperem. Para já posso adiantar que o template está com aspecto.

O passeio de Roger



O comentador do Eurosport português (recuso-me de repetir o lamento) fartou-se e fartou-se de dizer que para Federer ganhar a Kiefer teria de «elevar o seu jogo», ou seja, e entende-se por isto, teria de jogar melhor. Ora isso não aconteceu. Mas a verdade é que Kiefer é, de facto, melhor do que os outros até agora. A diferença esteve no resultado: 3-1 em vez dos habituais 3-0. Federer continua a jogar como se estivesse a fazer um favor a alguém. É quase desesperante assistir à sua aparente displicência. Parece que contra o suíço todos jogam mal, ou pelo menos, pior. Federer não corre que nem um doido, não se atira para o chão, não faz 20 ases por jogo, não grita nem geme, não faz winners («pontos ganhantes», bela invenção destas vozes nocturnas da TV Cabo) a torto e a direito, não tem propriamente sorte. São os outros. Jogam mal, falham muito, ficam nervosos. Ou então é só ilusão de óptica: parecem maus, mas temos de dar o desconto. Afinal, do outro lado está Federer, tão calmo e sólido que nem se digna a ter treinador. Este tipo enerva-me.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

The Blake show

Concordo. Seja qual for o outcome do torneio, o US Open 2005 já tem esta cara:



Até porque nestes torneios de duas semanas é extremamente aborrecido (chato com a potassa) assistir aos jogos de Federer dos primeiros sete dias. O sacana do suíço nem chega a meter a segunda, deixa-se ir em ponto morto, tão morto que, para um olho mais destreinado, parece que está jogar mal e está prestes a perder o jogo, sendo que os ganha, sem excepção, por três sets a zero. O gajo não tem culpa de ser o melhor praticante do desporto que alguma vez se dignou a aparecer, mas a malta paga a assinatura da TV Cabo, há que ter respeito por quem paga e mostrar um bocadinho mais de empenho.

Freddy vs. Jason 5

O debate à volta destes «dois amantes», como lhes chama Wigley, é sobre duas visões que partem do mesmo princípio: a rejeição do modernismo. Eisenman adopta a incerteza como ideologia e, renegando todos os canones modernos, inventa o seu próprio cosmos, as suas próprias regras, tão mutáveis como qualquer outra coisa. Krier, face à evidência do falhanço tremendo do moderno*, adopta a certeza como ideologia, ou seja, recorre àquilo que entende ser os valores intemporais da arquitectura, ou seja, o classicismo. De qualquer das maneiras, salta a vista que este é um debate impossível em Portugal e, de certa maneira, um pouco por toda a Europa. Em Portugal a arquitectura que se ensina é sinónimo de arquitectura moderna. Este é um valor intocável. O preconceito formal, que ninguém admitirá, rege toda a aprendizagem arquitectónica. O que Krier defende e, em grande medida, o que é defendido pelo New Urbanism, é uma extravagência marginal não admitida nas universidades. Claro que isto tudo menoriza o debate intelectual na arquitectura portuguesa, se é que ele existe.

* (...) What at long last I got to take my parents to visit something modern, Le Corbusier's Marsseille block left us all speechless with shock. Not one of us, not even myself, could believe that this was what I have been admiring in pictures and texts for so long. For weeks I tried to overcome my anavoidable disappointment. I found myself for the first time in my life justifying to my parents something I deeply felt to be unacceptable. (...)

Leon Krier, «Coming to Terms with Janus», Eisenman Krier / Two Ideologies

Bla bla bla

É por estas e por outras que eu, quando for grande, quero ser o Mark Wigley:

(...) If architects have a unique form of speech, what is it for us to listen? How do we listen in architecture? This is the side of the conversation that is usually left out. For example, we speak of "talking on the phone" but never of "listening on the phone". If two people are talking, the question of listening does not come up. It is almost as if we think of listening as being private, what goes on in the head, and talking is what is public. In pointing to a conversation, we point to that which is visible, that which is public. And because listening is thought of as a private and passive activity rather than a public one, we have not developed the science of listening. We have not thought about the nuances of how to listen. In our field, we have not asked, what is to listen to an architect, or to listen to a building? Architects are so busy talking that they forget to listen. They act as if they do not have time to listen to each other or to their clients. In factm listening to our client is a polemical position. For achitects to declare they are very interested in the unique interests of their clients is already taking a particular position, like Neutra, presenting himself as a especially gifted listener and having himself photographed listening to his clients, blurring the role od the architect and the role of the shrink, the shrink being the paradigm of the listener. Most architects simply pretend they are not listening because it is a sign of strength not to listen, to be the one who talks. As architects get more and more successful, they stop going to conferences that they are not speaking at and spend less and less time listening to the other speakers. They stop listening, even to their own voices, perhaps. (...)

