sexta-feira, 30 de março de 2012

Costa

Não começou agora, mas começou.

terça-feira, 27 de março de 2012

Um país genérico

«A nossa publicidade nasceu em 1990. Vinte anos depois, imensos adolescentes giríssimos dão as mãos com arzinho enlevado e trauteiam jingles em inglês para a Optimus e a EDP.»

O Luís M. Jorge continua:

«A extinção da publicidade coincide com a morte do jornalismo, da arquitectura e da classe média em Portugal. Foram duas décadas de cultura crítica implacável e de criatividade em rede.» 

Agora estamos reduzidos a este marasmo da glorificação do discurso do «empreendedorismo» através de uma colecção de cromos que invadiu o espaço público com as suas palestras motivacionais e as suas vidas repletas de vitórias e conquistas. Estamos a transformarmo-nos num país genérico.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Bufos

Cavaco diz que se deve “saber bem tudo” o que aconteceu nos “distúrbios” no Chiado

Mais linguagem fascista, não é Irene?

Blogosfera (2002-2011)

A blogosfera nasceu no dia 15 de Outubro de 2002 (by the way, já está tudo tratado para a festa?) e morreu a 25 de Março de 2011. Agora só sobramos nós, os abutres.

sábado, 24 de março de 2012

Normal people







«Listen, if you really wanna do this with your life you have to believe you're necessary and you are. People wanna live like this in their cars and big fuckin' houses they can't even pay for, then you're necessary. The only reason that they all get to continue living like kings is cause we got our fingers on the scales in their favor. I take my hand off and then the whole world gets really fuckin' fair really fuckin' quickly and nobody actually wants that. They say they do but they don't. They want what we have to give them but they also wanna, you know, play innocent and pretend they have know idea where it came from. Well, thats more hypocrisy than I'm willing to swallow, so fuck em. Fuck normal people.»


Will Emerson (Paul Bettany), Margin Call (2012)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Vale e Azevedo

O corpo de Vale e Azevedo não recebeu o memo sobre a estratégia da vitimização: continua gordo e anafado, próprio, como sabemos, de quem vive «num inferno» (João Vale e Azevedo, ontem, na TVI).

terça-feira, 20 de março de 2012

Freddie Lyon

Num certo sentido, Freddie Lyon é o anti-Charles Ryder.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Josh!
























George Clooney tem muitos amigos, e eles vieram todos a correr para este The Ides of March, construindo um plantel com mais potencial do que o do Manchester City: Ryan Rosling, Seymour Hoffmann, Paul Giamatti, e, last but not the least, Marisa Tomei. Mas depois o filme começa e tudo desaba: Giamatti e Seymour Hofmann anulam-se, Rosling não consegue salvar o que foi escrito para a sua personagem, e, last but not the least, Marisa Tomei não se despe. Qualquer um dos 154 episódios de West Wing é mais interessante do que este desperdício de talento.

Sá Pinto

Forever?

sexta-feira, 9 de março de 2012

Álvaro Santos Pereira

Álvaro Santos Pereira seria sempre uma má escolha fosse para o que fosse (como eu disse atempadamente), mas foi especialmente uma má escolha para o ministério que lhe foi entregue, que exige não apenas alguém tecnicamente muito preparado, mas sobretudo um ministro com talento político. Esta saída anunciada só peca por tardia. Gostava de ver António Pires de Lima suceder-lhe, mas sei que isso não irá acontecer. Esperemos que não nos saia um António Borges desta vida.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Messi


















Messi tem 24 anos. Para que os registos da história o consagrem como o melhor jogador de futebol de todos os tempos falta-lhe ser campeão do mundo pela Argentina: não vejo melhor sítio para isso acontecer que o Maracanã...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Hitch-22

Quando relata a estadia de Christopher Hitchens em Oxford, Hitch-22 é assim uma espécie de Bilhente de Identidade (Maria Filomena Mónica), onde Vasco Pulido Valente é substituído por «futuros membros do governo de Margaret Tatcher» (no que à actividade sexual do narrador diz respeito) e onde Bill Clinton se passeia pelos corredores comendo brownies de marijuana e a informar a CIA sobre as actividades dos seus colegas americanos de inclinações socialistas. É um grande livro.

Rock and roll and sex were OK












Hitch-22

sexta-feira, 2 de março de 2012

Krugman

Atenção, Krugman não faria muito diferente do Governo português, mas detesta dizê-lo. Depois disto, não sei como não está o país a reclamar o regresso do partido socialista ao poder.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um belo dia

Chove. O que me dá a oportunidade de lembrar este texto do António Guerreiro, trazido pela Sara:

Há algo de anedótico nas palavras de uma ministra da Agricultura que, confrontada com a situação de seca, profere: “Esperemos que chova”. Neste desejo de conforto meteorológico reconhecemos não a consciência do desastre, mas a expressão típica do indivíduo urbano que vai passar o fim de semana fora e diz: “Esperemos que não chova”; ou daquele que, rumo a uma estância de inverno, traduz toda a sua expectativa hedonista num “esperemos que neve”. Nas palavras da ministra, subentende-se ainda uma proximidade com a linguagem dos boletins meteorológicos, os quais, tal como são difundidos nos media, abdicaram de toda a neutralidade e são enunciados exclusivamente do ponto de vista dos interesses e cálculos da vida urbana e dos lazeres burgueses: um “belo dia” é sempre o dia de sol (mesmo num inverno em que não houve um dia de chuva) e um “dia feio”, a requerer mil precauções e muitos apelos da “proteção civil”, é invariavelmente um dia de chuva.

A ciência meteorológica é assim traduzida em pura ideologia. Para um homem do campo e um agricultor, que se estão nas tintas para os avisos da “proteção civil” e que já perceberam que a catástrofe se anuncia, pelo contrário, nas sorridentes confirmações diárias de “bom tempo”, o “esperemos que chova” é uma prova de ignorância: a chuva é antecedida de sinais que eles sabem decifrar e, além disso, é inadiável, não admite espera. Na ausência desses sinais, ninguém espera que se dê o milagre da chuva. Esta ideologia meteorológica ao serviço do lazer do homem urbano é também uma manifestação da racionalidade técnica, que Spengler caricaturava nestes termos: "o homem moderno não pode ver o curso de um rio sem o transformar logo mentalmente em produtor de energia elétrica". A distância que se criou em relação aos fenómenos naturais, como está patente no analfabetismo urbano em relação à chuva, é uma tragédia.


António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Atual, Portugal, 18.2.2012