terça-feira, 7 de junho de 2005
Sonhando acordado com locais distantes 28
Muitos são aqueles que identificam a diferença entre a realidade virtual e a realidade real na ausência de tacto por parte daquela. Não poder sentir (e aqui se mostra a força deste preconceito: o verbo sentir é usado para descrever a sensação do tacto, quando o seu significado é bastante mais amplo do que o do simples contacto entre duas superfícies) algo, alguém, assume-se como a barreira inultrapassável, a linha onde se traça a fronteira entre o acontecimento e a simulação. Não quero negar esta evidência, mas parece-me que nesta conversa toda o olfacto é claramente sub-valorizado. De qualquer das formas os dois não andam muito longe um do outro: do que se fala, afinal, é de coisas que se fazem de olhos fechados, como que a assumir a impossibilidade de se conseguir intimidade de outra maneira.