«Não devíamos odiar o Natal porque o Natal nos torna hipócritas mas devíamos amar o Natal porque o Natal nos mostra hipócritas.»
Tiago Cavaco (via Facebook)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
O último
(Fotos de João Modas e Pedro Valente)
O último concerto de 2012 e também o último concerto com a formação de origem, na Sociedade Harmonia Eborense. É difícil imaginar como poderia ter corrido melhor: uma sala pequena mas cheia de calor, que obrigou a banda a tocar canções que não eram ensaiadas há muito tempo. 2013 será um ano diferente, mas a única coisa que esperamos é que se repitam as noites como a do passado sábado.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Tolerar
Campo Baeza terá como objectivo, um dia, não desenhar um edifício, ou melhor, desenhar um não-edifício. Para já, somos obrigados a ir tolerando as várias aproximações à pista.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
A tragédia
A maior tragédia política do Portugal contemporâneo é a fraca presença de espírito do primeiro-ministro. Não falo das políticas que têm sido seguidas, porque a política está reduzida à economia e finanças, e nessa área não há opções a fazer (vão perceber isto quando o António Costa for primeiro-ministro em 2015). Falo na personagem cinzenta e ordinária de Pedro Passos Coelho, da sua crónica falta de jeito para a retórica, da sua inclinação para a banalidade. Precisávamos de alguém que gostasse de falar para as pessoas e tivesse coisas para dizer, mas sobretudo que gostasse de falar para as pessoas. Em vez disso, temos alguém que está convencido de que está a cumprir uma «missão».
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Só para que não haja dúvidas
Nombre | Goles | Pie | Cab | Pen | Falta | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Messi (FCB) | 20 | 18 | 0 | 1 | 1 | |||
Cristiano (RMA) | 13 | 8 | 1 | 4 | 0 | |||
Falcao (ATM) | 11 | 4 | 1 | 5 | 1 | |||
Aduriz (ATH) | 8 | 7 | 1 | 0 | 0 | |||
Higuaín (RMA) | 7 | 7 | 0 | 0 | 0 |
E descontando os penáltis, temos:
Nombre | Goles | Pie | Cab | Pen | Falta | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Messi (FCB) | 19 | 18 | 0 | 1 | 1 | |||
Cristiano (RMA) | 9 | 8 | 1 | 4 | 0 | |||
Aduriz (ATH) | 8 | 4 | 1 | 0 | 1 | |||
Falcao (ATM) | 6 | 7 | 1 | 5 | 0 | |||
Higuaín (RMA) | 7 | 7 | 0 | 0 | 0 |
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Style saudita, yo
Valete vai «actuar» no Campo Pequeno. Quem é Valete? Também não sabia, mas, através do Blasfémias, fiquei a saber. Fiquei a saber, claro, o que escreve Valete, já que não quis submeter-me à sua música. E o que Valete escreve é muito pedagógico, ora vejam (não liguem à sintaxe):
«Fidel Castro, Arafat, Chavez e Khadafi
Activistas do Hamas, Jihad e Hezbollah
Zapatistas, Talibãs e bombistas da Fatah
Todos diferentes mas com um objectivo em comum:
Acabar com esta ditadura que a América implantou
(...)
Com style de saudita ou iraquiano,
só queria saber quem é esse mano
Deixava toda a gente focada enquanto ele liderava
(Outro Revolucionário) “Yo Valete é o Bin Laden”
(Valete) “Bin Laden?!?”
Bin Laden
Voz alterada sem barba e com cara totalmente modificada
Eu não o curtia mas ele era o que a América merecia
Radical sem diplomacia, assim como se exigia»
É já esta sexta-feira, no Campo Pequeno, para todos os interessados.
«Fidel Castro, Arafat, Chavez e Khadafi
Activistas do Hamas, Jihad e Hezbollah
Zapatistas, Talibãs e bombistas da Fatah
Todos diferentes mas com um objectivo em comum:
Acabar com esta ditadura que a América implantou
(...)
Com style de saudita ou iraquiano,
só queria saber quem é esse mano
Deixava toda a gente focada enquanto ele liderava
(Outro Revolucionário) “Yo Valete é o Bin Laden”
(Valete) “Bin Laden?!?”
Bin Laden
Voz alterada sem barba e com cara totalmente modificada
Eu não o curtia mas ele era o que a América merecia
Radical sem diplomacia, assim como se exigia»
É já esta sexta-feira, no Campo Pequeno, para todos os interessados.
domingo, 25 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Matilda
Os Alt-J (nome horrível, remete para um comando do Mac usado para escrever o delta grego, que por sua vez é um triângulo e que mais não sei quê: major hipster alert) fazem uma música cerebral e demasiado pensada (conta a lenda que passaram quatro anos a escrever as canções do primeiro álbum). À primeira audição, fica a sensação de que estamos perante uma banda fria, embora haja em todas as músicas pormenores que nos surpreendem e que ajudam a aquecer o ambiente. Mas à medida que vamos ouvindo mais vezes - e bandas como esta convidam ao repeat - o universo que eles criam fica mais nítido e já não damos tanta importância os pormenores - até porque já os conhecemos de cor -, e é nesse momento que percebemos que estamos perante uma das bandas mais interessantes dos últimos anos, sobretudo pelo que os imaginamos a fazer daqui para a frente.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
A proof of good parenting
«A proof of good parenting? That the child has no desire to be famous.»
Do Twitter de Alain de Botton, que, infelizmente, se tornou na melhor coisa do autor
Do Twitter de Alain de Botton, que, infelizmente, se tornou na melhor coisa do autor
Era mesmo isto eu ia dizer, respecting the typologies e tal
«Peruri 88 combines Jakarta´s need for green space with Jakarta´s need for higher densities whilst respecting the typologies of the current urban fabric.»
