domingo, 28 de agosto de 2005

Nocturno

Eu sei que deveria estar a dormir. Não é propriamente um dever, como uma obrigação, mas é algo que faria sentido. Quando te disse até amanhã indiquei que me preparava para adormecer. Mas se te lembrares, antes disso já tinha desconfiado que não iria dormir bem esta noite. Uma sensação de desconforto físico (talvez seja alguma coisa no meu estômago, a mesma coisa que te pôs mal disposta a seguir ao jantar) que anunciou um sono difícil. Podia estar a ler, sem dúvida, em vez de estar aqui a olhar para este ecrã estúpido. Não sei o que é, escrever assim à noite, fingindo que são estranhos que me lêem, mas distrai-me mais do que qualquer outra coisa. Lisboa em Agosto já não é o que era. Oiço os carros lá fora mais frequentes do que seria de esperar (são três e cinquenta da manhã, as rádios já dizem bom dia em vez de boa noite). Para mim é de noite, de madrugada, e sei porquê. Dormes. E quando dormes há uma parte das coisas que adormece também. Elas não deixam de existir. Estão lá como de dia, mas sem a luz. Hoje estavas bonita.