quinta-feira, 8 de julho de 2010
Viva a Espanha
Desculpem lá, mas estava-se a ver. Eu gosto muito desta selecção alemã, gosto, sobretudo, dos miúdos - do Özil, do Khedira, do Mueller - como sempre gostei do Podolski e do Schweinsteiger, mas não se pode construir uma selecção campeã do mundo às costas de uma selecção campeão do mundo em sub-21 (falta acrescentar o Neuer e o Boateng). Muito provavelmente, esta geração irá ser campeã da europa em 2012 e chegará à final em 2014 (onde perderá pela margem de um golo contra o Brasil, num penalti muito duvidoso sobre o Neymar), mas este ano tinha de ser mesmo da Espanha. Gosto muito de ver a Espanha jogar. Gosto muito daquela circulação de bola e não concordo nada com os que a criticam: o problema da aparente falta de eficácia daquela circulação de bola nasce da atitude de qualquer adversário (Portugal, Paraguai, Alemanha) que dá por dado adquirido a sua inferioridade e se limita a aguardar por um erro espanhol. Mas aquilo que as equipas de Mourinho conseguem - transformar a ausência de posse de bola numa vantagem psicológica - mais ninguém consegue, e com o passar dos minutos começa a instalar-se uma sensação de inevitabilidade: mais cedo ou mais tarde o golo vai aparecer, nem que para isso tenha de lá ir o defesa central cabecear a bola. Aquele lance do Pedro no final do jogo (peço desculpa por ter dito em tempos que achava o Pedro um bom jogador), desperdiçando de uma forma absolutamente distrital o segundo golo que mataria o jogo, poria qualquer selecção num estado de nervos incapaz de evitar o empate. E se anteontem quase que acreditámos que o Uruguai iria chegar ao terceiro, nem por um momento alguém acreditou ontem que a Alemanha iria marcar um golo que fosse. Gosto muito da forma de jogar da Espanha, e acho que esta selecção representa tudo aquilo que o futebol deveria ser. E, obviamente, acho que seria um grande serviço ao desporto a Espanha ser campeã do mundo: provaria que se pode ganhar coisas a jogar bonito, algo extremamente necessário depois daquilo que se passou com o Inter este ano. O problema não está na existência de uma equipa que consegue ganhar tudo sem ter a bola, está no conjunto de equipas menores que decidem emular um estilo de jogo para o qual não têm talento.