No ArchDaily (nunca desilude)
Anteriores ao ano 2000
Em teoria, a ideia é boa. Carros anteriores ao ano 2000 poluem muito mais do que os posteriores ao ano 2000 (imagino que devido a uma razão técnica muito forte, como a inexistência de catalisadores, ou assim), e faz sentido que uma cidade proteja o seu centro histórico das agressões da poluição, sobretudo porque esse centro histórico é um activo turístico precioso. Eu já vivi na Baixa, e posso dizer-vos, como base em dados do Complexidade e Contradição Center for Urban Studies, que 79,3% dos transeuntes do eixo Avenida da Liberdade / Praça do Comércio são estrangeiros, em qualquer período do ano. Não me choca, por isso, que se tomem medidas de protecção especial desta área da cidade, sobretudo porque se trata de uma área central muito bem servida de transportes públicos. Em teoria, como disse, a ideia é boa. Mas o problema é que na prática a teoria é outra. E na prática esta medida de protecção ambiental colide violentamente com dois aspectos importantes: o parque automóvel dos cidadãos de Lisboa (que ainda tem muitos carros anteriores a 2000) e, a juntar a isto, a obsessão que os portugueses dedicam ao «carro»: atrevo-me a dizer que a legislação que os portugueses aceitam pior, ainda pior do que o aumento de impostos, é aquela que interfere com a utilização do seu carro. Por isso, espero que haja bom senso na implementação desta medida, mas que ela seja de facto implementada.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Ricardo Quaresma
Fico triste com a notícia da detenção de Ricardo Quaresma. Lembro-me de quando ele apareceu: era o maior talento que eu já tinha visto naquela idade, maior que Rui Costa, Figo e Futre. Jogava com o desplante dos predestinados. Quando se juntou a ele Cristiano Ronaldo, um pouco mais novo, a quem todos já reconheciam um futuro brilhante, eu mantive sempre a ideia de que o talento estava todo em Quaresma, e que Ronaldo só ganhava na dedicação e empenho. Que Quaresma não tenha aprendido nada com o seu colega e tenha, por isso, desperdiçado uma carreira que podia ter sido memorável, é algo que nunca lhe perdoaremos.
Ontem foi assim
Foto: Francisco Caseiro
Sangue, suor e lágrimas (sem a parte do sangue e das lágrimas). Há muita gente para agradecer: à Azáfama e ao Pedro Valente, ao Capitão Capitão pela primeira parte e participação especial, ao Rodrigo, a todos os que foram e ajudaram a fazer a festa, à Antena 3 e Vodafone FM pelo apoio, e em especial ao Diego, que é o único responsável pelo facto de os Trêsporcento serem hoje uma banda melhor do que há dois anos: muito lhe devemos, e é uma pena que não nos consigamos juntar mais vezes. Obrigado também ao Ritz Clube, que é bem capaz de ser a melhor sala para concertos da nossa cidade. Até à próxima.
É lixado
«Regressando do médico, entrámos num daqueles restaurantes populares que abastecem Lisboa à hora de almoço. Como o jogo de futsal já estava na TV, só tivemos de pedir jaquinzinhos e vinho. Entretanto, as mesas do restaurante ficaram repletas de povo. Deve ter sido por isso que um piquete de greve resolveu entrar pelo restaurante adentro aos berros, gesticulando e com cara de mau. Sabem qual é o efeito de um megafone dentro de quatro paredes? Não é bonito, é como ter os No Name Boys a fazer uma serenata mesmo junto aos tímpanos. Não, não foi bonito assistir à agressividade daquele piquete de greve. Cinco ou seis raparigas (entre os 20 e o 30) com os olhos embaciados pelo ódio do PCP começaram a insultar os empregados e clientes do restaurante. Naqueles dois minutos, a vanguarda do "Povo" nunca escondeu o ódio por aqueles que não tinham aderido à greve, nunca escondeu a raiva contra aqueles que não estavam nem aí para a sua jornada de luta. Ou seja, as meninas fizeram questão de mostrar o desrespeito que sentem pelas pessoas que pensam de outra forma. Na TV e nos jornais, os grevistas falam muito do "Povo", mas aquele piquete em concreto só conseguiu trocar palavras azedas com um povo em concreto, e a sua má-educação e arrogância acabaram escorraçadas por pessoas concretas. O concreto é lixado.»
Henrique Raposo
Henrique Raposo
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Trêsporcento na «Zona de Conforto»
Hoje os Trêsporcento estarão à conversa com o Pedro Adão e Silva na sua «Zona de Conforto» (TSF). É a partir das 23h00. Passem por lá porque haverá boa música para ouvir.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Isabel Jonet
Isabel Jonet foi à SIC-Notícias participar num debate com Manuela Ferreira Leite e Rui Vilar. Logo aqui percebemos que algo não está bem. O tema, julgo, seria tão difuso como «a crise e os portugueses», como bem gostam as televisões portuguesas, dando espaço para que os intervenientes falassem sobre o que bem lhes apetecesse. Foi neste espírito que Isabel Jonet produziu umas declarações que fez as delícias das «redes sociais», e que, resumindo, era uma crítica aos hábitos de consumo dos portugueses, sobretudo dos portugueses que não podem dar-se ao luxo de ter hábitos de consumo desregrados. Como Isabel Jonet não é uma oradora talentosa nem tem um discurso cívico consistente, a coisa descambou para um conjunto de banalidades moralistas, pensava eu que inócuas, como por exemplo a condenação de idas a «concertos rock» e o facto de os seus filhos lavarem os dentes com a água a correr (bem como alguma coisa sobre Nestum - trazida ao debate por Ana Lourenço - que eu não percebi). Ora, eu ouvi isto todos os dias da minha educação: são coisas que qualquer pai (e avó) competente repete aos seus filhos. São ilustrações simplistas de uma hierarquia de prioridades saudável. São, também, parte da narrativa católica, da narrativa católica conforme passada às crianças. Foi estranho ouvir aquilo de alguém que falava para adultos, mas não mais do que isso: estranho. E devo dizer que, no essencial, mesmo traduzindo para uma linguagem mais consequente as ideias que Isabel Jonet estava a transmitir, estou absolutamente de acordo: os portugueses - nós - habituaram-se nos últimos 20 anos a viver com défices orçamentais constantemente deficitários e isso levou à instalação de hábitos de consumo insustentáveis.
