segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Da chapada como catalisador literário
Nunca agredi fisicamente ninguém (a não ser os meus irmãos, mas eu era o mais velho e precisava de estabelecer os limites da reserva territorial) mas já fui agredido. Aconteceu uma vez: não garanto que estava sóbrio e o murro de mão fechada do indivíduo que eu acusara - justamente - semanas antes de me ter roubado um boné - um boné, graças a Deus que a adolescência só se vive uma vez - foi o suficiente para me deixar estatelado no chão. Sou cristão, perdoei-lhe, mas não sou parvo e a outra face ficou intacta. Mantive a dignidade, mas posso ter hipotecado uma carreira brilhante: lendo a entrevista de Lobo Antunes ou os obituários de Norman Mailer percebo que não tenho futuro na literatura.