Mark Wigley, «The Art of Listening to Architecture», Eisenman Krier / Two Ideologies

Crítica à Casa da Música

Interessante e pertinente a opinião de Nuno Lourenço sobre a Casa da Música, hoje, no Público (sem link):

(...) Nada me choca as paredes inclinadas, revestimentos de alumínio ou espaços obtusos, pois não se trata aqui do gosto visual ou do valor plástico, aspectos em que o edifício revela a sua força. Mas importa concluir que, pelo que acima foi dito, tudo se conjuga para que tenhamos a instituição ao serviço do edifício, em vez do edifício ao serviço da instituição. A cultura ao serviço da arquitectura, em vez da arquitectura ao serviço da cultura. A cidade ao serviço da música, em vez da música ao serviço da cidade.

O que não espanta. Rem Koolhaas é um cínico, um «crítico chique», como lhe chama Eisenman, alguém que defende a inexistência de algo como o lugar, que assume um discurso apocalíptico sobre a cidade contemporânea. A sua arquitectura é sempre um statement e, talvez paradoxalmente, hiper-formalista. Koolhaas desenha objectos e entrega a folha com o respectivo texto explicatório. Constrói as paredes e condiciona a reacção. Um panfletário, à boa moda Corbusiana. Alguém que fala muito, mas ouve pouco (ver post acima).

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Paris como exemplo

Something to consider: only two buildings in this post are products of true genius—the ones by Gustave Eiffel and Hector Guimard. Maybe it’s time we stopped demanding the originality that only genius can deliver, and adopt an architectural style that makes good-looking buildings easier to provide. Isn’t this the reason Art Deco is preferable to its severe brother, orthodox Modernism?

Uma defesa de Haussmann, um ataque à arquitectura moderna. Tudo à volta da parede de rua e da questão da escala. Vale a pena ler, aqui.

A importância de Fernando Távora: o homem certo na altura certa

Na época em que Fernando Távora atingiu a maioridade na arquitectura, o desafio que se debatia um pouco por todo o lado consistia na resposta à pergunta o que fazer com o Movimento Moderno? O único consenso era que se tinha de fazer alguma coisa. O modelo, porque o Movimento Moderno sempre se baseou em modelos, aparentemente já não servia. E já não servia por duas razões fundamentais: a primeira tinha a ver com a frieza de um estilo que ambicionava ser internacional, como um franchising que se multiplicava; a segunda residia no facto de muitos arquitectos começarem a sentir o espartilho da regra, do livro de instruções. Esse debate gerou, grosso modo, duas saídas: a revisão do modernismo e a negação do modernismo. À primeira chamar-se-ia mais tarde o Regionalismo Crítico, à segunda chamou-se, desde o início, Pós-Modernismo.

Portugal nunca teria dimensão (em quantidade de obras e de autores) suficiente para se tornar palco físico dos dois ensaios. A esta conjuntura intelectual junta-se o período político das ditaduras de direita na Europa, que traziam a sua própria cartilha arquitectónica no bolso do casaco. Salazar advogaria uma arquitectura que pudesse ter escrito Portugal na testa, uma arquitectura da escala doméstica, desenhada ao estilo português, estilo esse que se definiria por caprichos formais e tiques de memória. Em Lisboa, a capital do império, sentava-se Salazar, e talvez por isso a vanguarda tenha encontrado no Porto o ambiente propício para a sua gestação.