O que se passou a seguir é para mim inexplicável. Caiu o Carmo e a Trindade sobre Isabel Jonet, e os acéfalos do costume lançaram-se em campanhas virtuais de «boicote» ao Banco Alimentar. Sim, porque Isabel Jonet é a presidente de uma das instituições que mais tem feito pelo auxílio dos pobres. Chama-se a isto «caridade», uma palavra que a esquerda odeia porque acha que quem a pratica pretende manter os seus beneficiários na pobreza, enquanto massaja o seu ego e o seu currículo cristão. E, claro está, não tardou muito que Isabel Jonet fosse apelidade de «salazarenta». Obviamente que este tipo de «debate», chamemos-lhe assim, não mereceria qualquer tipo de alimento numa situação normal - aliás, como nunca mereceu durante todos estes anos que Isabel Jonet tem à frente do Banco Alimentar, com condecorações à mistura e tudo - mas nós não estamos numa situação normal. O pecado de Isabel Jonet é a sua dicção, digamos, a maneira como mexe as mãos e pisca os olhos: é a sua condição social de «privilegiada», como agora se diz, o que, segundo a acefalia reinante, a desqualifica para qualquer intervenção pública. Mesmo sendo Isabel Jonet uma pessoa com um currículo a todos os títulos inatacável no trabalho de campo de combate à pobreza, qualquer consideração que faça sobre os mais «desfavorecidos» será considerado um «insulto», à imagem daquilo que se passou com Alexandre Soares dos Santos, por exemplo (já agora, como está a correr esse boicote ao Pingo Doce?) O dado preocupante nesta história é este (não é o «boicote» ao Banco Alimentar, que será feito por catorze pessoas com contas Twitter): a radicalização das várias sensibilidades sociais e políticas que conduzirão, tragicamente, a uma situação onde será impossível qualquer tipo de consenso sobre aquilo que o país tem de fazer.
O que se passou a seguir é para mim inexplicável. Caiu o Carmo e a Trindade sobre Isabel Jonet, e os acéfalos do costume lançaram-se em campanhas virtuais de «boicote» ao Banco Alimentar. Sim, porque Isabel Jonet é a presidente de uma das instituições que mais tem feito pelo auxílio dos pobres. Chama-se a isto «caridade», uma palavra que a esquerda odeia porque acha que quem a pratica pretende manter os seus beneficiários na pobreza, enquanto massaja o seu ego e o seu currículo cristão. E, claro está, não tardou muito que Isabel Jonet fosse apelidade de «salazarenta». Obviamente que este tipo de «debate», chamemos-lhe assim, não mereceria qualquer tipo de alimento numa situação normal - aliás, como nunca mereceu durante todos estes anos que Isabel Jonet tem à frente do Banco Alimentar, com condecorações à mistura e tudo - mas nós não estamos numa situação normal. O pecado de Isabel Jonet é a sua dicção, digamos, a maneira como mexe as mãos e pisca os olhos: é a sua condição social de «privilegiada», como agora se diz, o que, segundo a acefalia reinante, a desqualifica para qualquer intervenção pública. Mesmo sendo Isabel Jonet uma pessoa com um currículo a todos os títulos inatacável no trabalho de campo de combate à pobreza, qualquer consideração que faça sobre os mais «desfavorecidos» será considerado um «insulto», à imagem daquilo que se passou com Alexandre Soares dos Santos, por exemplo (já agora, como está a correr esse boicote ao Pingo Doce?) O dado preocupante nesta história é este (não é o «boicote» ao Banco Alimentar, que será feito por catorze pessoas com contas Twitter): a radicalização das várias sensibilidades sociais e políticas que conduzirão, tragicamente, a uma situação onde será impossível qualquer tipo de consenso sobre aquilo que o país tem de fazer.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Four more years
Ver a esquerda portuguesa aplaudir a eleição de um capitalista católico cristão enche o meu coração de esperança. E sossega-me saber que o «imperialismo» dará lugar à «liderança» por mais quatro anos. Viva Obama.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
The Walkmen
«You were awfully quiet, back there», disse Hamilton Leithauser após um dos temas mais sossegados de Heaven. «Thanks for being so respectful», concluiu, surpreendendo quem tinha visto naquele «awfully quiet» um lamento. Ainda não foi desta que vi um mau concerto dos Walkmen, a banda mais adulta que conheço.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Diário da equidade
Rendimento dos funcionários públicos sobe 223 euros e o dos privados cai 357
As contas sãoda CIP do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, que «contesta estas actualizações por as considerar insuficientes para repor o poder de compra perdido em 2010». «Repor o poder de compra perdido em 2010»: o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado quer repor o poder de compra perdido em 2010.
