sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Bom Natal

Sem tempo, melhor, organização, que me permita a mais, deixo, em jeito de «Bom Natal» geral, um texto escrito no ano passado, escrito sobre esta imagem, que me parece adequado dado o frenesim laico de não agressão inter-religiosa que põe toda a gente a falar de solstícios. Bom Natal.



(...) Teologicamente desfasado com o calendário, este quadro de Mantegna é no entanto exageradamente táctil. Apresenta-nos um corpo deitado, inerte. Um homem morto que é chorado por duas pessoas, um homem e uma mulher, que em nada se anunciam como Maria e S. João. A importância dada ao corpo é invocada pela perspectiva que, ao dificultar o trabalho da proporção na definição do corpo humano, prende-nos nos pormenores que nos surpreendem (e terão surpreendido muito mais em 1480). A invulgaridade desta pessoa é-nos sugerida pela sua boa forma física: em todos os aspectos é um corpo quase ideal que aqui vemos. Se excluíssemos as chagas e o contexto, veríamos uma imagem da finidade humana, da sua extrema e imprevisível fragilidade, da morte como fim natural de todos nós. Não é um velho ou um doente que morre mas um homem no auge da sua vida. E é ao acentuar os ossos e a carne de Cristo, bem como a relativa indiferença com que representa o choro de Maria e S. João, que Mantegna nos assola com o choque do real e retira Cristo da distância institucional que a sua condição muitas vezes cria. Esta dimensão irreal de Cristo é acentuada no Natal, onde o homem é passado a menino. O Natal celebra quase um acontecimento abstracto e utópico, um ideal de amor humano que encontra na criança a metáfora perfeita. Mas o Natal é o nascimento de um homem que, apesar de dividir todos os outros acerca da sua condição divina, mudou o mundo. Não sei se isso é o suficiente para o deificar, mas sei que é o suficiente para o recordar. Ano a ano, no Natal. E o resto é palha.

a 27 de Dezembro do ano passado

Da quadra

Don't be a coconut,
God is trying to talk to you

The Strokes, «Ask Me Anything»

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Em revista

Quero, já agora, também dar os meus prémios blogosféricos 2006. É muito simples:

Prémio Melhor Blogue: Diário
Prémio Melhor Blogue: A Causa Foi Modificada

Não, não é uma gralha. É um ex aequo. Para o ano há mais.

Regresso, enfim

Só por distracção não tinha percebido que o Vasco Barreto agora escreve no Caderno I. Não percebo, o Memória Inventada era melhor em tudo (o suporte, não o conteúdo), mas cada um faz o que quer à sua vida. Há, inclusivamente, uns que se casam. Só para termos uma noção.

Big MEC*

O José Mário Silva postou a entrevista com o Miguel Esteves Cardoso. Ide lá todos agradecer-lhe, que só vos fica bem.

*Às vezes temos de ser foleiros. Sim, o trocadilho é de muito mau gosto, mas, que querem, estive a olhar para os sapatos do Tiago Cavaco.

Há verdades que têm de ser ditas

O Tiago Cavaco tem mau gosto para sapatos. Redime-o o facto de o assumir implicitamente, ao revelar, sempre e sem excepção, o preço do que vai comprando, como que a dizer «mas foram baratos». A evangelização não vem bem calçada.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

To be great is to be misunderstood



Este livro, para além de ser a coisa mais interessante que comprei em lojas de museus (na do Guggenheim, fotos do edifício descascado para obras em breve, me aguardem), é muito instrutivo. Por exemplo, acabo de descobrir que o primeiro emprego que Frank Lloyd Wright conseguiu, após uma semana em Chicago a bater à porta de ateliers, foi através de uma cunha (apesar de na sua autobiografia dar uma versão diferente do acontecimento, o que só dá mais graça ao facto.)

Alteração de morada e de estado civil

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Merda

Já passa das seis da tarde e acabo de descobrir que o José Mário Silva entrevista o Miguel Esteves Cardoso na edição de hoje do DN. Ainda haverá quiosques abertos?

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Something old

Mudar de blogue depois do casamento seria dar demasiada importância à coisa (o blogue).

Contudo haverá novidades. Por enquanto fica tudo a passo de caracol, mas estamos de volta.