Távora viaja (os CIAM) e volta com a cartilha do Movimento Moderno na memória, mas já anotada e preparada para ser revista. Conservador por formação, Fernando Távora embarca na difícil tarefa de seguir a sua convicção, a de que a arquitectura moderna tem, forçosamente, de realizar o seu casamento com o sítio, o contexto, a especificidade portuguesa, ao mesmo tempo que distancia da especificidade portuguesa que se constrói na cabeça do regime. Surge o Inquérito e, surpresa, afinal a arquitectura da história do território português é depurada, funcional, tectónica, delicada, integrada. Salazar apenas vê beirados nos desenhos e a trapaça passa incólume. Estava aberto o caminho para o Regionalismo Crítico em Portugal.

Apesar da sua obra construída, é na sala de aula que a sua influência se fará sentir com maior intensidade. Numa época em que os alunos de arquitectura um pouco por todo o lado ainda bebiam directamente da Carta de Atenas e dos cinco pontos de Corbusier, Távora ensina o que sabe: a extraordinária capacidade de se fazer vanguarda com as mesmas pedras de sempre, as mesmas texturas, e mesma escala. Em Lisboa Teotónio Pereira assumia-se como a grande referência mas, ao contrário de Távora, a sua arquitectura assumia-se como manifesto, de traço mais vincado, nunca esquecendo o activismo como atitude. Por isso o seu percurso far-se-ia mais a solo, com muitos convidados, mas sem a capacidade aglutinadora de Távora para gerar escola.

É quando Siza entra no panorama que Távora vê materializado o seu esforço como educador. A partir da Casa de Chá da Boa Nova (em que, quase metaforicamente, Távora indica a Siza o local da futura obra-prima para, imediatamente depois, se afastar e deixar o discípulo por conta própria) Fernando Távora começa a orientar o seu percurso para a preocupação com o património. Descansado por ver a vanguarda entregue em boas mãos (será Siza quem emprestará de vez o nome ao novo moderno de Portugal), Távora encontrará paz nas pedras do seu país milenar. O trabalho de introdução do modernismo estava feito (anotado, revisto, e reinventado pelas suas próprias mãos). Ideologicamente, Távora sempre foi um peixe fora de águas, e talvez tenha sido essa independência (nem progressista como os seus colegas arquitectos, nem reaccionário como o seu país aristocrata) que o tenha libertado para o essencial. E por ter partilhado essa essência, por ter sabido comunicá-la como ninguém, Portugal tem hoje uma identidade arquitectónica que se sabe única e extremamente moderna.

Ontem morreu uma parte importante do século XX português. Mas, felizmente, ficaram e ficarão as pedras para contar a história.

sábado, 3 de setembro de 2005

Fernando Távora (1923-2005)



Pormenor da imagem de capa da Arquitectura e Vida nº37 (Abril 2003)

Público.pt: Morreu o arquitecto Fernando Távora
DN: O mestre da nossa arquitectura
JN: Morreu o arquitecto da modernidade

A ler também, no Público (sem link), os artigos de hoje.

Maestria, imponência, classe

A coerência é uma coisa muito bonita. E o estilo discursivo dos comentadores tauromáquicos da RTP é uma autêntica cereja em cima do bolo.

Always use a condomínio

Queria chamar a atenção para os comentários a este post ali em baixo. A conversa está interessante, apareçam.

Ponto de situação no US Open

No Arthur Ashe, Roger Federer lá vai fazendo o favor de se manter acordado perante a mediania tenística de Fabrice Santoro* (o primeiro set acabou agora agorinha mesmo em 7-5, já que quando o marcador mostrava um 5-2 o suíço não foi capaz de manter o estado de vigília). Já que aqui estamos, como se define Roger Federer? O comentador do Eurosport lusitano (ai ai, que saudades da dupla David Mercer e Frew McMillan) poderá ter definido a coisa (involuntariamente, claro está) quanto, comentando uma esquerda impossível de Federer, deixou escapar um «era isto que faltava a Sampras». Ou seja, Federer é tudo aquilo que Sampras foi mais a esquerda meteórica. Por enquanto os números ainda pendem para o lado do americano de origem grega, mas não durará muito até que a expressão o melhor jogador de ténis de sempre assente em Federer com autoridade estatística.

*Não é só pelo contraste de hoje, perante Federer, que afirmo isto. Santoro bate a direita com duas mãos. I rest my case.