As contas são
O Braga é clube de futebol melhor gerido em Portugal
É sempre assim: vai-se lá buscar um gajo, e eles arranjam logo outro melhor, sabe-se lá vindo de onde, a um quinto do preço a que foi vendido o jogador original. O último episódio passou-se com Lima. Lima é um grande jogador - os golos que já leva esta época pelo Benfica mostram isso - mas tem 29 anos, isto é, já pisou a linha do seu potencial máximo. Vai daí, vende-se o Lima ao Benfica por quatro milhões e meio de euros e vai-se buscar o Ederzito à Académica a custo zero. Zero. Z-e-r-o. Nicles. De borla. 24 anos de jogador, a semanas de distância de ser o titular da selecção nacional. Há que tirar o chapéu a António Salvador. E ao Ederzito, que ontem inventou sozinho o segundo golo do Braga e os terrores nocturnos de Michael Carrick.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Uma coisa ou outra
Esta capa do Correio da Manhã - o jornal de maior tiragem em Portugal - espelha bem a esquizofrenia em que o país mergulhou: queremos todos manter o «estado social» actual - com as reformas, as baixas, os subsídios, o sistema nacional de saúde, a educação, etc - mas quando somos convocados a pagá-lo, o Estado está a «sacar» o nosso dinheiro. É uma coisa ou outra.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Agustina Bessa-Luís, noventa anos
A Coluna Infame não nasceu de geração espontânea, claro está. Não temos dúvidas que sem Agustina não teria havido Coluna, e por isso é bastante feliz que as duas datas se sobreponham.
A Coluna Infame, dez anos
Faz hoje dez anos que começou A Coluna Infame, o blogue criado por João Pereira Coutinho, Pedro Lomba e Pedro Mexia. Estou sem tempo para escrever um post como deve ser, por isso encaminho-vos para o post do Tiago Cavaco, que explica bem o que se passou connosco naqueles tempos (isto é tão sagrado que merece linguagem bíblica). E partilho a estupefacção do Tiago: que a imprensa não tenha assinalado o facto - e a Coluna, mais do que uma referência específica para cada um dos seus leitores, tem tudo para ser identificada como o início da blogosfera portuguesa - só mostra que anda tudo muito distraído.
domingo, 14 de outubro de 2012
A manifestação cultural
Sobrevivi à manifestação da cultura, ocorrida ontem na minha sala. Foi uma festa bonita. Por cá passaram os Homens da Luta e outras figuras culturalmente menos relevantes. Perto das onze da noite, quando eu tentava, pela terceira vez, pôr o meu filho a dormir, uma banda de méritos artísticos facilmente não subsidiáveis gritava «contra as políticas de direita». Isto fez-me pensar na liberdade de expressão, e como é bonito podermos ter microfones nocturnos a invadir um bairro com palavras de ordem livres. Só estranhei não ter ouvido gritos de ordem contra as «políticas de esquerda» que sobre-endividaram o país e que nos trouxeram a este estado de emergência financeira: devem ter sido gritadas com certeza depois da uma da manhã, hora a que, rendido, me fui deitar. Também me deixou confuso a quantidade de slogans proferidos a favor da «liberdade», pois estava convencido de que aquela era uma manifestação de protesto e não de apoio ao nosso regime actual que, como sabemos, tem muitas falhas, mas a falta de «liberdade» não é, sob qualquer ponto de vista, uma delas. O que me leva a uma reportagem a que assisti umas horas antes, e que mostrava alguém - um dos organizadores desta manifestação da sociedade civil?, e já agora, quem pagou aquele sistema de som ontem? - que dizia que «se calhar o 25 de Abril não ficou completo, temos de o acabar agora», voltando ao tema incompreensível da «falta de liberdade». Ora, isto pareceu-me absurdo, porque se há algum tipo de virtude que podemos encontrar no Estado Novo foi precisamente a capacidade de disciplina das contas públicas. E não deverá haver pecado maior da democracia portuguesa do que a má gestão económica e financeira dos recursos nacionais, que nunca se preocupou em deixar como herança a dívida pública contraída para a construção das autoestradas e afins. Mas nada disto me causou tão grande agitação como o medo constante de que, devido à quantidade de artistas de palco ali reunidos, aparecesse como candidato a alguma coisa Pedro Santana Lopes.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Avisem o James Wood
Não podia estar mais indiferente a Mo Yan (que o meu cérebro insiste que é um mais interessante «Yo Man») nem à «questão chinesa», mas confesso-me fascinado por este conceito de «hallucinatory realism».
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
«Fazer o curso na maior»
«Como assinante e leitor diário do Público, foi com surpresa que li na edição de terça-feira, dia 9 de Outubro, uma peça de página dupla, publicada surpreendentemente na secção Portugal, a propósito de um livro que se propõe “ensinar a fazer o curso na maior”. Imagino que nas redes sociais e nas conversas entre alunos circulem muitas dicas sobre como ter notas sem estudar ou contornando o trabalho que é exigível a quem frequenta o ensino superior; admito, naturalmente, que haja também quem queira beneficiar comercialmente com a divulgação dessas estratégias (publicam-se tantos livros tontos, por que razão não se há-de publicar mais um). O que me espanta é que o Público dê destaque em, repito, duas páginas a um conjunto de imbecilidades e ideias estapafúrdias sobre o que é (ou deve ser) estudar e, pior, as consequências para a vida social de se estudar. Nem falo da ideia peregrina referida na peça de que, cito, “o objectivo num curso é fazer as cadeiras. E isso não é sinónimo de acumular conhecimento.” Tendo em conta que, a crer na notícia, um dos autores do livro é professor na Universidade Lusófona, percebe-se a afirmação. Se a universidade não é um local de cultura de exigência e de trabalho, perde a sua função. E como estamos necessitados, em Portugal, de instituições que se movam pela exigência, trabalho e rigor (e como é necessário que nas universidade se combata o facilitismo e a sua versão extrema, o plágio). Mas, talvez o mais chocante da notícia é a dicotomia completamente disparatada que é estabelecida entre “pessoa normal” e “malta que não fez isto [curtir a vida enquanto estudava] e que acha que os alunos também não o devem fazer. Foram ‘cromos’, tecnocratas, académicos.” Não sei em que mundo vivem os autores do estudo ou que percurso académico tiveram, mas posso dar um sem número de exemplos de bons alunos de ontem e também de hoje que não encaixam no perfil definido - o que não os impediu de alcançar um patamar de excelência na vida académica e profissional. Como os autores afirmam, “é nesta idade que estabelecemos uma rede de contactos, fazemos amigos para a vida. E esses amigos e contactos serão fulcrais no nosso futuro pessoal e profissional.” Aparentemente, os autores do livro não só conheceram e conhecem pessoas que são exemplos errados como se esqueceram de dizer que é também “nesta idade”, quando somos estudantes universitários, que temos a melhor oportunidade da nossa vida para “acumular conhecimento”. Um saber que será fundamental para a nossa vida, onde a capacidade relacional não é tudo. Tenho dificuldade em perceber como é que um jornal de referência, que é uma referência diária para mim, e que deve ser também um exemplo de rigor e exigência, publica um artigo como este.»
