sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Meritocracia

Sobre esta história toda da avaliação dos professores será imprudente da minha parte fazer qualquer tipo de juízo dado o meu desconhecimento dos contornos da coisa. Portanto, cá vai. Sou explicitamente a favor da avaliação dos professores. É-me razoavelmente indiferente se este modelo é bom ou não, apesar de estar totalmente de acordo com a dra. Manuela Ferreira Leite, que diz que não é. A questão central é a existência - pura e dura - da avaliação. Os professores, como toda a gente, desde os administradores do BPN até aos almeidas da câmara, têm de ser escrupulosamente avaliados, têm de ser remunerados e promovidos segundo essa avaliação, têm de ser contratados e despedidos segundo essa avaliação, têm de ser vaiados ou aplaudidos segundo essa avaliação. Qualquer avaliação que funcione deixará uma parte dos visados descontente, senão mesmo todos. Estas manifestações todas que têm simpaticamente entupido o meu bairro (embora o senhor vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado, tenha dito naquela coisa por Lisboa no S. Luiz que «a Baixa não é um bairro») são a prova de que alguma coisa estará a funcionar. Estas merdas doem. Têm de doer num sistema demasiado encostado ao lirismo de uma certa ideia de liberdades e garantias, ou lá o que é. Há muita coisa que fazia sentido em 1976 e que já não faz nos dias de hoje. Em crianças usamos fraldas, dão jeito, mas a partir de uma certa idade o seu uso começa a ser desaconselhado. Isso deveria ter acontecido aí em 1981, mais coisa menos coisa. Que a situação se tenha arrastado até agora só prova que a nossa democracia se aparenta a um adolescente - bêbado, mal vestido, demasiado convencido das suas certezas - de fraldas. É uma coisa sem pés nem cabeça. Sou a favor da avaliação desta coisa toda, até porque considero que o que esta merda devia ser era uma meritocracia.