Sondagem muito pouco científica

Se os «ouvintes» e «telespectadores» que têm passado os dias a comentar a situação em New Orleans são uma amostra representativa do eleitorado nacional, então o único adversário sério de Mário Soares nas próximas presidenciais responde pelo nome de Francisco Anacleto.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

A Inveja



Eu quero ser o preparador físico de Maria Sharapova.
A Voz está de volta:

Verdade: aos jovens católicos que foram à Alemanha ver o Papa (mau sítio para ver o Papa - sinal dos tempos?) falta estilo. Um pouco do charme discreto dos subúrbios no qual os evangélicos são prósperos. Mas o que aborrece de morte os críticos destas jornadas é o facto de ser possível juntar mais de um milhão de gente nova sobre outra inspiração que não o sex, drugs and rock'n'roll.
O Maio de 68 não tolera o Agosto de 05.

Efeitos retroactivos

O nome desta banda.

Katrina

No meu imaginário New Orleans é aquela cidade do permanente fim de tarde sépia, onde a alma negra passeia lentamente o seu sorriso, assistindo ao vivo ao nascimento do jazz. De todas elas era a que menos merecia uma coisa destas. No meu imaginário.

Ritmos

- Não sei como queres ir viver para Lisboa.
- Prefiro.
- Era incapaz.
- Sou incapaz de aqui continuar.
- Não percebo, é que aqui a vida é muito mais calma.
- Exactamente. A vida aqui é muito calma.

«É impossível estarmos tristes com uma vista daquelas»

A última dose de romantismo que nos é permitido na cidade contemporânea é ocupar uma casa sobre-valorizada por causa da vista, magnífica, sobre o castelo, o rio, e as ruínas do convento do carmo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Público, privado, e patine

(...) Mas apesar de tudo, são mais os condomínios privados de nome do que de génese. São assim baptizados pelos ávidos promotores, apenas porque existe uma sala comum com aparelhos de musculação ou um segurança 24h/dia.
À partida não acredito que sejam opção do arquitecto, (que tem uma forte responsabilidade social), mas sim do promotor, que consegue desta maneira, vender "mais" qualidade e uma falsa segurança.
Quase parafraseando, poderíamos afirmar que se trata de levar o modelo da violentíssima cidade do Rio de Janeiro para Lisboa...

Pedro Duarte Bento, postHABITAT

Só estranho, neste texto, que o Pedro Duarte Bento não acredite que o condomínio fechado seja uma opção do arquitecto, atribuinto a este uma «forte responsabilidade social». Talvez até assim seja, mas confesso que não partilho desta atribuição de um suposto código ético à classe dos arquitectos que os impede de fazer coisas más. Mas há aqui uma atitude de base que acho mais importante: esta consideração de que o arquitecto é sempre um defensor do público face ao privado, estando aqui implícita uma conotação moral antagónica. Se assim é, então as sucessivas queixas (com bastante fundamento) dos arquitectos sobre os respectivos maus pagamentos deixam de fazer sentido. O que é absurdo. Se a lei permite a construção de um condomínio privado e essa for a vontade do promotor, não vejo razão para nos lamentarmos. Pessoalmente condidero tudo o que sejam tentantivas para manter as pessoas no centro da cidade muito benvindas. Classe alta incluida, o centro não é só para os jovens. Se há um mercado que pede condomínios privados, então que se façam os ditos cujos. No entanto, e ao contrário do que parece ser o senso-comum, não acredito que os condomínios privados urbanos possam competir com os da periferia, que terão sempre melhores condições. Por isso os condomínios privados urbanos serão sempre absorvidos pela cidade que os rodeia. Preocupa-me mais, isso sim, os inúmeros edifícios degradados do centro de Lisboa. Se os substituissem por condomínios acho que ficávamos todos a ganhar.

P.S: Que fique claro que eu não gosto do modelo de condomínio. Não me imagino feliz num sítio desses. Mas esta minha opção não pode ser argumento para os ilegalizar. Mais do que não gostar dos condomínios, não gosto de quem os quer deitar todos abaixo. Porque a cidade ainda é o sítio mutável de congregação da diversidade.

Novo

Um blogue puro e duro (mais puro do que duro, talvez) onde a arquitectura tem o papel principal: postHABITAT. Confesso que bastava a citação do Mark Wigley para cair nas minhas boas graças. Ora então sejam benvindos.

