quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Agora é a minha vez

Eu não gosto de José Sócrates. Nunca gostei, é uma embirração pessoal sem nenhum juízo político subjacente. Essa é a primeira. A segunda é que o acho um primeiro-ministro voluntarioso e incompetente, ou seja, perigoso (os magalhães, simplexes, e afins, revelam uma mente política com a qual não me identifico). A terceira é que não gosto do número de casos estranhos em que Sócrates se viu envolvido, com a licenciatura, o freeport e os projectos na Guarda à cabeça. É verdade que, até ver, Sócrates não está judicialmente envolvido em nenhum dos casos, mas ninguém me pode proibir de o considerar uma pessoa sem carácter e totalmente desprovido de virtudes públicas. Estas são as três razões que me fazem querer a sua rápida substituição do cargo que ocupa, porque acho que o cargo que ocupa deve ser ocupado por alguém que merece da parte do povo algum respeito e admiração. Comparado com isto, esta história da tentativa de controlo da comunicação social parece-me um pecado menor, e o seu empolamento na, lá está, comunicação social parece-me que se deve ao facto de esta ser uma uma alegada falcatrua que mexe com os jornalistas. E é algo paradoxal que todas estas reclamações contra o fim da liberdade de expressão fluam tão livremente nos meios próprios da liberdade de expressão. Não quero com isto menosprezar a gravidade dos supostos actos de Sócrates, nem a falta de dignidade deste conjunto de intervenientes menores (os penedos e os varas); quero apenas lembrar que Sócrates há muito que tem razões para ser afastado do lugar de primeiro-ministro. Tentar calar a Manuela Moura Guedes não é certamente a mais forte delas.