terça-feira, 16 de outubro de 2007

A Europa



(...) Houve tempo em que o referendo não era decisivo, hoje é. Hoje é, porque, todas as vezes que se leva um documento aprovado pelos governos a voto referendário, ele, ou passa à tangente, ou é recusado. Isso criou um ponto sem retorno que torna obrigatória a legitimação do processo por via referendária. Não é um problema legal, é um problema político. (...)

Este parágrafo de Pacheco Pereira, apesar das vírgulas, é da maior importância. Há dias perguntava à minha mulher se ela achava que os gajos se estavam a preparar para aprovar o novo tratado sem referendo - nós falamos destas merdas, e muito mais, somos pessoas extraordinariamente interessantes - e ela respondeu-me, sem hesitar, «claro que sim». Ora isto é nojento e demasiado socrático para ser verdade. A Europa é muito bonita, paz e tal, multiculturalismo e fronteiras abertas. Tudo bem. Mas a Europa precisa de europeus que gostem da Europa. E se esta merda continua assim, ainda acaba tudo na Bastilha.