Don't shoot the messenger

Jorge Figueira, em Os Cogumelos Substitutos*, afirma: «Em Portugal, os sucessivos Centros Comerciais que foram abrindo traçam o mapa das sucessivas fases da nossa economia de mercado. Porque as plantas, cortes e alçados dos Centros Comerciais, são as plantas, cortes e alçados do capitalismo.» O texto, muito bom como é costume, versa sobretudo sobre os grandes centros comerciais temáticos, aqueles que simulam algum ambiente específico. Volto no entanto a esta correlação que Jorge Figueira encontra entre os centros comerciais e o capitalismo. A arquitectura sempre desconfiou da liberalismo, sempre torceu o nariz a uma suposta cedência ao gosto do mercado. No entanto é-me muito difícil fazer a correlação que Jorge Figueira faz, facilmente demonizando o liberalismo culpando-o do florescimento selvagem das grandes superfícies comerciais. Porque a fobia é essa, das grandes superfícies. E é aqui que encontro o meu argumento: se essa correlação é assim tão evidente, porque é que é Portugal a apresentar a maior taxa de crescimento dos ditos centros comerciais? Que se saiba, e dentro da União Europeia, Portugal é um país que apresenta um grau de capitalismo (se quisermos) relativamente baixo quando comparado às outras economias europeias. Não, as «plantas, cortes, e alçados dos centros comerciais» não são «as plantas, cortes e alçados do capitalismo». São outra coisa, talvez «as plantas, cortes e alçados» de um país pobre e deslumbrado, de uma classe média que vive endividada e que não sabe viver na cidade, nunca soube, preferindo essa substituição barata de cidade que é o centro comercial. O capitalismo aqui é só o intermediário do fenómeno, a plataforma onde se torna possível responder às necessidades e desejos da população. Se queremos culpados temos de procurar na fonte. Isto de chamar nomes ao capitalismo já cheira mal.

* Jorge Figueira, Agora que tudo está a mudar. Arquitectura em Portugal, ed. Caleidoscópio (2005)

O homem do banjo



Sufjan Stevens. Illinois. «Chicago», que está por estes dias na playlist da Radar, foi o que resultou comigo. Experimentem.

Não faço a menor ideia em quem vou votar

Nas autárquicas, claro está.

Parem as rotativas

Cultura, aí vou eu
Preparem-se. A cultura está aí a bater à porta e a preparar-se para o beija-mão. São as presidenciais. Soares será o candidato da cultura, dos artistas, dos intelectuais, do pessoal cosmopolita, dos universitários. Suponho que Cavaco, se avançar, arregimentará apenas o que sobrar dos jogos florais. Ah, o Portugal da Cultura já está em bicos de pés. Preparem-se para mais uma lavagem, se ainda tiverem paciência.

O Francisco José Viegas está de volta.

Soares é frouxo

(...) Ora Soares “não sabe de finanças”, mas tem biblioteca, o que significa que a sua ignorância de economia e finanças, proclamada face ao seu adversário, tem outro sentido político: é que o problema não é Soares não ser professor de economia, mas não dar importância real à economia na crise. Na verdade nem sequer é à “economia” abstracta, porque a ela faz lip service habitual. É à economia real, ao capitalismo, ao mercado, tal como ele funciona, e à economia portuguesa tal como é. E aqui há ideologia, há socialismo, há estatismo, e há, acima de tudo, jacobinismo. E há um preço enorme que pagamos por estas ideias. Esse preço é a crise em que vivemos.
(...)
O problema não é Soares não saber de economia, é que ao se vangloriar de não o saber, está a dizer-nos que a economia não é um factor ou um revelador fundamental na crise . Aliás não custa perceber que se Soares fosse PM não daria prioridade ao controlo do défice (sim Soares pronunciou-se sobre a governação e não vi ainda ninguém protestar sobre isso). Frases como esta – “a economia está ao serviço das pessoas e não as pessoas da economia” – em Portugal não significam outra coisa. Não será dele que virá qualquer apoio ao governo para reformas difíceis, bem pelo contrário. Às ideias jacobinas como as de Soares devemos muito da crise, não se espera que delas venha a solução.

MÁRIO SOARES, JESUS, FINANÇAS E BIBLIOTECAS, JPP in Abrupto

Blogdica

Resta agrader à Blogotinha o destaque de ontem. Obrigado.