domingo, 25 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Barcelona



Há três fracassos em Vicky Cristina Barcelona. O primeiro é o modo como Woody Allen vê Scarlett Johansson: à terceira começa a emergir um padrão e o que ele nos conta não é bonito e não está a fazer nada bem à carreira de Charlotte, perdão, Scarlett. O segundo é Barcelona, ou a tentativa de mostrar Barcelona. O ocasional plano de Gaudí nunca chega a cumprir a promessa e o que o filme nos conta é a história do enamoramento de Woddy Allen pelo subúrbio campestre da capital catalã, com guitarradas à luz das velas sobre jardins e vinho tinto. Não o censuramos, mas não é Barcelona que ali está (Vicky Cristina Oviedo não teria o mesmo charme). O terceiro resume-se a uma cena onde é notório que se quis apresentar Penélope Cruz com mau aspecto e isso é como a existência de Deus: podemos acreditar na hipótese mas será sempre impossível de o provar. Quer isto dizer que Vicky Cristina Barcelona é um mau filme? Nada disso; que parte de «Scarlett Johansson» e «Penélope Cruz» é que não perceberam?

Embora Vicky Cristina Barcelona seja, como em qualquer outra coisa, muito mais Penélope Cruz que Scarlett Johansson, isto parece reunir as condições necessárias para se transformar num dogma.

(Ontem ao jantar um casal amigo explicou-me que João Paulo II foi o primeiro Papa - e talvez o único - a canonizar um casal enquanto casal. Ou seja, foi aberto um precedente e fico à espera que se trate do processo dos progenitores das irmãs Cruz, cuja fotografia eu fiz o favor de trazer a este post.)