quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os animais

Eu vou passar a citar, na íntegra, as afirmações de Paulo Rangel que indignaram os animais o blogue da Associação Animal:

- “Não faz sentido haver um Dia do Cão.”
- “Também não [faz sentido haver um Dia dos Animais]”.
- “Um cão nunca deixa de ser um cão. Trocaria a vida do meu cão pela vida de qualquer pessoa em qualquer lado do mundo, mesmo não a conhecendo. Uma pessoa vale sempre mais do que um animal.”
- “Os animais merecem protecção mas não são titulares de direitos.”
- “Não são eles que têm esse direito [de ser bem tratados e protegidos]. Nós é que temos essa obrigação.”
- “Para mim essa é uma concepção errada [a de que os animais devem ter direitos]. Acho que só as pessoas devem ser titulares de direitos.”
- “Os animais [também sofrem], mas não sofrem como nós.”
- “
A caça ou as touradas, enquanto tradições com determinadas características e determinados limites, são toleráveis. Fazem parte da Cultura.”
- “Muitas tradições não acabaram e estas [caça e touradas] são daquelas que para mim não devem acabar.”
- “Faço uma separação ontológica entre as pessoas e os animais.”
- “Num contexto cultural devidamente integrado, certas tradições [como a caça e as touradas] – ainda que possam chocar algumas pessoas – são admissíveis. É a minha posição.”
- “Não sou contra [a exibição de touradas na RTP].”
- “Desde que devidamente contextualizado [a transmissão de touradas pela RTP, televisão do Estado, expondo as crianças à violência contra os animais], não vejo nisso qualquer problema.”
- “A menos que esteja em causa a extinção de espécies, não acho mal [utilização de peles para confecção de vestuário].”
- “A dignidade humana é um valor superior ao da dignidade dos animais. O Homem é ontologicamente diferente dos restantes animais.”


Estou absolutamente solidário com os animais a Associação Animal. É absolutamente inaceitável que se trace uma linha divisória entre o Homem e o Animal. Este tipo de atitude é discriminatória, e revela preconceitos conservadores que infelizmente ainda estão bem presentes na nossa sociedade. O facto de ainda não ser reconhecido em Lei o casamento entre um casal de espécies diferentes revela bem o «estágio pré-científico» em que vivemos. Está provado, há muito, que 98% do ADN do ser humano é semelhante ao ADN do chimpanzé, e infelizmente parece que são esses 2% que estão a prevalecer sobre os restantes 98%, o que revela o afastamento do comportamento democrático destas questões. E a Igreja Católica tem mantido um silêncio ensurdecedor sobre estas matérias, escondendo assim o incómodo que é o imperativo moral estabelecido no Livro do Génesis - o episódio Noé. Que o líder parlamentar de um partido que se diz «de poder» afirme coisas como «A dignidade humana é um valor superior ao da dignidade dos animais» deixa-me entristecido por ser português. Mais, deixa-me entristecido por pertencer à espécie humana.