terça-feira, 9 de setembro de 2008

Bernardo Mota

Quando Bernardo Mota disse «o problema neste ponto foi que Federer não flectiu as pernas», percebi que todo o esforço dos nossos antepassados para construir aquilo a que chamamos «civilização» poderá ter sido em vão. A verdade é que Murray esgotou-se contra Nadal, e o dia a menos de descanso não terá sido alheio ao resultado de ontem. Pode também especular-se sobre o resultado do hipotético encontro entre Nadal e Federer, e não escandalizará ninguém admitirmos que a vitória poderia ter caído para o tipo de Maiorca. Apesar disto tudo e também do Bernardo Mota, Federer já avisou que não quer parar nos 13, mesmo se o comentador do Eurosport acha que «infelizmente, os patrocinadores do US Open intervêm muito na cerimónia dos prémios».

Devo precisar: o que é «intervir muito, infelizmente»? O comentário foi produzido quando uma directora da Lexus entregou a chave de um carro que Federer acabara de ganhar, forçando assim, infelizmente, Federer a, infelizmente, agradecer o gesto e, infelizmente, mostrar satisfação por, infelizmente, ter acrescentado, infelizmente, um Lexus à sua colecção. Eu próprio fiquei infeliz, o Bernardo Mota ficou infeliz, mas não há registo de que a única pessoa com razões para ter ficado infeliz - Andy Murray, obviamente por não ser ele a levar o Lexus para casa - tenha experimentado a infelicidade.