quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Como não sou
Se eu fosse do Sporting, como diria o Joel Neto, e tivesse estado ontem o Sporting em campo frente ao A.C. Milan e tivesse o jogo decorrido tal e qual decorreu ontem, então este seria um post de resignação orgulhosa, de transferência de culpas para um fatalismo sobrenatural, de elogios desmedidos aos «nossos rapazes». Porque a verdade é que o A.C. Milan foi ontem vulgarizado pelo Benfica. Tirando os primeiros 15 minutos, onde, de facto, a coisa se enegreceu, a equipa transalpina (toda uma carreira como comentador desportivo que me passou ao lado) foi um conjunto de homens embasbacados com Maximiliano Pereira. Não estava Inzaghi, facto, e não estava Ambrosini, facto, mas estava o trio maravilha - Pirlo, Seedorf e Kaká - como sempre carregado às costas pelo outro trio maravilha - Gennaro Ivan Gattuso. Ora, Pirlo pareceu o tempo todo o Hugo Viana a mandar bolas lá para a frente; Gattuso apresentou-se em campo com a velocidade do Miguel Veloso e a garra do Nuno Gomes; Kaká, enfim, Kaká e Seedorf nunca jogam mal, mas a verdade é que foi só depois da saída de - vénia, vénia, hossanas, vénia - David Luiz que Kaká apareceu isolado à frente de Quim. Nunca tinha visto tamanha diferença de qualidade entre uma equipa portuguesa e uma italiana, e estou a incluir o jogo do Porto de Jardel em San Ciro, 3-2 para o Porto, bis de Jardel e golo de Artur, se não me falha a memória. Se eu fosse do Sporting, estaria hoje falsamente desiludido e verdadeiramente exultante, colocando mais uma cruzinha na tabela das vitórias morais e elevando David Luiz a melhor defesa central do século - que é. Como não sou, puta que pariu o Nuno Gomes.