domingo, 27 de setembro de 2009

Continuaremos pobres, mas vamos passar a ter uma alternativa mais cara e mais demorada para a ligação a Madrid

Uma das conclusões mais politicamente relevantes da noite nasce do facto de os 3 vencedores da noite - Sócrates, Portas e Louçã - serem os mais telegénicos dos candidatos. Não é necessário fazer desta uma questão moral: as coisas são o que são, e será até ingenuidade política desconsiderar este aspecto no futuro. Manuela Ferreira Leite e Jerónimo de Sousa não contam entre as suas qualidades a capacidade de seduzir os meios de comunicação social e sofreram as consequências disso.

Também não quero com isto atribuir a derrota do PSD de Manuela Ferreira Leite a uma certa inaptidão comunicativa: pode não ter passado a mensagem toda, mas passou grande parte dela e o país foi taxativo a recusá-la. E mais uma vez se mostra que as lideranças à direita no PSD não costumam ser bem sucedidas. O caminho da vitória do PSD é sempre o centro e o centro-esquerda (Cavaco e Durão), o que torna difícil a tão afamada clarificação ideológica do partido de Sá Carneiro.

Para além do voto do centro, o PSD também perdeu algum voto à direita para o CDS, que se assume como um dos poucos consolos da noite: ficar à frente do Bloco de Esquerda transforma o partido numa hipótese para entendimentos parlamentares com o PS, fragilizando assim a hipótese albanesa de ter Louçã no governo.

E vamos ver como lidará Sócrates com um governo sem maioria. Provavelmente vai, mais uma vez, vestir uma nova pele e assumir uma nova voz.