Torgal Ferreira - a César o que é de César, a Deus o que é de Deus: o bispo das forças armadas parece-me, acima de tudo, um homem sem fé.
Simpatia - a simpatia parece-me, acima de tudo, a simulação da empatia.
Jogos Olímpicos - muita atenção a David Rudisha, o meio-fundista mais elegante da história do atletismo.
Moda primavera-verão - a minha loja preferida é, consistentemente desde os 12 anos, a Springfield.
Gourmet é o caralho - sempre que vou ao McDonald's saio satisfeito e sem problemas de maior; sempre - sempre - que vou ao H3 saio de lá com uma azia que me dura dias (e já experimentei quase todos os menus, tirando aquele que é a 10 euros, que leva trufas, ou lá o que é).
Férias - Há um incêndio que lavra perto de Tavira: não dava para ir queimar para outro lado? Viva o sotavento.
Ian Sample - parece que o Ian Sample escreveu o melhor livro para leigos sobre o bosão de Higgs: chama-se Massive - The Hunt for The God Particle (não se preocupem: o próprio Sample trata logo de avisar que o nome «God particle» é uma imbecilidade de todo o tamanho) que, segundo consta, se lê em dois dias («finally: particle physics gets a proper page-turner»). Conto lê-lo durante as férias, se os meus filhos deixarem, e voltarei para contar.
Festivais de verão - nada contra, até acho que deviam ser legalizados.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
quarta-feira, 18 de julho de 2012
The Lourenço Viegas Review
Como se diz na TV, durante aquelas notícias sobre os concertos do Toni Carreira (que têm tanto de notícia como a prostituição tem de paixão) (...)
Um restaurante num casino é como jogar xadrez em queda livre. A mistura do negócio menos arriscado do mundo – com uma procura fixa de jogadores (muitos dos quais viciados, doentes) e uma protecção do Estado à concorrência para que ganhe sempre o mesmo – com o negócio mais arriscado do mundo: como toda a gente sabe, um restaurante.
Há restaurantes que desafiam os sentidos. O Solar dos Leitões desafia o sentido.
Um restaurante num casino é como jogar xadrez em queda livre. A mistura do negócio menos arriscado do mundo – com uma procura fixa de jogadores (muitos dos quais viciados, doentes) e uma protecção do Estado à concorrência para que ganhe sempre o mesmo – com o negócio mais arriscado do mundo: como toda a gente sabe, um restaurante.
Há restaurantes que desafiam os sentidos. O Solar dos Leitões desafia o sentido.
terça-feira, 17 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Ai, o povo
«Por exemplo, a do rapaz que, ao nosso lado, funcionou como ponto durante o concerto mais aguardado: cinco segundos de canção e ele gritava-lhe o título com felicidade incontida, a que reunia expressões em vernáculo que o êxtase não conseguia conter, o que desembocava fatalmente no berrar das letras do tema respectivo, em volume tal que o enxame de burburinhos se tornava ruído de fundo muito distante.»
Mário Lopes
«Os Radiohead fazem aquilo que querem e que lhes dá prazer, e é impossível não perceber isso ao longo do concerto: "15 Step", "Weird Fishes/Arpeggi", "Pyramid Song" ("ai cum caralho!", exclamou, excitado, um fã atrás de nós, quando esta música deu à costa) (...)»
Blitz
Mário Lopes
«Os Radiohead fazem aquilo que querem e que lhes dá prazer, e é impossível não perceber isso ao longo do concerto: "15 Step", "Weird Fishes/Arpeggi", "Pyramid Song" ("ai cum caralho!", exclamou, excitado, um fã atrás de nós, quando esta música deu à costa) (...)»
Blitz
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Lourenço é para fechar esta semana
Das duas vezes que participei num jogo de futebol de 11, fi-lo a lateral esquerdo (num dos jogos num sistema de quatro defesas, no outro num sistema de três centrais); estranho, por isso, com alguma mágoa, que o meu nome não tenha ainda sido ventilado pela imprensa especializada como estando «por horas» de assinar contrato com o Benfica.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Princípio da igualdade 3
Enfermeiros contratados a 4 euros à hora: ora aqui está uma simetria perfeita entre sector público e sector privado.
