- Boa tarde.
- Boa tarde, o meu nome é X. Estou a falar com o arquitecto A?
- Não, o meu nome é B.
- Ah, é arquitecto?
- Sou sim, diga.
- Olhe, eu estou a ligar da empresa Y no sentido de poder fazer uma apresentação de uma nova série de produtos que são do interesse do senhor arquitecto, na medida em que a nossa empresa celebrou agora um protocolo com a Ordem dos Engenheiros [sic].
- Que produto, desculpe, não percebi?
- Bom, isto é uma nova linha de produtos que visam dar resposta a uma série de questões levantadas pela sua ordem profissional, que são específicas da sua área e que serão do vosso interesse.
- Vai-me desculpar, mas eu ainda não percebi que tipo de produto se trata.
- Bom, estou a ligar de uma companhia de seguros, portanto tratar-se-á de produtos na área dos seguros.
- Ah, seguros. Não tinha percebido.
- Assim, gostaria de marcar uma ida ao vosso escritório para fazer uma pequena apresentação para enquadrar a proposta.
- Está bem.
- Pode ser amanhã às 5?
- Não.
- E às 2.30?
- Pode.
- Já agora, pode dizer-me o seu nome completo?
- Já lhe disse. É B.
- Completo, preciso do seu nome completo.
- Para quê?
- Por causa aqui da ficha. E da sua data de nascimento.
- A minha data de nascimento?
- Sim.
- Para quê?
- Para podermos enquadrar a proposta.
- Mas a proposta não será para mim, será para o arquitecto A, logo a minha data de nascimento não é relevante.
- A proposta será para o arquitecto A, mas o senhor arquitecto poderá vir a usufruir dela.
- Eventualmente. Também posso ir jantar hoje à noite com o presidente Chávez.
- Ok. Já agora, podia dar-me o seu contacto pessoal?
- Desculpe?
- O seu contacto pessoal.
- Bom, o senhor tem este número para onde ligou.
- Mas eu preciso do seu contacto pessoal, no caso de acontecer alguma coisa.
- Neste número há sempre gente contactável, e mesmo que o presidente Chávez venha a Portugal não acho que tenhamos necessidade de voltar a falar.
- Com certeza. Até amanhã então.
- Boa tarte.