quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Battlestar Galactica



Tudo se passa num «futuro distante». A raça humana colonizou o espaço, mais precisamente 12 planetas que apelidou de, err, colónias. Essas colónias têm nomes aparentadas dos signos do zodíaco. A Terra, essa, desapareceu da história e transformou-se num mito religioso. O sistema monoteísta foi substituído por um sistema politeísta («may the Gods help you»). Uma sub-espécie foi criada, os «Cylons». Essa sub-espécie desenvolveu-se e, surpreendentemente, «revoltou-se». Houve um ataque massivo e quase toda a espécie humana foi dizimada. Restaram 50 mil almas que conseguiram fugir para o espaço e vivem em naves que fogem constantemente dos Cylons. Para fugir teletransportam-se («saltam») para coordenadas distantes. Há uma presidente, há uma hierarquia militar estabelecida, há imprensa, há bares, há putas, há tudo. Para ajudar à festa, as personagens são incoerentes, os diálogos frequentemente embaraçosos, e as explosões deixam a desejar.

Daqui só poderia ter saído uma série merdosa. Não saiu. Não saia daí. Eu explico.

As coisas tornam mais interessantes. Os Cylons ganharam a capacidade de reproduzir modelos de seres humanos que são indistintos dos seres humanos, mesmo quando submetidos a análises médicas. Os Cylons, por outras palavras, andam entre nós. Se Battlestar Galagtica fosse a típica série de ficcão científica - ursos que falam, homens verdes, apertos de mão esquisitos - os Cylons seriam todos maus e esquisitos. Mas Battlestar Galagtica não é uma típica série de ficção científica: os Cylons humanóides são emocionalmente complexos e apaixonam-se por humanos. Os humanos, que não sabem que aqueles Cylons são Cylons, apaixonam-se pelos Cylons que - e aqui é que as coisas se tornam interessantes - também não sabem que são Cylons. E de repente o ponto de interesse numa série de ficção científica não são as naves e os planetas e as explosões mas é o amor - um amor que se passa em naves e planetas distantes e durante explosões mas ainda assim o amor. Mas não só. Os Cylons - que maravilha das maravilhas -, contrariamente aos humanos, são monoteístas, acreditam num deus único. E depois há umas eleições, e o sistema democrático é posto em causa, e...

Enfim. Better than The Wire? Não sei. Mas que é a melhor coisa que vocês podem ver depois do The Wire, isso ó meus amigos é certo.