Pedro Adão e Silva, em carta enviada ao Público
Pedro Adão e Silva, em carta enviada ao Público
Miguel Lopes You You Migueling Lopes
O jogador Miguel Lopes decidiu apresentar-se na concentração da Selecção Nacional vestindo uma t-shirt com o seguinte slogan: «Fuck You You Fucking Fuck». Deu que falar, pelos motivos óbvios, e Miguel Lopes foi obrigado a esclarecer que não teve intenção de «ofender». Quem é que ele poderia ter ofendido, para além dele próprio, é a grande questão.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Lionel
Cada vez me convenço mais que se o José Avillez
e o Thom Yorke
tiverem um filho, o resultado será este:
e o Thom Yorke
tiverem um filho, o resultado será este:
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Francisco Assis
Francisco Assis fez hoje um belo discurso no parlamento, e digo isto sem ironia. Foi um discurso que mostra que há alternativas (a António José Seguro, entenda-se). Assis é um oásis num partido encurralado entre um programa de assistência financeira a que conduziu o país (nunca, mas nunca nos esqueçamos disto) e o populismo infantil de querer ser contra tudo o que é mau para os portugueses. É uma tragédia - outra vez, sem ironia - que não seja ele o líder da oposição, e devo dizer, agora com ironia, que gostei quando Assis citou Hollande. Muito provavelmente já teria lido esta notícia:
Governo francês prepara uma baixa dos encargos das empresas que será financiada pelo aumento da CSG, a TSU francesa
Governo francês prepara uma baixa dos encargos das empresas que será financiada pelo aumento da CSG, a TSU francesa
O Tribunal Constitucional
O governo de Passos Coelho deveria ter apresentado a demissão do dia seguinte ao veto do Tribunal Constitucional.
O Estado Social
Ao longo do último ano os portugueses declararam-se nas mais diversas manifestações públicas contra o aumento das taxas moderadoras na saúde, contra a privatização da RTP, contra o corte de salários dos funcionários públicos, contra o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa e outros serviços hospitalares, contra o encerramento de escolas, contra o aumento do número de alunos por turma, contra o despedimento de professores contratados, contra cortes no subsídio de desemprego, contra cortes no rendimento mínimo, contra cortes no investimento público, contra a falta de apoios às empresas, contra o encerramento de Fundações na área da cultura e contra a austeridade porque causa efeito recessivo. Em suma, os portugueses não estão dispostos a abdicar do seu Estado Social. E também não estão dispostos a pagar os impostos necessários para sustentar o Estado Social. Há em Portugal um largo consenso contra aumentos de impostos. O Estado Social é bom enquanto for pago por défices, quando é preciso pagá-lo com impostos já não pode ser.
João Miranda
João Miranda
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Quando é preciso
«Os neoliberais dizem que não, porque os Estados não têm dinheiro. O que é falso. O dinheiro fabrica-se quando é preciso.»
Mário Soares
Mário Soares
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
domingo, 30 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Zero vírgula três
Rua Castilho. Dia de chuva, greve no metro, trânsito difícil. O semáforo abre e, após aquele intervalo de tempo tão característico destas situações, o carro de trás manifesta o seu desagrado pelo facto de o carro da frente ainda estar parado. Uns metros mais à frente, um «carro de alta cilindrada» (já vos disse que no trânsito sou marxista?), estacionado na faixa da direita, obriga todos os condutores a contorná-lo, entupindo a circulação da rua toda. O mesmo condutor que, segundos antes, se tinha aproximado de um colapso nervoso devido a um atraso de zero virgula três segundos, mantém a calma e parece reconhecer aquele troço da faixa de rodagem como um lugar de estacionamento reconhecido pela EMEL. «Basta estarmos conscientes e entender que vivemos num mundo completamente absurdo», já dizia o Pancho Guedes.
domingo, 23 de setembro de 2012
«Xistrema» (uma palavra que aprendi hoje com adeptos do FCP)
O que se passou hoje no Estádio Cidade de Coimbra explica-se em poucas linhas: o Benfica passou um cheque chorudo a Carlos Xistra (e sua equipa, não esquecer aquele fora-de-jogo no final da primeira parte) para que este fizesse aquilo que veio a fazer, de modo a não deixar espaço para o óbvio: a direcção da Benfica, SAD (o maior pecado das SADs, já agora, foi ter feito a transformação de género dos clubes de futebol) é completamente alucinada e não faz ideia para que serve um «médio-centro».
sábado, 22 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Bom Outono para todos
«O único consenso que alguma vez existiu e continua a existir pode ser resumido da seguinte forma: todos concordam que o governo deve cortar na despesa para que não seja necessário cortar na saúde , na educação, nas segurança social, nos salários, no investimento e na cultura.»
