domingo, 28 de outubro de 2007
Óscar Cardozo
O Tiago Galvão vai aparecer na Atlântico. Espero interessadamente, embora ligeiramente preocupado com uma inquietação inevitável: poderá o Tiago sofrer do já conhecido como «síndrome de maradona»?. Quando o maradona começou a escrever para o papel notou-se uma falta de entrosamento com o meio, facto a que a ausência do palavrão não será alheia. Sem o palavrão, naqueles difíceis primeiros tempos numa nova equipa, o maradona parecia um jogador sul-americano recém-chegado à Europa: vinha avisado de que o jogo era diferente e tentou adaptar-se, prostituindo a sua maneira de jogar, sem que os resultados tenham aparecido. As suas crónicas do mundial foram um bom exemplo disso. Com o tempo, tal e qual o Cardozo, percebeu-se que o maradona estava a assentar o jogo, jogo a jogo, e hoje já poucos se lembram que nem sempre o maradona apresentava o talento que o permite, por exemplo, atacar as incoerência do discurso anti-ecologista de Rui Ramos com brilhantismo. «O maradona dos jornais», falava-se, «não é tão bom quanto o maradona do blogue». Nuvens negras cobriam o céu, o ar tornava-se pesado e as pessoas apressavam-se para casa. Não foram tempos memoráveis. Agora que o Tiago vai começar o mesmo caminho é inevitável que se especule. Irá ter sucesso sem a palavra «mamas»? Ou irá escrever sobre «mamas de pretas»? Irá vingar num mundo onde a masturbação ainda é tabu? Ou irá escrever sobre a masturbação? Estamos cá para ver, mas por agora a única atitude decente a fazer é endereçar os nossos parabéns e agradecimentos ao Paulo Pinto Mascarenhas, esse grande olheiro.