quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Roger Phaedo
O primeiro parágrafo de Shallow Graves é um convite relativamente bélico de James Wood a Paul Auster para que este deixe de escrever romances. O objectivo é claro: acabar de uma vez por todas com a produção de romances de Paul Auster. Ir à fonte rebentar com as reservas. Plano A. Mas, imaginemos, Paul Auster lê a New Yorker desta semana (contagem minha) e sobrevive. Chega então o Plano B, que se inicia imediatamente após o primeiro parágrafo: o mesmo bombardeiro que acabara de rebentar com os bunkers de coincidências e onomásticas metafóricas dá meia volta e vem dinamitar qualquer hipótese que o leitor ainda tem de vir um dia a apreciar um romance de Paul Auster. Para terem uma ideia do grau richter da coisa, isto é um elogio: «Although there are things to admire in Auster’s fiction, the prose is never one of them.» O resto é Wood a explicar-nos que simplesmente já não há condições para gostarmos da ficção de Paul Auster, verdade que, sem sabermos muito bem se por adesão à tese se por mera constatação da superioridade do adversário, acabamos por aceitar sem oferecer resistência.