João Miranda
João Miranda
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
No fundo é isto
O Benzema é muito melhor ponta-de-lança que o Higuaín. É muito melhor ponta-de-lança que toda a gente, à excepção daquela fusão entre Romário e Batistuta que dá pelo nome de Falcão.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Revoluções
Há 38 anos, a revolução fez-se pela democracia, pela liberdade, e pelo fim de uma guerra; hoje, há quem apele a um «novo 25 de Abril» por causa do corte do subsídio de férias.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Alberto João
Ao que isto chegou: Alberto João Jardim na televisão a falar de «decoro institucional».
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Imposto sobre... as PPP?
Tal como o governo escolhe apresentar novas medidas de austeridade antes dos jogos da selecção, estou absolutamente convencido de que António José Seguro escolheu deliberadamente fazer a sua «intervenção» antes da entrevista do primeiro-ministro.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
A portagem
Concorde-se ou não com o tipo de medidas que o governo está a implementar para atingir as metas definidas no compromisso com a troika, há um aspecto da indignação que acho profundamente equivocado, que é o argumento de que «os sacrifícios não estão a levar a lado nenhum». Se isso é verdade para a economia interna do país, no sentido em que demora a arrancar o tão prometido crescimento, o mesmo não se poderá dizer da reputação internacional do país. Convém lembrar que o governo de José Sócrates - que em 2009 prometia TGVs, aeroportos e computadores para todos - deixou Portugal à beira da falência e sem capacidade para pagar salários à função pública, quanto mais pagar as dívidas a credores e fornecedores. Em 2011, Portugal era igual à Grécia aos olhos da comunidade internacional. Era um estado falhado e sem futuro. Por muito que a austeridade nos doe, e mesmo concedendo que há injustiças intoleráveis em curso ao abrigo de uma agenda liberal fortemente ideológica, não se pode negar esse efeito positivo, que é absolutamente essencial para reclamarmos no futuro a nossa independência financeira. Podemos - porque isto é uma democracia - correr com este governo e substituí-lo por outro mais próximo das nossas simpatias ideológicas, mas não devemos acreditar que é possível fazer o ajustamento que nos foi imposto de um modo menos agressivo para todos nós. Pode haver «outro caminho», mas a portagem é a mesma.
Manuela Ferreira Leite
Teve o condão de vir falar nos reformados, um dos tópicos mais esquecidos na indignação. E fê-lo ao abrigo de um argumento que, apesar de achar que não é totalmente protegido pela lei, é curto e grosso: as reformas não são dinheiro que o Estado entrega aos pensionistas, é dinheiro dos pensionistas que o Estado apenas guardou durante a sua vida activa. E foi directa quando à forma de protesto: chumbo no parlamento do orçamento. Esta mulher fez-nos muita falta.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Vergonha
Vergonha. É a única palavra que serve para descrever o comportamento recente do PS, mas também dos tidos por «senadores» do PSD, e, já agora, de Paulo Portas. Queriam o quê, caralho? Queriam escapar todos por entre os pingos da chuva? Queriam fazer um ajustamento de não-sei-quantos mil milhões à economia portuguesa sem afectar «os mais desfavorecidos»? «Os mais desfavorecidos», ficam já a saber, são 85% a 90% dos portugueses (f: Complexidade e Contradição Bureau of Labor Statistics), somos nós, é a classe média que é cada vez classe média baixa, é o professor o enfermeiro o empregado de balcão o quadro da empresa de painéis solares o engenheiro da câmara o «empreendedor». Queriam «cortar a despesa», era?, sem que o outro lado dessa despesa não desse por isso? A Priscila explica, para quem ainda não percebeu. Explica porque razão é praticamente impossível que haja dois caminhos para atingir os objectivos que o governo de José Sócrates fez o favor de definir no Memorando. Não há: há um, é este, e Vítor Gaspar ocupa um lugar muito, mas muito discreto na lista dos «culpados».
Não queria deixar de dar uma palavra muito especial aos porta-vozes do PS (que se multiplicam como coelhos, quero é ver como é que vão tirar o Tó Zé do poleiro, estamos cá para ver): quando os senhores começaram a ladrar sobre a necessidade de alargar o prazo do ajustamento, esqueceram-se de avisar o país que isso só seria possível se o país cumprisse todos os objectivos a que se propôs (isto é, a que o PS se propôs) de modo a ganhar algum capital de confiança das pessoas que estão a pôr cá o dinheiro. Isto de vir para a televisão dizer que se está «indignado» com as medidas ao mesmo tempo que se canta vitória pelo alargamento do prazo («como o PS sempre disse»), é o mesmo que passar o dia a dizer que são dezasseis horas e vinte minutos e exclamar, às dezasseis horas e vinte minutos, que, «como passámos o dia a dizer, são dezasseis horas e vinte minutos!»
Portanto, façam um favor ao país, façam um favor a todos aqueles que começam a ver a fome a aproximar-se, e não façam de conta que «existe outro caminho». Isto é brincar com as pessoas, e as pessoas não estão para brincadeiras.
Não queria deixar de dar uma palavra muito especial aos porta-vozes do PS (que se multiplicam como coelhos, quero é ver como é que vão tirar o Tó Zé do poleiro, estamos cá para ver): quando os senhores começaram a ladrar sobre a necessidade de alargar o prazo do ajustamento, esqueceram-se de avisar o país que isso só seria possível se o país cumprisse todos os objectivos a que se propôs (isto é, a que o PS se propôs) de modo a ganhar algum capital de confiança das pessoas que estão a pôr cá o dinheiro. Isto de vir para a televisão dizer que se está «indignado» com as medidas ao mesmo tempo que se canta vitória pelo alargamento do prazo («como o PS sempre disse»), é o mesmo que passar o dia a dizer que são dezasseis horas e vinte minutos e exclamar, às dezasseis horas e vinte minutos, que, «como passámos o dia a dizer, são dezasseis horas e vinte minutos!»