Princípio da igualdade 2
Quando anunciou o corte nos subsídios, Vítor Gaspar disse que a alternativa era despedir 100 mil funcionários públicos. Parece-me que essa opção não teria violado o princípio da igualdade.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
quarta-feira, 4 de julho de 2012
terça-feira, 3 de julho de 2012
Se é para ser arquitecto assim, prefiro ser pedreiro
(Foto: João Carmo Simões)
Passaram-se dez anos desde que fui aluno do Manuel Vicente. Quando o conheci, um ano antes de ser seu aluno, nunca tinha ouvido falar dele. Estava num anfi-teatro para ouvir um arquitecto americano que fazia coisas com toldos («estruturas tensionadas», quero eu dizer), e o Manuel Vicente estava lá para fazer a devida apresentação. Lembro-me de ficar com a ideia de que era alguém de quem o Manuel Vicente era amigo, porque aqueles toldos não eram assim tão interessantes. E passados estes anos, não faço ideia de quem era esse arquitecto americano, e não me ficou na memória nenhuma imagem ou palavra que ele tenha dito. Mas lembro-me perfeitamente da apresentação que o Manuel Vicente lhe fez: cheia de generosidade e provocação (afinal, aquilo eram toldos, convenhamos), dita num inglês impecável (que é raro nos portugueses da geração do Manuel Vicente). A somar a isto, estávamos perante um homem fisicamente debilitado, de sorriso constante, que não se vestia como os arquitectos: no primeiro ano do curso assisti a uma palestra onde nos era explicado que os arquitectos se vestem de uma determinada e acertada maneira, porque a arquitectura é «um modo de estar na vida». O modo de estar na vida do Manuel Vicente, vim depois a perceber, nunca alinhou pelo modo de estar na vida que se convencionou atribuir à elite da arquitectura portuguesa. Sobretudo porque o Manuel Vicente sempre foi um expansionista: de Moçambique à Pensilvânia de Khan, até chegar a Macau, que, anos depois, passou a ser a Macau de Manuel Vicente, o seu desejo nunca encontrou no Portugal continental espaço suficiente. Num certo sentido, a sua energia compara-se à energia de uma criança que nunca se deixa confinar e tem na curiosidade a sua força motriz. Uma curiosidade que o levava a cortar maquetes ao meio, a virar desenhos de pernas para o ar, sempre na procura de alguma coisa que o surpreendesse, que não tivesse visto antes. Pedagogicamente, esta atitude era algo errática, no sentido em que era pouco programática e muito aberta ao exterior (e vulnerável às suas variações de humor), o que fez com que nunca se pudesse construir uma «escola» à sua volta. Por isso é que o seu impacto numa instituição como o Instituto Superior Técnico terá sido muito mais relevante do que noutra escola qualquer. Isso dava-lhe especial prazer, estar no meio dos engenheiros, sempre à procura de confrontos que servissem de estímulo aos alunos. E era um curso novo, uma ideia nova, e tudo o que é novo lhe interessava. Não havia crise, não havia esta crise, e o optimismo ainda podia evitar ser confundido com ingenuidade.
Tudo isso mudou, é claro, e nota-se nesta conversa que a revista Estudo Prévio (da Universidade Autónoma) manteve com o Manuel Vicente. Há muita coisa que eu reconheço, sobretudo esta maneira de explicar a arquitectura através de histórias e episódios, contaminando-a com todas as imperfeições humanas. Mas há um tom de desencanto que não estava lá há dez anos, um desencanto que se sedimentou e que se percebe estar quase a levar ao rancor. Uma desilusão com o estado das coisas presentes, uma desilusão tanto maior quanto a extraordinária capacidade para a invenção do Manuel Vicente. Se é para ser arquitecto assim, diz às tantas, prefiro ser pedreiro.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Don Vicente
Não há nada que eu não goste em Vicente Del Bosque: a começar no nome, nos olhos, na educação, passando pelo bigode (que envergonha a actual vergonha portuguesa no bigode) e a acabar no futebol que vimos ontem. Obrigado por tudo.
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