quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tango

Isto também é o tempo a passar, as coisas a mudarem sem darmos por isso: descubro, com o patrocínio das redes sociais, que um ex-colega de curso é agora bailarino de tango, imagino que profissional, na Holanda, como num daqueles filmes com o Richard Gere em que as personagens decidem mudar de vida e mudam mesmo, não é como na chamada vida real, onde as pessoas decidem mudar de vida mas não mudam nada. Não sei se ele decidiu, não sei se foi apenas uma coisa que lhe aconteceu, mas estar a dançar o tango na Holanda como modo de vida é uma coisa que impressiona, até os duros de coração têm de reconhecer. Um dia vou chegar à meia-idade e vai acontecer-me aquela crise em que olhamos para trás e pensamos o que teria sido de nós se tivéssemos decidido largar o escritório e ir dançar o tango para a Holanda, não que no meu caso a fantasia seja dançar o tango, não gosto de dançar, seria outra coisa que agora não me ocorre mas que me ocorrerá quando chegar aos 50, e fico com a sensação de que aquele meu ex-colega de curso não vai ter uma crise de meia-idade, ou se a tiver será uma crise ao contrário, olhará para trás e pensará o que teria sido da vida dele se tivesse largado o tango e ido para um escritório, trabalhar das 9 às 19, à frente de um computador, será uma crise de meia-idade sem graça nenhuma, agora que penso nisso.