Portanto, façam um favor ao país, façam um favor a todos aqueles que começam a ver a fome a aproximar-se, e não façam de conta que «existe outro caminho». Isto é brincar com as pessoas, e as pessoas não estão para brincadeiras.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Eu tenho um sonho
Que Bruno Carvalho e Bruno de Carvalho venham a ser, simultaneamente, os presidentes de Benfica e Sporting.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Veludo (com concerto no Jardim da Estrela)
Veludo é o tema de avanço do próximo álbum dos Trêsporcento. O novo disco, que será editado ainda durante o ano de 2012, conta com a produção de Diego Salema Reis, que já tinha produzido o trabalho anterior da banda, e foi gravado entre Abril e Maio deste ano na Coutada do Som.
Para celebrar o lançamento da primeira canção do novo trabalho, os Trêsporcento vão dar esta 3ªfeira, 4 de setembro, pelas 21h00, um concerto de entrada livre na Esplanada do Jardim da Estrela.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
RTP
Uma estação que reduz Helena Coelho a entrevistadora de toureiros merece ser vendida a preço de saldo.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
O positrão
Uma palavra para António José Seguro. A vida democrática só existe com alternativas de poder, e é bom ver que ele está lá. Mantendo-nos a todos debaixo da sua asa protectora. Não se preocupem, parece dizer, o Tó Zé está aqui, a ver tudo, a tomar conta de tudo. Todos os dias o Tó Zé sai da cama só para nos defender do governo malvado. Liga a televisão, ouve a proposta do dia, e à tarde está a propôr o seu contrário. O Tó Zé está para o governo como a anti-matéria está para a matéria: se o governo é o electrão, todo cheio de cargas negativas e maus olhados, o Tó Zé é o positrão, todo animado e positivo. Com ele, o futuro brilhará, e brilhará de todas as maneiras possíveis, até ao infinito. Com subsídios, com televisão, com circo às quintas-feiras. Palavra de positrão.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Finally: particle physics gets a proper page-turner
Torgal Ferreira - a César o que é de César, a Deus o que é de Deus: o bispo das forças armadas parece-me, acima de tudo, um homem sem fé.
Simpatia - a simpatia parece-me, acima de tudo, a simulação da empatia.
Jogos Olímpicos - muita atenção a David Rudisha, o meio-fundista mais elegante da história do atletismo.
Moda primavera-verão - a minha loja preferida é, consistentemente desde os 12 anos, a Springfield.
Gourmet é o caralho - sempre que vou ao McDonald's saio satisfeito e sem problemas de maior; sempre - sempre - que vou ao H3 saio de lá com uma azia que me dura dias (e já experimentei quase todos os menus, tirando aquele que é a 10 euros, que leva trufas, ou lá o que é).
Férias - Há um incêndio que lavra perto de Tavira: não dava para ir queimar para outro lado? Viva o sotavento.
Ian Sample - parece que o Ian Sample escreveu o melhor livro para leigos sobre o bosão de Higgs: chama-se Massive - The Hunt for The God Particle (não se preocupem: o próprio Sample trata logo de avisar que o nome «God particle» é uma imbecilidade de todo o tamanho) que, segundo consta, se lê em dois dias («finally: particle physics gets a proper page-turner»). Conto lê-lo durante as férias, se os meus filhos deixarem, e voltarei para contar.
Festivais de verão - nada contra, até acho que deviam ser legalizados.
Simpatia - a simpatia parece-me, acima de tudo, a simulação da empatia.
Jogos Olímpicos - muita atenção a David Rudisha, o meio-fundista mais elegante da história do atletismo.
Moda primavera-verão - a minha loja preferida é, consistentemente desde os 12 anos, a Springfield.
Gourmet é o caralho - sempre que vou ao McDonald's saio satisfeito e sem problemas de maior; sempre - sempre - que vou ao H3 saio de lá com uma azia que me dura dias (e já experimentei quase todos os menus, tirando aquele que é a 10 euros, que leva trufas, ou lá o que é).
Férias - Há um incêndio que lavra perto de Tavira: não dava para ir queimar para outro lado? Viva o sotavento.
Ian Sample - parece que o Ian Sample escreveu o melhor livro para leigos sobre o bosão de Higgs: chama-se Massive - The Hunt for The God Particle (não se preocupem: o próprio Sample trata logo de avisar que o nome «God particle» é uma imbecilidade de todo o tamanho) que, segundo consta, se lê em dois dias («finally: particle physics gets a proper page-turner»). Conto lê-lo durante as férias, se os meus filhos deixarem, e voltarei para contar.
Festivais de verão - nada contra, até acho que deviam ser legalizados.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
The Lourenço Viegas Review
Como se diz na TV, durante aquelas notícias sobre os concertos do Toni Carreira (que têm tanto de notícia como a prostituição tem de paixão) (...)
Um restaurante num casino é como jogar xadrez em queda livre. A mistura do negócio menos arriscado do mundo – com uma procura fixa de jogadores (muitos dos quais viciados, doentes) e uma protecção do Estado à concorrência para que ganhe sempre o mesmo – com o negócio mais arriscado do mundo: como toda a gente sabe, um restaurante.
Há restaurantes que desafiam os sentidos. O Solar dos Leitões desafia o sentido.
Um restaurante num casino é como jogar xadrez em queda livre. A mistura do negócio menos arriscado do mundo – com uma procura fixa de jogadores (muitos dos quais viciados, doentes) e uma protecção do Estado à concorrência para que ganhe sempre o mesmo – com o negócio mais arriscado do mundo: como toda a gente sabe, um restaurante.
