terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O maior (2)

Ronaldo foi o último ponta-de-lança, o último avançado centro. Agora já não há avançados centro, já não há pontas-de-lança; os foras de série são ou números dez, ou extremos, ou segundos avançados. Foi o melhor que vi jogar e ainda vi jogar alguns dos melhores. A puta da lesão, perdão, as putas das lesões tentaram impedir que Ronaldo entrasse para a história como o melhor de sempre, mas eu acho que não conseguiram: nunca outro jogador concentrou tanta habilidade para marcar golos e talento para deslumbrar pelo caminho. Ele era um jogador fisicamente improvável, mesmo antes de engordar: tinha a velocidade e a força de Cristiano Ronaldo e a leveza e capacidade de jogar em dois centímetros quadrados de Messi. Dos jogadores que vi jogar apenas ele e Zidane me chegaram como argumentos para a geração do meu pai, que viu jogar Pelé e Eusébio e a selecção de 84. E depois fazia tudo com alegria, mesmo com os joelhos todos fodidos. Quando o meu filho me vier falar seja de quem for, Ronaldo vai ser a minha primeira arma de desqualificação geracional: no meu tempo é que era. Graças ao Ronaldo.