Há restaurantes que desafiam os sentidos. O Solar dos Leitões desafia o sentido.
terça-feira, 17 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Ai, o povo
«Por exemplo, a do rapaz que, ao nosso lado, funcionou como ponto durante o concerto mais aguardado: cinco segundos de canção e ele gritava-lhe o título com felicidade incontida, a que reunia expressões em vernáculo que o êxtase não conseguia conter, o que desembocava fatalmente no berrar das letras do tema respectivo, em volume tal que o enxame de burburinhos se tornava ruído de fundo muito distante.»
Mário Lopes
«Os Radiohead fazem aquilo que querem e que lhes dá prazer, e é impossível não perceber isso ao longo do concerto: "15 Step", "Weird Fishes/Arpeggi", "Pyramid Song" ("ai cum caralho!", exclamou, excitado, um fã atrás de nós, quando esta música deu à costa) (...)»
Blitz
Mário Lopes
«Os Radiohead fazem aquilo que querem e que lhes dá prazer, e é impossível não perceber isso ao longo do concerto: "15 Step", "Weird Fishes/Arpeggi", "Pyramid Song" ("ai cum caralho!", exclamou, excitado, um fã atrás de nós, quando esta música deu à costa) (...)»
Blitz
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Lourenço é para fechar esta semana
Das duas vezes que participei num jogo de futebol de 11, fi-lo a lateral esquerdo (num dos jogos num sistema de quatro defesas, no outro num sistema de três centrais); estranho, por isso, com alguma mágoa, que o meu nome não tenha ainda sido ventilado pela imprensa especializada como estando «por horas» de assinar contrato com o Benfica.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Princípio da igualdade 3
Enfermeiros contratados a 4 euros à hora: ora aqui está uma simetria perfeita entre sector público e sector privado.
Princípio da igualdade 2
Quando anunciou o corte nos subsídios, Vítor Gaspar disse que a alternativa era despedir 100 mil funcionários públicos. Parece-me que essa opção não teria violado o princípio da igualdade.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
quarta-feira, 4 de julho de 2012
terça-feira, 3 de julho de 2012
Se é para ser arquitecto assim, prefiro ser pedreiro
(Foto: João Carmo Simões)
Passaram-se dez anos desde que fui aluno do Manuel Vicente. Quando o conheci, um ano antes de ser seu aluno, nunca tinha ouvido falar dele. Estava num anfi-teatro para ouvir um arquitecto americano que fazia coisas com toldos («estruturas tensionadas», quero eu dizer), e o Manuel Vicente estava lá para fazer a devida apresentação. Lembro-me de ficar com a ideia de que era alguém de quem o Manuel Vicente era amigo, porque aqueles toldos não eram assim tão interessantes. E passados estes anos, não faço ideia de quem era esse arquitecto americano, e não me ficou na memória nenhuma imagem ou palavra que ele tenha dito. Mas lembro-me perfeitamente da apresentação que o Manuel Vicente lhe fez: cheia de generosidade e provocação (afinal, aquilo eram toldos, convenhamos), dita num inglês impecável (que é raro nos portugueses da geração do Manuel Vicente). A somar a isto, estávamos perante um homem fisicamente debilitado, de sorriso constante, que não se vestia como os arquitectos: no primeiro ano do curso assisti a uma palestra onde nos era explicado que os arquitectos se vestem de uma determinada e acertada maneira, porque a arquitectura é «um modo de estar na vida». O modo de estar na vida do Manuel Vicente, vim depois a perceber, nunca alinhou pelo modo de estar na vida que se convencionou atribuir à elite da arquitectura portuguesa. Sobretudo porque o Manuel Vicente sempre foi um expansionista: de Moçambique à Pensilvânia de Khan, até chegar a Macau, que, anos depois, passou a ser a Macau de Manuel Vicente, o seu desejo nunca encontrou no Portugal continental espaço suficiente. Num certo sentido, a sua energia compara-se à energia de uma criança que nunca se deixa confinar e tem na curiosidade a sua força motriz. Uma curiosidade que o levava a cortar maquetes ao meio, a virar desenhos de pernas para o ar, sempre na procura de alguma coisa que o surpreendesse, que não tivesse visto antes. Pedagogicamente, esta atitude era algo errática, no sentido em que era pouco programática e muito aberta ao exterior (e vulnerável às suas variações de humor), o que fez com que nunca se pudesse construir uma «escola» à sua volta. Por isso é que o seu impacto numa instituição como o Instituto Superior Técnico terá sido muito mais relevante do que noutra escola qualquer. Isso dava-lhe especial prazer, estar no meio dos engenheiros, sempre à procura de confrontos que servissem de estímulo aos alunos. E era um curso novo, uma ideia nova, e tudo o que é novo lhe interessava. Não havia crise, não havia esta crise, e o optimismo ainda podia evitar ser confundido com ingenuidade.
Tudo isso mudou, é claro, e nota-se nesta conversa que a revista Estudo Prévio (da Universidade Autónoma) manteve com o Manuel Vicente. Há muita coisa que eu reconheço, sobretudo esta maneira de explicar a arquitectura através de histórias e episódios, contaminando-a com todas as imperfeições humanas. Mas há um tom de desencanto que não estava lá há dez anos, um desencanto que se sedimentou e que se percebe estar quase a levar ao rancor. Uma desilusão com o estado das coisas presentes, uma desilusão tanto maior quanto a extraordinária capacidade para a invenção do Manuel Vicente. Se é para ser arquitecto assim, diz às tantas, prefiro ser pedreiro.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Don Vicente
Não há nada que eu não goste em Vicente Del Bosque: a começar no nome, nos olhos, na educação, passando pelo bigode (que envergonha a actual vergonha portuguesa no bigode) e a acabar no futebol que vimos ontem. Obrigado por tudo.
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